22 Setembro 2025
"O apelo, no entanto, - esclarecem os signatários - não tem a intenção de dividir, mas de unir. Eles rejeitam preventivamente qualquer acusação de antissemitismo ('denunciamos a instrumentalização do nome de Deus', criticamos 'as escolhas políticas de Israel, não o povo judeu') e esclarecem os objetivos da mobilização: rezar por 'uma paz desarmada e desarmante', "denunciar o genocídio em curso em Gaza, as violências injustificadas contra a população' e 'o apartheid em vigor há mais de 70 anos em todos os Territórios palestinos ocupados, exigir respeito ao direito internacional, às resoluções das Nações Unidas e aos pronunciamentos do Tribunal Penal Internacional'", escreve Luca Kocci, jornalista, em artigo publicado por Il Manifesto, 21-09-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Eis o artigo.
Em Gaza, as forças armadas israelenses estão cometendo o "genocídio do povo palestino", nos Territórios ocupados vigora um verdadeiro "sistema de apartheid": precisam ser detidas. Esse é o apelo da rede "padres contra o genocídio", que — apesar do misterioso sumiço de sua conta pelo Google por algumas dezenas de horas — coletou 1.200 assinaturas em uma semana de padres, religiosos e alguns bispos, uma centena dos quais se reunirá na Piazza del Quirinale amanhã, às 15h, primeiro para um momento de oração na vizinha Igreja de Sant'Andrea e depois para uma marcha até a Piazza Sant'Ignazio, bem próxima do Palazzo Chigi e do Montecitorio. Eles também pedirão ao governo e ao Parlamento "a suspensão da venda de armas para aqueles que cometem crimes contra civis", ou seja, Israel, e lembrar a existência do Artigo 11 da Constituição.
Trata-se de uma iniciativa vinda da base, apoiada por padres e religiosos de mais de 30 países (entre os quais o cardeal salesiano Cristóbal López Romero, arcebispo de Rabat, e o superior-geral da Congregação dos Missionários Xaverianos, padre Fernando Garcia Rodriguez), embora a maioria seja italiana: alguns nomes conhecidos, como o padre Ciotti, o padre Zanotelli e o padre Capovilla, os bispos Nogaro, Mogavero e Ricchiuti (presidente da Pax Christi), mas sobretudo muitos párocos e vice-párrocos.
As palavras usadas são claras: "genocídio" e "apartheid", superando assim as prudências vaticanas: no livro-entrevista com a jornalista Elise Ann Allen, recém-publicado no Peru, Leão XIV recomendou cautela no uso do termo genocídio (mas também Bergoglio o tenha usado em sentido de dúvida), e o cardeal secretário de Estado Parolin declarou que os padres "evidentemente encontraram razões para usar essa definição, mas por enquanto não o fizemos, precisamos estudar".
O apelo, no entanto, - esclarecem os signatários - não tem a intenção de dividir, mas de unir. Eles rejeitam preventivamente qualquer acusação de antissemitismo ("denunciamos a instrumentalização do nome de Deus", criticamos "as escolhas políticas de Israel, não o povo judeu") e esclarecem os objetivos da mobilização: rezar por "uma paz desarmada e desarmante", "denunciar o genocídio em curso em Gaza, as violências injustificadas contra a população" e "o apartheid em vigor há mais de 70 anos em todos os Territórios palestinos ocupados, exigir respeito ao direito internacional, às resoluções das Nações Unidas e aos pronunciamentos do Tribunal Penal Internacional". A intenção é ir além da manifestação de amanhã para sensibilizar o povo católico das paróquias, colaborando com as realidades cristãs e de outras religiões empenhadas com a paz e a justiça.
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