21 Mai 2025
A violência, os sequestros, as doenças, os assassinatos… tudo isto continua a aumentar no Haiti e atingiu uma magnitude à qual a comunidade internacional não pode permanecer indiferente, alerta o Conselho Mundial de Igrejas (CMI). “Juntamo-nos ao embaixador do Haiti na ONU, Ericq Pierre, lamentando que o país esteja a morrer lentamente”, pode ler-se no comunicado que acaba de ser divulgado pelo organismo que representa mais de 340 igrejas e denominações cristãs em todo o mundo.
A informação é publicada por 7Margens, 19-05-2025.
“Só no primeiro trimestre de 2025, pelo menos 1.617 pessoas foram mortas e outras 580 ficaram feridas na sequência das ações de gangues e grupos de autodefesa, e durante operações das forças de segurança, e pelo menos 161 sequestros com pedido de resgate foram registados”, refere o comunicado do CMI, citando dados das Nações Unidas.
“A ONU alertou sobre as pelo menos 802 pessoas mortas durante operações de segurança, 20% delas civis. Além disso, 65 execuções sumárias foram supostamente realizadas por agentes de polícia e pelo Comissário do Governo de Miragoâne [comuna do Haiti]. Mais 60 mil pessoas foram deslocadas, somando-se ao milhão de haitianos já forçados a deixar as suas casas até o final de 2024”, acrescenta o texto.
Além disso, o CMI assinala que pelo menos 39 unidades de saúde e mais de 900 escolas fecharam devido à insegurança no país. Surtos de cólera estão a espalhar-se e a violência sexual e de género está também a aumentar, especialmente em locais onde se concentram os deslocados, e onde “há grave carência de abrigo, saneamento e proteção”.
Ainda segundo dados da ONU, foram registados 347 incidentes de violência sexual e de género em cinco meses. Pelo menos 35 crianças foram mortas e outras dez ficaram feridas durante ataques de gangues, operações policiais ou atos de justiceiros. Muitas também foram traficadas e recrutadas à força pelos gangues.
A somar à grave situação vivida no país, houve “uma grande escalada nas deportações de haitianos pela vizinha República Dominicana, com cerca de 20 mil pessoas deportadas somente em abril”. O CMI lamenta, em particular, o aumento acentuado no número de deportados “extremamente vulneráveis”, nomeadamente mulheres, crianças e recém-nascidos. “Recentemente, a República Dominicana deportou dezenas de mulheres grávidas, puérperas e crianças de volta ao Haiti, devastado pela crise, como parte da repressão à imigração ilegal”, afirma o comunicado.
E termina com um apelo: “Instamos todos os membros da [comunidade internacional] a lembrarem-se do Haiti e do terrível sofrimento do seu povo. Apelamos a todos os Estados para que aumentem o apoio à Missão de Apoio Multinacional à Segurança, como uma questão de urgência e necessidade existencial. Convocamos todas as igrejas-membro do CMI a renovar a solidariedade cristã com o povo do Haiti”.