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04 Abril 2022

 

Se ainda estivesse valendo, em tempos de guerra, o olhar que formamos em tempo de paz, diríamos que as negociações Rússia-Ucrânia, a julgar pelas poucas imagens disponíveis, são os mais desavergonhadas manels (do inglês man + panel), um encontro apenas de homens, dezenas e dezenas, bastante poderosos na aparência, dos quarenta aos sessenta.

 

O comentário é do jornalista, escritor e roteirista italiano Michele Serra, publicado por la Repubblica, 31-03-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.

 

E não estamos no Afeganistão, estamos em um confronto entre dois povos que tiveram pelo menos um pé, durante séculos, na Europa, com todo o respeito a Dugin (o Steve Bannon do Leste) e dos popes belicosos. Uma intérprete abatida é vislumbrada em alguma tomada fugaz, e o efeito é surpreendente, mais ótico que "político", é como ver uma zebra no meio de cem cavalos, ou uma rosa em um milharal.

Foi dito isso em relação às militares curdas, foi repetido para aquelas ucranianas, a coragem e a determinação não têm gênero. Mas o poder é evidente que sim, tem um gênero, e se a guerra também se abriu para o sacrifício físico das mulheres, na mesa de negociações não há nem sombra de uma mulher, nem entre os russos nem entre os ucranianos (aqui está um “nem nem” que talvez me seja perdoado pelos guardiões da correção bélico-política).

Gostaríamos de lembrar, portanto, enquanto o clube privado do machismo eslavo celebra a si mesmo, pelo menos duas mulheres exemplares, ambas rebeldes: Anna Politkovskaja, assassinada por ter escrito sobre os massacres de Putin na Chechênia, e Marina Ovsyannikova, que apareceu num noticiário para denunciar as mentiras impostas pela censura de guerra. Como seria bom se uma mulher aparecesse à mesa de negociações, perguntando aos senhores presentes se seria possível levar em conta, de alguma maneira, também o fato de que a guerra, embora seja um esporte masculino, tem importantes repercussões também sobre as mulheres e as crianças.

 

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