08 Outubro 2020
De 11 a 17 de outubro, na Semana de Ação das Igrejas pela Alimentação, denominações de diferentes tradições querem encorajar as pessoas a “voltarem ao básico”, além de promoverem a produção local de alimentos agroecológicos.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
No Dia Mundial da Alimentação, 16 de outubro, sob o tema “Cresça, Sustente Juntos”, igrejas enfatizarão que a fome é uma realidade para 26,4% da população mundial, e que com a produção de alimentos, hoje, daria para alimentar o dobro da população da Terra.
“Erradicar a fome e garantir nutrição adequada não é, na verdade, aumentar a produção de alimentos”, assinala o material que as igrejas receberam sobre a Semana. Dois bilhões de pessoas experimentam níveis moderados ou graves de insegurança alimentar, informa o serviço de imprensa do Conselho Mundial de Igrejas (CMI).
A covid-19, com mais de 35 milhões de casos relatados no mundo e mais de 1 milhão de vidas perdidas pela doença, o acesso a alimentos e meios de subsistência agravou-se ainda mais. “Se não há trabalho, não há comida”, disse a integrante da Rede Ecumênica de Defensores da Deficiência, Celine Osukwu. A pandemia afetou 60% da força de trabalho mundial – 2 bilhões de trabalhadores, a maioria na África Subsaariana – que estão “se virando” em atividades informais.
Se em 2019, 135 milhões de pessoas viveram em insegurança alimentar aguda, estimativas indicam que esse número deverá passar para 265 milhões em 2020. Outra estimativa indica que mais de 140 milhões de pessoas viverão na pobreza extrema, com menos de 1,90 dólar por dia (cerca de 10,50 reais) neste ano.
Ainda assim, “pessoas de fé, profundamente enraizadas em suas comunidades, estão respondendo heroicamente à crise”, destacou Osukwu. Ela lembrou a multiplicação de pães e peixes, quando Jesus alimentou uma multidão de pessoas que o seguiam. “Não temos desculpas, a não ser responder a esta crise juntos, compartilhando o que temos, na fé, para garantir que todos sejam alimentados, não deixando ninguém para trás e sem desperdício de comida”.
Entre um terço e metade da produção de alimentos para consumo humano é desperdiçado devido à falta de infraestrutura de armazenamento e distribuição, também por práticas de varejo e consumo inadequadas.
Leia mais
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“Voltar ao básico”, chamamento das igrejas na Semana pela Alimentação - Instituto Humanitas Unisinos - IHU