02 Janeiro 2023
Na quarta-feira, 28 de dezembro, o Santo Padre Francisco, ao concluir sua saudação em italiano, surpreendeu grande parte do mundo ao comunicar esta notícia triste e dolorosa. O Papa disse: "Quero pedir uma oração especial pelo Papa Emérito Bento, que no silêncio está sustentando a Igreja, lembrando-o, ele está muito doente, pedindo ao Senhor que o console e o apoie neste testemunho de amor à Igreja até o fim.”
A reportagem é publicada por Il Sismografo, 31-12-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
O meu verdadeiro programa de governo é não fazer a minha vontade, não perseguir ideias minhas, pondo-me, contudo, à escuta, com a Igreja inteira, da palavra e da vontade do Senhor e deixar-me guiar por Ele, de forma que seja Ele mesmo quem guia a Igreja nesta hora da nossa história. Em vez de apresentar um programa, gostaria simplesmente de tentar comentar os dois sinais com os quais se representa liturgicamente a assunção do ministério petrino; além disso, ambos os sinais também refletem exatamente o que está sendo proclamado nas leituras de hoje.
Bento XVI - Praça de São Pedro - Domingo, 24 de abril de 2005.
O convite à reconciliação com um grupo eclesial implicado num processo de separação transformou-se no seu contrário: uma aparente inversão de marcha relativamente a todos os passos de reconciliação entre cristãos e judeus feitos a partir do Concílio – passos esses cuja adopção e promoção tinham sido, desde o início, um objetivo do meu trabalho teológico pessoal.
O fato de que esta sobreposição de dois processos contrapostos se tenha verificado e que durante algum tempo tenha perturbado a paz entre cristãos e judeus e mesmo a paz no seio da Igreja, posso apenas deplorá-lo profundamente. Disseram-me que o acompanhar com atenção as notícias ao nosso alcance na internet teria permitido chegar tempestivamente ao conhecimento do problema.
Fica-me a lição de que, para o futuro, na Santa Sé deveremos prestar mais atenção a esta fonte de notícias. Fiquei triste pelo fato de inclusive católicos, que no fundo poderiam saber melhor como tudo se desenrola, se sentirem no dever de atacar-me e com uma virulência de lança em riste.
Por isso mesmo sinto-me ainda mais agradecido aos amigos judeus que ajudaram a eliminar prontamente o equívoco e a restabelecer aquela atmosfera de amizade e confiança que, durante todo o período do meu pontificado – tal como no tempo do Papa João Paulo II –, existiu e, graças a Deus, continua a existir.
Do Vaticano, 10 de março de 2009.
Só examinando com atenção os numerosos elementos que deram origem à crise atual [abusos sexuais] é possível empreender uma diagnose clara das suas causas e encontrar remédios eficazes. Certamente, entre os fatores que para ela contribuíram podemos enumerar: procedimentos inadequados para determinar a idoneidade dos candidatos ao sacerdócio e à vida religiosa; insuficiente formação humana, moral, intelectual e espiritual nos seminários e nos noviciados; uma tendência na sociedade a favorecer o clero e outras figuras com autoridade e uma preocupação inoportuna pelo bom nome da Igreja e para evitar os escândalos, que levaram como resultado à malograda aplicação das penas canônicas em vigor e à falta da tutela da dignidade de cada pessoa.
É preciso agir com urgência para enfrentar esses fatores, que tiveram consequências tão trágicas para as vidas das vítimas e das suas famílias e obscureceram a luz do Evangelho a tal ponto, ao qual nem sequer séculos de perseguição não tinham chegado.
Bento XVI - Praça de São Pedro - 19 de março de 2010, Solenidade de São José.
Após ter repetidamente examinado minha consciência perante Deus, eu tive certeza de que minhas forças, devido à avançada idade, não são mais apropriadas para o adequado exercício do ministério de Pedro. Eu estou bem consciente de que esse ministério, devido à sua natureza essencialmente espiritual, deve ser levado não apenas com palavras e fatos, mas não menos com oração e sofrimento.
Contudo, no mundo de hoje, sujeito a mudanças tão rápidas e abalado por questões de profunda relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e proclamar o Evangelho, é necessário tanto força da mente como do corpo, o que, nos últimos meses, se deteriorou em mim numa extensão em que eu tenho de reconhecer minha incapacidade de adequadamente cumprir o ministério a mim confiado.
Por essa razão, e bem consciente da seriedade desse ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério como Bispo de Roma, sucessor de São Pedro, confiado a mim pelos cardeais em 19 de abril de 2005, pelo qual a partir de 28 de fevereiro de 2013, às 20h, a Sé de Roma, a Sé de São Pedro, vai estar vaga e um conclave para eleger o novo Sumo Pontífice terá de ser convocado por quem tem competência para isso.
Do Vaticano, 10 de fevereiro de 2013.
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Morreu o Papa Emérito Bento XVI - Instituto Humanitas Unisinos - IHU