13 Abril 2021
Longas filas desde a madrugada da semana passada na Plaza de la Revolución em Havana, Cuba. “Todos esperam ser os voluntários escolhidos para a administração experimental da Soberana-2”, escreve o britânico The Economist, relatando o início do ensaio de Fase 3 de uma das cinco vacinas cubanas candidatas à aprovação.
A reportagem é de Adalgisa Marrocco, publicada por Huffington Post, 12-04-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
A Soberana-2, em avançado estágio experimental, pode fazer de Cuba o menor país a produzir uma vacina anti-Covid. Prevê duas doses com 28 dias de intervalo e foi desenvolvido pela estatal de biotecnologia BioCubaFarma. Levará mais alguns meses para o sinal verde oficial.
The Economist faz um balanço sobre a pesquisa de vacina cubana: de acordo com os últimos dados, "seriam 44.000 pessoas vacinadas nos estudos experimentais da terceira e última fase" da Soberana-2. Outras 100.000 doses voaram para o Irã, onde um outro estudo de fase 3 será realizado para reforçar as avaliações científicas. O país do Golfo Pérsico não representa uma escolha casual: de acordo com o que relatou The Lancet em reportagem dedicada à resposta cubana à pandemia, o Irã está em parceria com o estado-ilha para a produção da Soberana-2, desenvolvida pelo Finlay Instituto Cubano (IFV) com o apoio do Instituto Pasteur iraniano.
Se os testes forem bem-sucedidos, Cuba espera poder "produzir 100 milhões de doses até o final de 2021", escreve The Economist. O jornal britânico acrescenta que as eventuais doses não utilizadas pelo estado, que tem 11 milhões de habitantes, serão encaminhadas para os aliados, como a Venezuela. Mas vozes críticas acusam o governo cubano de promover em grande escala um medicamento ainda não autorizado, na tentativa de ver reiniciar a máquina econômica do turismo o mais rápido possível. Norges Rodríguez, cofundador do site YucaByte, alerta: “Não é uma vacina aprovada. Estão usando as pessoas”.
Também existem problemas logísticos. Para Cuba, uma dificuldade poderia ser representada pelos custos de produção, pois são "poucos os componentes que o país produz localmente, tendo que contar com importações caras". Em primeiro lugar, ressalta o jornal britânico, será necessário pensar na falta de frascos, o que pode representar um obstáculo significativo no processo de imunização em massa.
Problemas de produção poderiam ser resolvidos graças à parceria com países aliados. “Ainda não está claro - escreve The Economist - se a produção será realizada localmente ou será parcialmente terceirizada para o Irã, China ou Tailândia”. Para o jornal britânico, outro problema está no atraso da campanha de imunização cubana: até o momento as vacinas são experimentais e levarão meses para serem concluídas.
Enquanto isso a Covid continua a registrar casos, e o estado-ilha "está se saindo muito melhor do que a maioria dos países da área latina, mas a vacina é necessária com urgência", enfatiza o The Lancet.
A revista afirma que para Cuba “a campanha de vacinação também é uma questão de orgulho nacional”. Basta olhar para os nomes de duas das cinco vacinas candidatas ao desafio contra o Covid: "Soberana" e "Abdala", o título do poema patriótico de José Martí (1853 - 1895), escritor e herói da independência.
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Cuba pode se tornar o menor país a produzir uma vacina anti-Covid - Instituto Humanitas Unisinos - IHU