16 Outubro 2018
No dia 15 de outubro, os participantes da assembleia do Sínodo dos Bispos sobre os jovens concluíram seu trabalho em grupos separados conforme a língua que falam. Eles finalizaram a segunda parte do cronograma do documento de trabalho do sínodo, dedicado ao discernimento vocacional.
A reportagem é de Nicolas Senèze, publicada por La Croix Internacional, 16-10-2018. A tradução é de Victor D. Thiesen.
“Você está enganado!” - “Bem, então, me ajude a sair do engano!”. Esse diálogo, entre uma jovem levemente rebelde e um bispo europeu, foi relatado ao Padre Mário Tasca por parte do próprio bispo durante um dos intervalos do Sínodo. Para o Ministro geral dos Frades Menores Conventuais, o diálogo resume a mudança de atitude que a Igreja precisa passar a ter nos próximos anos: ouvir mais e ser capaz de mudar.
“A Igreja precisa partir do 'ouvir' para o 'conversar', porque é uma conversa que produz diálogo”, diz o padre Bruno Cadoré, Mestre Geral da Ordem Dominicana. Ele sente que a Igreja deve ser capaz de abraçar toda a diversidade juvenil percebida na primeira parte do Sínodo. “Não é apenas uma questão de abrir caminho para os jovens, mas de mudança”, diz o padre francês, “porque essa é a particularidade da Igreja: abraçar o novo e mudar, não apenas transmitir”.
Esta nova abordagem da Igreja foi levantada em muitas ocasiões nas discussões do Sínodo e influenciou a maneira como os bispos visualizam o apoio a ser dado aos jovens.
Enquanto alguns bispos do Sínodo, ainda que sejam minoria, enfatizam que agora é hora de fortalecer a dimensão magisterial da Igreja - uma Igreja de “professores” que ensinam seus discípulos - outros alertam contra uma visão que se concentra excessivamente na “orientação”.
Em muitos aspectos, a ideia de “apoio” vem tomando o lugar da “orientação” espiritual, tanto que muitos bispos enfatizaram o risco de abusos espirituais que este último poderia acarretar. “Temos muita tendência em pedir aos jovens para serem mais dóceis”, alertou um bispo.
"O acompanhamento na Igreja não pode mais assumir a forma única de relacionamento entre o mestre e os discípulos", admite o bispo auxiliar de Bordeaux Bertrand Lacombe, responsável pelo departamento de vocações na Conferência dos Bispos Franceses, que defende uma dimensão mais comunitária, "um acompanhamento entre pares".
"A questão hoje tem menos a ver com estrutura do que com a comunidade: a Igreja precisa ser uma comunidade à qual o jovem sinta que pertence", disse o padre Cadoré.
“A juventude de hoje - como sempre - não precisa de uma estrutura, mas de um lugar ao qual o jovem sinta que pertence, onde sintam sua falta se ele não estiver presente”, explicou o dominicano francês. Ele pede uma sinodalidade real em todos os níveis da Igreja e não apenas em Roma.
"Se realmente queremos ter assembleias onde todos participam, temos que ser capazes de conviver todos juntos na mesma Igreja", disse o padre Cadoré.
Como foi observado na semana do dia 8 de outubro, pelo arcebispo Bruno Forte de Chieti, um dos redatores do documento final desta assembleia, a grande questão para esta reunião do Sínodo é: “Com que Igreja estamos sonhando para o futuro?"
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Sínodo 2018. Assembleia mapeia traços para uma Igreja que apoia os jovens - Instituto Humanitas Unisinos - IHU