18 Abril 2017
A partir dessas análises será proposto um modelo de tratamento.
A Univates está realizando um projeto de pesquisa que analisa como está a qualidade das águas do Rio Taquari. O objetivo é verificar se há a presença de micropoluentes do tipo fármacos (amoxicilina, cefalexina, norfloxacina, ciprofloxacina e benzetacil) e, em caso positivo, avaliar como essas substâncias se apresentam após o uso. A partir dessas análises será proposto um modelo de tratamento para a extração dessas substâncias da água.
A reportagem é de Tiago Silva, publicada por EcoDebate, 13-04-2017.
O projeto “Detecção e remoção de micropoluentes em sistemas de captação de águas superficiais e efluentes” é desenvolvido no Programa de Pós-graduação em Biotecnologia (PPGBiotec) e recebeu um aporte de R$ 1,6 milhão da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Conforme a coordenadora do projeto, professora doutora Lucélia Hoehne, existem estudos na Europa que apontam que alguns rios de abastecimento já apresentam concentrações de micropoluentes tais como antibióticos e hormônios. “Isso pode vir a alterar alguns processos biológicos de animais que vivem na água. Por exemplo, em função de sua concentração nas águas, os fármacos do tipo hormônios podem alterar ou prejudicar a reprodução dos peixes”, contextualiza Lucélia.
A coordenadora explica que será proposto um sistema de tratamento para eliminar esses fármacos da composição da água que utiliza a radiação ultravioleta (UV) como forma de degradar os compostos e retirar a carga tóxica nociva à natureza e ao homem. “Já construímos o protótipo em escala laboratorial”, conta.
O estudo está em fase de otimização da metodologia para, depois, iniciar as análises de amostras do Rio Taquari com foco na detecção de fármacos. Para estruturar esse método, são pré-concentradas amostras de água e analisadas em um equipamento chamado LC-MS — esse cromatógrafo a líquido com detecção por espectrometria de massa possibilita a detecção dos fragmentos de fármacos. “O projeto exige muito estudo, muita pré-análise em laboratório, para, então, começarmos os estudos com as amostras reais”, detalha a coordenadora.
Conforme Lucélia, a legislação brasileira deve começar a cobrar uma fiscalização mais rigorosa sobre a presença dessas substâncias nos rios (hoje só são exigidas as caracterizações físico-químicas da água; não há um padrão específico para os fármacos). “Nós já estamos pensando a longo prazo, já prevendo algum sistema de tratamento”, ressalta.
De acordo com a professora, as análises quantitativas realizadas até aqui, desconsiderando os fármacos, apontam que as águas do Rio Taquari estão em conformidade com as normas do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) — resolução 357/2005. “Na média geral, em coletas realizadas durante um ano, todos os níveis do rio estão de acordo”, assegura.
Os pontos de coleta de água no Rio Taquari, estabelecidos pelo projeto, são junto ao sistema de captação de água pela companhia de tratamento de água, na saída da estação de tratamento e no Arroio Saraquá — um afluente do rio.
Desenvolvido em cooperação institucional, o projeto ainda conta com outra parte, realizado pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) em Erechim. Na URI, o trabalho tem como objetivo a confecção de nanobiossensores para detecção de pesticidas, metais pesados e hormônios em águas. Durante os estudos, os conhecimentos gerados tanto em Lajeado quanto em Erechim são compartilhados. Há, também, o intercâmbio de professores e alunos pesquisadores das instituições.
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Projeto analisa a presença de micropoluentes fármacos no Rio Taquari, RS - Instituto Humanitas Unisinos - IHU