28 Setembro 2011
"Em nome de um desenvolvimento que já destruiu mais de um terço de todos os recursos naturais do planeta, destroem-se florestas, rios, vidas (...) Somos contra mega-projetos que alteram a geografia, destroem o meio-ambiente, desalojam populações, afogam culturas, gerando miséria e sofrimento". O texto integra a nota do Fórum Social Pan-Amazônico em repúdio à violência policia contra a Marcha Indígena em Defesa do TIPNIS, publicado no sítio do Cimi, 27-09-2011.
Eis a nota.
O Fórum Social Pan-Amazônico (FSPA), coletivo composto por mais de 50 organizações e movimentos sociais do Brasil, Peru, Estado Plurinacional de Equador, Estado Plurinacional de Bolívia, Colômbia, República Bolivariana da Venezuela, República Cooperativa da Guiana, Suriname e Guiana, repudia veementemente a violenta, covarde e brutal agressão que as forças policiais bolivianas cometeram contra os indígenas do Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure (TIPNIS).
Há mais de 40 dias estes indígenas encontram-se marchando em defesa de seu território, ameaçado pelo governo boliviano e pela empreiteira brasileira OAS, que querem construir uma rodovia que passará por dentro daquele parque sem o consentimento das comunidades que o habitam. A intenção dos manifestantes é ir de Trinidad até La Paz, exigir que o presidente Evo Morales escute as populações que serão impactadas.
Não é de hoje que governos latino-americanos servem para implementar as agendas das grandes corporações, nacionais e internacionais, sem se preocupar com o que pensam ou sofrem os povos, em especial, os povos indígenas. Em nome de um desenvolvimento que já destruiu mais de um terço de todos os recursos naturais do planeta, destroem-se florestas, rios, vidas.
Reafirmamos que o direito dos povos originários de manterem suas culturas, suas identidades e seus territórios é sagrado. Povos indígenas e quilombolas devem ter suas terras demarcadas e juntamente com as comunidades tradicionais ter reconhecidos seus direitos à autonomia e ao autogoverno sem que isto signifique separatismo ou cisão do território nacional. Isto significa que nenhum projeto pode ser implantado sem o prévio consentimento das comunidades que vivem nestes territórios. Somos contra mega-projetos que alteram a geografia, destroem o meio-ambiente, desalojam populações, afogam culturas, gerando miséria e sofrimento. Somos contra o agronegócio e modelos que exploram a terra com o intuito de lucro. Defendemos o direito inalienável de todos os seres humanos de viverem em paz, com saúde, educação, moradia e todas as garantias para desenvolverem plenamente suas potencialidades.
O que aconteceu no dia 25 de setembro não pode ser de forma nenhuma aceito. Nada justifica a violência que irmãos e irmãs indígenas sofreram. Certamente todos os abusos e autoritarismos serão mundialmente denunciados.
Exigimos que todas as mulheres e homens presos sejam imediatamente libertados. Que nenhum deles seja processado por ter se defendido dos violentos ataques que sofreram. Que nenhum deles seja criminalizado por lutar pela justiça, pela igualdade, por uma forma de viver que não leve ao fim do planeta.
O FSPA está ao lado de todos aqueles que lutam por um TIPNIS livre da opressão e ganância do capital. Esta luta não pode e não deve ser interrompida.
VIVA O TIPNIS LIVRE! VIVA A PAN-AMAZÔNIA LIVRE!
Belém, 26 de setembro de 2011
COMITÊ DE ARTICULAÇÃO DO FSPA
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
"Por um TIPNIS livre da opressão e ganância do capital". Nota de repúdio à violência na Bolívia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU