Por: João Conceição e Marilene Maia | 09 Fevereiro 2018
No primeiro mês de vigência da reforma trabalhista aprovada pelo governo de Michel Temer, do PMDB, o Brasil interrompeu sete meses consecutivos de criação positiva de postos de trabalho com carteira assinada. O País fechou 12.292 vagas com carteira assinada em novembro, enquanto em outubro haviam sido criados 76.599 postos de trabalho. O Vale do Sinos apresentou saldo positivo de 104, enquanto o mês de outubro registrou a criação de 941 postos de trabalho. Os dados foram divulgados em dezembro pelo Ministério do Trabalho, através do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados - Caged.
Os dados expostos no gráfico abaixo apresentam o saldo entre admitidos e desligados no ano de 2017 no Vale do Sinos. Os três primeiros meses do ano foram marcados por saldos positivos no mercado de trabalho, embora sejam decrescentes ao longo de janeiro a março, por serem meses marcados por postos de trabalho temporário.
Apesar desse saldo positivo depois de meses de elevação do número de desempregados no Vale do Sinos em 2016, os dados do Caged ainda permitem fazer a identificação sobre o tipo de emprego que foi criado. O que chama mais atenção é que 95,34% desses trabalhadores no início de 2017 ganhavam entre 0,50 e 3,0 salários mínimos. As pessoas que foram demitidas estão sendo contratadas por salários mais baixos. Os grandes municípios do Vale do Sinos concentram esses casos.
Além dos baixos salários apresentados nos empregos criados no período, apresenta-se também a alta carga horária de trabalho desses trabalhadores. Os dados também mostram que 86,75% dos postos de trabalho criados possuem faixa semanal de 41 a 44 horas. Os empregos criados no início do ano indicam precarização do mercado de trabalho por possuírem baixa remuneração e alta jornada de trabalho.
O mês de abril obteve um saldo negativo de menos 250 postos de trabalho. O mês de maio encerra o período de trabalhos temporários com um saldo de menos 1.183 postos de trabalho. O mês de junho apresentou uma melhora, mesmo com saldo de menos 248 postos de trabalho, quando se compara com o mês anterior, que teve 1.183 desligamentos com carteira assinada. Os meses de julho, agosto, setembro, outubro e novembro de 2017 foram marcados por saldos positivos no mercado de trabalho no Vale do Sinos.
O mês de novembro obteve o menor saldo positivo entre admitidos e desligados do ano de 2017. Em outubro foram criados 941 postos de trabalho, enquanto em novembro esse número caiu para 104 (-88,95%). Esse resultado aconteceu no mês em que a reforma trabalhista entrou em vigor no Brasil. O País fechou 12.292 vagas com carteira assinada em novembro, enquanto em outubro haviam sido criados 76.599 postos de trabalho.
Os dados do Caged ainda são recentes para afirmar que a queda nos postos de trabalho no Brasil e no Vale do Sinos tenha sido efeito da nova lei trabalhista. Dos 14 municípios do Vale do Sinos analisados e expostos no gráfico abaixo, apenas quatro registraram saldo positivo de postos de trabalho. O saldo de 140 novos postos no mês de novembro deve-se, em grande parte, ao município de Canoas, que criou 1.123 vagas, seguido de Nova Santa Rita com 65, São Leopoldo com 29 e Sapucaia do Sul com 109.
A queda no número de carteiras desassinadas deve-se ao setor da indústria de transformação, que fechou 1.232 postos de trabalho. A construção civil e o setor de serviços apresentaram saldos positivos abaixo de 200 postos de trabalhos novos. O setor do comércio ajudou no pequeno resultado positivo de novembro ao criar 996 vagas no Vale do Sinos. Confira no gráfico abaixo:
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Vale do Sinos: empregos diminuíram no mês em que passou a vigorar a reforma trabalhista - Instituto Humanitas Unisinos - IHU