18 Agosto 2021
A Caritas Itália anunciou a suspensão das atividades de caridade no Afeganistão logo que o Talibã assumiu o controle do país.
Em uma declaração publicada em 15 de agosto, a Caritas disse que “a instabilidade da situação levou à suspensão de todas as atividades” e aumentou os temores “de manter uma presença no futuro, assim como pela segurança dos poucos cristãos afegãos”, no país.
Os jesuítas, que estavam no Afeganistão desde 2004, também suspenderam sua missão no país “indefinidamente”.
A reportagem é de Junno Arocho Esteves, publicada por Catholic News Service e America, 17-08-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Falando sob condição de anonimato, um padre jesuíta em Nova Delhi disse ao UCA News, em 17 de agosto, que dois padres jesuítas estão entre os muitos indianos no Afeganistão à espera pelos voos de evacuação do seu governo.
Os padres jesuítas “estão a salvo e prontos para viajar para a Índia quando o voo sair”, afirmou o padre.
Quatro irmãs Missionárias da Caridade também estão esperando para sair do país. Uma representante da congregação religiosa em Kolkata afirmou ao UCA News que as irmãs estão ainda no Afeganistão e que apenas uma é indiana.
No entanto, ela se recusou a identificar as nacionalidades das outras três irmãs por precaução.
O Talibã, um movimento extremista islâmico que governou o Afeganistão até ser expulso pela coalizão liderada pelos EUA chegar ao país há 20 anos, voltou ao controle da capital Cabul em 15 de agosto, depois que o presidente afegão Ashraf Ghani fugiu do país.
Os EUA invadiram o Afeganistão no final de 2001 em uma tentativa de desmantelar a al-Qaeda e tirar o Talibã do poder. Mais de 2.300 soldados americanos morreram no conflito de 20 anos, a guerra mais longa da história dos EUA, e milhares de civis afegãos foram mortos e deslocados como resultado do conflito, de acordo com a Missão das Nações Unidas no Afeganistão.
A Caritas Itália, que está presente no país desde 1990, disse que dirige vários programas no Afeganistão que fornecem “ajuda emergencial, reabilitação e desenvolvimento”.
Também supervisionou “a construção de quatro escolas” na província central de Ghor, bem como a construção de 100 abrigos para 483 famílias de refugiados no Vale de Panjshir, localizado a 150km ao norte de Cabul.
Antes da tomada do país pelo Talibã, a organização de caridade católica se concentrava principalmente em ajudar “menores vulneráveis”.
No entanto, a retirada das forças dos EUA deixou o país “em um abismo trágico” após 20 anos “com custos humanos incalculáveis e bilhões de euros em despesas”, disse.
“Como sempre, serão os mais fracos que pagarão o preço mais alto”, disse a Caritas. “Já dezenas de milhares de pessoas estão fugindo das zonas de combate enquanto o Talibã está agora na capital, Cabul. Junto com o pessoal da embaixada, até mesmo os poucos padres, religiosos e religiosas que estão em Cabul estão se preparando para seu retorno forçado”.
No entanto, apesar dos desafios, a Caritas disse que seu escritório no Paquistão supervisionará a chegada de “um número crescente de refugiados que fogem da zona de guerra”, o que aumentará a pressão nos países vizinhos.
Além disso, disse a Caritas, os países ocidentais enfrentarão “uma pressão crescente de pessoas que fogem do país”.
No Paquistão, a Caritas vai “avaliar a situação em Quetta, ao longo da fronteira com o Afeganistão, em vista do grande fluxo de refugiados”, disse o comunicado.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Jesuítas no Afeganistão suspenderam a missão indefinidamente, à espera da evacuação - Instituto Humanitas Unisinos - IHU