09 Junho 2021
As duas principais organizações indígenas do Canadá estão planejando uma visita ao Papa Francisco no Vaticano, que se produziria em novembro deste ano, para lhe pedir uma desculpa pública pelo papel da Igreja no sistema de escolas residenciais canadenses.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 09-06-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
O anúncio é feito pouco depois do descobrimento dos restos de 215 crianças indígenas em túmulos sem nome nos terrenos de uma antiga residência escolar na localidade de Kamloops, no oeste do Canadá.
O chefe da Assembleia das Primeiras Nações (AFN, por suas siglas em inglês), Perry Bellegarde, que representa 643 grupos aborígenes e em torno de 1 milhão de indígenas, e o vice-presidente do Conselho Nacional Métis (MNC), David Chartrand, que engloba quase 600 mil franco-indígenas, disseram que estão negociando com a Conferência de Bispos Católicos do Canadá o envio de delegações ao Vaticano.
“Nossas crianças desaparecidas não receberam a dignidade e respeito, mortos ou vivos, que merecem todos os seres humanos”, disse Bellegarde à radiotelevisão pública canadense, CBC.
O internato governamental em que foram encontradas as ossadas das crianças, que chegou a ser o maior do sistema de residências escolares para indígenas do Canadá, foi administrado pelos Missionários Oblatos entre 1902 e 1976.
As residências escolares eram internatos estabelecidos entre 1890 e 1996 pelas autoridades canadenses. Em torno de 150 mil crianças indígenas foram enviadas à força a estes internatos para eliminar sua identidade e assimilá-los na sociedade canadense.
Nos internatos, as crianças sofreram abusos físicos, psicológicos e sexuais, e se estima que ao menos 4 mil morreram durante a estadia.
Depois do descobrimento dos restos de crianças em Kamloops, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, criticou a Igreja Católica e disse que o Vaticano tinha que se desculpar e pedir perdão à população indígena do país pelos abusos cometidos nos internatos.
Uma pesquisa revelada hoje apontou que 66% dos canadenses considera que as instituições religiosas que administravam os internatos são responsáveis dos abusos, enquanto 34% culpa o governo canadense.
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Indígenas canadenses planejam viajar a Roma para exigir desculpas do Papa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU