17 Novembro 2017
“Ninguém pode se tornar adulto sem a mediação de outro adulto, assim como ninguém pode passar de uma ‘fé criança’ para a uma ‘fé adulta’ sem o testemunho de um adulto crente.”
A opinião é do teólogo e padre italiano Armando Matteo, professor de teologia fundamental da Pontifícia Universidade Urbaniana, em artigo publicado no sítio Settimana News, 13-11-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Francisco não poderia ter sido mais claro sobre a virada, mais do que nunca necessária, a ser dada nas atuais práxis de ação pastoral dirigidas às novas gerações do que ele foi com a Evangelii gaudium: “A pastoral juvenil, tal como estávamos habituados a desenvolvê-la, sofreu o impacto das mudanças sociais. Nas estruturas habituais, os jovens habitualmente não encontram respostas para as suas preocupações, necessidades, problemas e feridas. A nós, adultos, custa-nos ouvi-los com paciência, compreender as suas preocupações ou as suas reivindicações, e aprender a falar-lhes na linguagem que eles entendem. Pela mesma razão, as propostas educacionais não produzem os frutos esperados” (EG 105).
Precisamente nesse campo, é mais do que nunca urgente assimilar a sua advertência e superar a lógica cansada e reconfortante do “sempre se fez assim” e estabelecer decisivamente um novo trabalho, capaz de compreender seriamente as inquietações e as demandas dos jovens, e de falar com eles na linguagem que eles compreendem. Ao longo de tal caminho, parece sugestiva a proposta que o documento preparatório do próximo Sínodo sobre os jovens lança agora: a proposta de uma “pastoral juvenil vocacional”.
Como se sabe, o que caracterizará os trabalhos do próximo Sínodo será a escolha de fazer interagir com a dificuldade cada vez mais conhecida das novas gerações com o universo da fé (é sempre o Documento Preparatório que sublinha que a maioria dos jovens está aprendendo a viver “sem” o Deus apresentado pelo Evangelho e “sem” a Igreja) com a questão decisiva, para os jovens, do seu próprio discernimento vocacional. Ou seja, com a interrogação crucial sobre o tipo de adulto que se pretende dar à luz.
É aqui que a sociedade mostra o seu verdadeiro nervo à flor da pele: os adultos – isto é, aqueles que passaram dos 35 anos – estão cada vez menos à altura da sua vocação, ou seja, daquela disposição de ânimo que os tornaria eficazes rebocadores das novas levas para as margens do mundo adulto.
Não há um estudioso da nossa época que não sublinhe o fato de que, dada o seu retrocesso em assumir as qualidades conectadas com a sua idade cronológica, os adultos simplesmente desaparecem como tais. E a nossa sociedade se torna composta por jovens (poucos) e (inúmeros) “falsos jovens”.
Porém, ninguém pode se tornar adulto sem a mediação de outro adulto, assim como ninguém pode passar de uma “fé criança” para a uma “fé adulta” sem o testemunho de um adulto crente.
São absolutamente pertinentes as palavras do Documento Preparatório do Sínodo: “O papel de adultos dignos de fé, com os quais seja possível entrar em uma aliança positiva, é fundamental em todos os caminhos de maturação humana e de discernimento vocacional”.
Começar a pensar na pastoral juvenil vocacional significará partir dessa nova condição em que as novas gerações se veem enfrentando o seu caminho: aquela de quem é chamado a crescer em uma sociedade sem adultos.
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Crescer em uma sociedade sem adultos. Artigo de Armando Matteo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU