11 Outubro 2011
A "desobediência" deve ser entendida como um estímulo. Não entendemos, de fato, uma desobediência generalizada por gosto da contraposição, mas sim uma obediência graduada, que devemos sobretudo a Deus, depois à nossa consciência e, por fim, também às disposições eclesiásticas. Sempre consideramos a doutrina da Igreja, o papa e os bispos nessa ordem. E assim queremos continuar.
Publicamos aqui o boletim nº. 10 da Iniciativa dos Párocos Austríacos (Pfarrer-Initiative), publicada em seu sítio, www.pfarrer-initiative.at, 20-09-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.
Caros membros, apoiadoras e apoiadores!
Desde o momento em que o Apelo à Desobediência foi tornado público, foi-nos pedido que nos retratássemos de tal texto. É uma coisa que, em consciência, não podemos fazer, porque continuamos convencidos do seu conteúdo. A desobediência com relação a leis individuais e regras eclesiásticas restritivas em vigor há anos faz parte da nossa vida e do nosso trabalho pastoral. Confessar publicamente algo diferente do que pensamos e de como agimos agravaria ainda mais a dissonância na Igreja e na pastoral.
Porém, somos conscientes de que a "desobediência" deve ser entendida como um estímulo. Por isso, declaramos que não entendemos uma desobediência generalizada por gosto da oposição, mas sim uma obediência graduada, que devemos sobretudo a Deus, depois à nossa consciência e, por fim, também às disposições eclesiásticas. Sempre vimos o ensino da Igreja, o papa e os bispos nessa ordem. E assim queremos continuar.
Por enquanto, não foi estabelecida nenhuma data para um novo encontro do cardeal Schönborn com os quatro membros do nosso conselho diretivo da arquidiocese de Viena. Nessa conversa, devem ser respondidas as perguntas que, no primeiro encontro, foram entregues por nós de forma escrita.
De diversas partes, nos é repetidamente aconselhado a que busquemos "soluções" com o cardeal sobre os temas mais simples levantados por nós. No conselho diretivo, porém, somos da opinião de que o interlocutor dos bispos sobre esses temas não deve ser a Pfarrer-Initiative, mas sim toda a comunidade cristã: por exemplo, em uma continuação do "Diálogo para a Áustria" ou como parte das reuniões programadas com os conselhos paroquiais ou de um outro procedimento sinodal.
Caso contrário, seriam alguns representantes do "alto clero" falando com alguns representantes do "baixo clero" sobre o que diz respeito a todo o povo da Igreja. O pedido de "quebrar em vários pontos" o nosso "pacote" do apelo nos parece ser muito problemático. Os temas que citamos são todos, muitas vezes e há muito tempo, preocupações e questões formuladas por nós pela comunidade cristã, que não cabe a nós avaliar.
Os bispos continuam repetindo que nós, como Igreja local, só podemos ir pelo caminho com o papa e com a Igreja universal. Então, coloca-se a questão, porém, de até que ponto o papa e as lideranças da Igreja universal também podem ser convidados para trilhar o caminho conosco. Mostra-se, no entanto, cada vez mais claramente, que os nossos problemas e as nossas preocupações não são meramente questões "austríacas".
A resposta positiva de outros países nos últimos tempos é cada vez maior. E por que os nossos bispos não se preocupam com um consenso por caminhos experimentais no nível de Igreja universal? O cardeal Schönborn disse recentemente, em uma entrevista, que haveria a possibilidade de tais caminhos. Só que ele não iria cuidar disso.
Repete-se continuamente que os nossos temas e as nossas questões são muito "pequenas", são problemas menores. Diz-se que é preciso enfrentar as "grandes" questões: a busca humana de Deus, as questões do futuro da nossa sociedade e do mundo. Mas mesmo quando nós, no nosso "apelo" e em outros textos, abordamos acima de tudo os problemas imediatos da pastoral cotidiana, nas nossas comunidades, também estão muito presentes as "grandes" questões.
Caso contrário, com o que nos preocupamos, acima de tudo, nas nossas comunidades e com as nossas colaboradores e colaboradores, se não com a busca humana de Deus, da linguagem que podemos usar para falar a respeito dele e para anunciá-lo? Não são as nossas comunidades, talvez, acima de tudo, onde se discute e se pratica a solidariedade com os pobres, sejam eles próximos de nós ou do hemisfério Sul? Não nos preocupamos, talvez, acima de tudo, nas comunidades, também sobre como enfrentar as grandes questões da vida dos casais e das famílias, jovens e dos idosos etc.?
E se a Igreja deve estar em diálogo com o nosso tempo sobre as grandes questões, quão confiável é a "linguagem corporal" da Igreja, se nela não há uma adequada participação do povo nas decisões e nas orientações? Se renunciamos, portanto, à experiência de vida e de fé de tantos homens e mulheres, e até damos a impressão de ter medo da influência do povo da Igreja como a invasão de um perigoso espírito do tempo? Sem falar da exclusão das mulheres dos ministérios "sagrados" da Igreja, em uma sociedade que, superando a Igreja, fez a escolha (que é bíblica!) da igualdade de direitos para as mulheres.
No início de outubro, somos convidados para a reunião anual da Associação Irlandesa dos Padres Católicos (ACP), em Dublin. Lá, haverá oportunidade de contato com representantes de redes semelhantes de padres provenientes dos Estados Unidos. A ACP já conta com 500 membros e se compromete na Irlanda com os mesmos temas e preocupações que nós. Também aumentam as colaborações com os colegas alemães. Recentemente, um padre do México também entrou em contato conosco.
A nossa situação atual de membros e apoiadores:
Padres – membros: 338; apoiadores: 69
Leigos – apoiadoras/es: 1.037
Uma última indicação para os nossos membros: a nossa reunião geral será no domingo 6 de novembro de 2011, às 15h, em Linz. Será enviado um convite pessoal.
Agradecemos de coração pelos muitos sinais de solidariedade nos últimos meses.
Membros do Conselho Diretivo
Helmut Schüller, Hans Bensdorp, P. Udo Fischer, Franz Großhagauer, Gerald Gump, P. Arno Jungreithmair, Peter Paul Kaspar, Franz Lebenbauer, Franz Ofenböck, Wolfgang Payrich
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Desobediência como estímulo. A nova carta da Iniciativa dos Párocos Austríacos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU