17 Agosto 2012
O professor e doutor em teologia Manuel Hurtado, SJ, ministrará o minicurso intitulado “Dizer o mistério da Igreja ao estilo de Jesus: em busca de novas interlocuções com a cultura contemporânea”. Essa atividade faz parte da programação do XIII Simpósio Internacional IHU. Igreja, cultura e sociedade: a semântica do Mistério da Igreja no contexto das novas gramáticas da civilização tecnocientífica, que ocorrerá de 2 a 5 de outubro, na Unisinos (São Leopoldo).
Hurtado tem experiência no ensino de cristologia, antropologia teológica, teologia trinitária e teologia cristã das religiões. É docente de Teologia Sistemática na Universidade Católica Boliviana, de Cochabamba, e na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE), em Belo Horizonte. Doutorou-se em Teologia (2006) pelas Faculdades Jesuítas de Paris, tendo como tese A doutrina da Encarnação na teologia cristã das religiões: suas contribuições para o debate contemporâneo. Dentre os autores estudados por Hurtado, estão importantes teólogos contemporâneos, tais como: Eberhard Jüngel, Michael Amaladoss, Claude Gefré, Joseph Moingt, Paul Knitter, Jon Sobrino, Jacque Dupuis, Karl Rahner, Karl Barth.
Falando sobre a cristologia contemporânea, no artigo “Novas cristologias: ontem e hoje”, publicado pela Perspectiva Teológica (Belo Horizonte, 2008, n. 112, set./dez.), Hurtado explicita, dentre outras ideias, que “as mulheres e os homens da terra não têm necessidade de deixar o mundo para encontrar a Deus, ou mais radicalmente ainda: o ser humano não tem de deixar sua humanidade para alcançar a Deus; ao contrário, sua humanidade mesma é o lugar do encontro. Quem queira encontrar a Deus não pode fazê-lo prescindindo de sua humanidade, de sua carne. Deus se encontra debaixo da pele. Não temos de nos evadir de nossa humanidade para encontrar a Deus, pois Ele mesmo veio habitar até o mais profundo do homem e de sua história”. Em outras palavras, a cristologia contemporânea tem a tarefa de explicitar “a Humanidade de Deus”, como o faz Karl Barth.
Segundo Hurtado, outra implicação para a cristologia contemporânea consiste em explicitar a “Humanidade de Deus” a partir “dos pobres da terra”. Nas palavras do teólogo, “se dizemos que a Humanidade de Deus nos atingiu em nossa própria humanidade, o que devemos pensar da humanidade quando ela está desfigurada e ferida? O que crer quando a humanidade se desfigura e se desfaz? A tarefa da cristologia é a de afirmar a toda força que a Humanidade de Deus também está agindo e, em primeiro lugar, naqueles em que o rosto humano se desfigurou. Porém, o que autoriza afirmar isso? A identificação de Jesus com os pobres” (cf. Mateus 25).
Para o teólogo jesuíta, o discurso sobre Jesus Cristo “é interior ao conhecimento pessoal de Jesus Cristo, ou seja, o conhecimento pessoal de dele deve ser situado no coração mesmo da reflexão cristológica. Por isso a reflexão sobre Cristo deveria ser uma experiência de encontro que nos faça ‘arder’ o coração (Lc 24,32) e que se constitua como lugar onde a mensagem da fé seja pessoalmente apropriada e adquira uma real vitalidade”.
Desse modo, conclui Hurtado, a cristologia “não terá consistência a não ser que seja feita em caminho, indo atrás d’Aquele que nos fez um sinal precisamente em seu caminho e que, sem que nos demos conta, já se fizera nosso caminho. O caminho é feito com o desconhecido – identificado com os desconhecidos à margem da trilha. A cristologia chama, interpela e exige uma prática que não é mais que o limite mesmo de nosso discurso”.
A nota é de Luís Carlos Dalla Rosa, doutor em Teologia.
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A cristologia e a cultura contemporânea em debate - Instituto Humanitas Unisinos - IHU