Estamos no início de um 'acordão' político, diz ex-ministro de FHC

Mais Lidos

  • O drama silencioso do celibato sacerdotal: pastores sozinhos, uma Igreja ferida. Artigo de José Manuel Vidal

    LER MAIS
  • O documento que escancara o projeto Trump: um mundo sem regras, sem Europa e sem democracia. Artigo de Maria Luiza Falcão Silva

    LER MAIS
  • “A esquerda é muito boa em apontar injustiças, mas isso pode ser uma desculpa para não fazer nada”. Entrevista com Rutger Bregman

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

19 Agosto 2015


Um pacto de governabilidade a favor da presidente Dilma Rousseff, negociado por forças políticas como o PMDB e até, de modo informal, pelo PSDB, é a melhor solução para a crise política, diz o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-ministro das Comunicações do governo Fernando Henrique Cardoso, em entrevista publicad pelo jornal O Estado de S. Paulo, 18-08-2015.

Eis a entrevista.

Como o sr. avalia os impactos da crise política sobre a economia nos próximos meses?

Vivemos duas crises: uma é gerada pelo fim do modelo de crescimento calcado no consumo. A outra é causada pelo fim da hegemonia política do PT, que durou 14, 15 anos. Passadas as eleições, a economia entrou num ajuste que já deveria ter começado há mais tempo. A crise política foi gerada pela frustração com a economia e agravada pela Lava Jato. Teremos a atividade em dificuldades por pelo menos mais um ano, decorrência normal do ajuste econômico.

Mas a crise econômica pode ficar mais prolongada por causa da crise política?

Sim. É dentro desse quadro que ocorre a crise advinda do fim da hegemonia política do PT e da falta de governabilidade que se estabeleceu no governo Dilma. Agora, o que começa a aparecer é que há uma tentativa de construção de governabilidade enquanto a economia sofre pelo ajuste. Estamos no início do que seria esse ‘acordão’. Claramente, há uma consciência de boa parte da sociedade de que não é hora de provocar ruptura institucional. E seria interessante que Dilma tivesse condições de gerir o ajuste econômico até os frutos, que vão aparecer.

Um impeachment seria essa ruptura institucional?

Por enquanto, não há motivo. Hoje, há três opções para lidar com essa crise dupla: um grupo defende dar o mínimo de governabilidade para a presidente continuar o ajuste por mais um ano e meio. Outro acha que a estabilização da governabilidade deve ir um pouco mais longe, chegando às eleições de 2018. E um terceiro avalia que já existem motivos para interromper o governo e gerar, ninguém sabe direito como, uma nova governabilidade.

Qual seria o melhor caminho

A solução mais correta e adequada é um pacto de governabilidade para a presidente.

Quem participaria?

O PMDB, a base aliada. Talvez o PSDB, se não formalmente, informalmente.

E o ex-presidente FHC e o senador José Serra apoiariam?

Ah, não sei... Você vai perguntar para eles.

E o sr. defende isso?

Acho que sim. Mas essa governabilidade fica na dependência de não aparecer algum crime envolvendo a presidente. Numa democracia, na hora em que existe um fato concreto e é conhecido um crime, não é possível dizer: 'Ah, não, então continua mais um pouco porque preciso de governabilidade'.

Quais as diferenças das pedaladas fiscais de FHC e Dilma?

Na época do FHC, havia uma grande dificuldade em manter o orçamento como estava na lei orçamentária, porque a atenção do governo estava voltada para a estabilização.

E as pedaladas de Dilma?

Ficou uma coisa institucional. Não é mais uma situação com que se depara no fim do exercício, por um crescimento menor que o previsto. No caso de Dilma, os gastos que foram pedalados não eram obrigatórios, eram voluntários, de programas sociais. O mais grave, o que diferencia a pedalada do FHC das de agora, é o caráter da legalidade. A pedalada de FHC não poderia ser classificada como ilegal.