De Greenpace, Legambiente e WWW aplausos à encíclica do Papa Francisco

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23 Junho 2015

As associações ambientalistas a acolheram com grande satisfação e emoção. E no domingo, 28 de junho, marcharão até a Praça São Pedro, na hora do Angelus, para levar uma saudação ao Pontífice e à sua encíclica “Louvado seja”.

A reportagem é de Alessandra Borella, publicada pelo La Repubblica, 18-06-2015. A tradução é de Benno Dischinger.

“Para um ambientalista, ler a encíclica do Papa Francisco sobre o ambiente dá uma estranha sensação de estupor e satisfação”. Quem fala é Vittorio Cogliati Dezza, presidente nacional de Legambiente que, junto aos presidentes de WWF e Greenpace, fizeram imediatamente sentir sua satisfação por este texto em defesa da natureza, da Terra e da ecologia. As três organizações marcharão juntas para a Praça São Pedro no domingo, dia 28, em Roma, para saudar a encíclica ‘verde’ de Bergoglio.

No texto de “Louvado seja, carta sobre o cuidado da casa comum”, o Papa Francisco narra a sua visão de um desenvolvimento eco-sustentável e não é condescendente sobre as responsabilidades de instituições e chefes de Estado. Escreveu um novo ‘cântico das criaturas’ quase oitocentos anos após aquele do santo do qual traz o nome. Um grito de alarme que todos os ambientalistas auspicam não fique sem ser escutado fora dos muros vaticanos. Deve chegar nos palácios certos, aos ouvidos de quem os governa.

“Tantos temas que levamos em frente com tantas batalhas ambientalistas encontram uma autorizadíssima confirmação neste texto, encastoada, além disso, numa iniludível solicitação ética e espiritual para os não-crentes, e religiosa para os que creem – continua Cogliati Dezza -. Um texto que se dirige a todos, os que têm fé ou não, e que obriga a uma reflexão sobre os grandes temas ambientais. Nenhum de nós pode ficar de fora, nem mesmo os grandes da Terra, aos quais compete maior responsabilidade e que desde hoje, graças a esta encíclica, terão mais dificuldades e em eludir as instâncias ambientais”.

Uma admoestação à qual os ‘poderosos da Terra’ não poderão escapar. Como Rússia e Estados Unidos, por exemplo, que ainda não ratificaram o protocolo de Kyoto. Sobre a concepção moral e ética interveio o WWF: “A mensagem do Papa Francisco acrescenta uma concepção moral, tão necessária para o debate sobre o clima. A mudança climática não é mais somente uma questão científica; é sempre mais uma questão moral e ética. Ela atinge as vidas, os meios de subsistência e os direitos de todos, em particular das comunidades pobres, marginalizadas e vulneráveis”, afirma Yolanda Kakabadse, presidente do WWF internacional. “Diante deste desafio para a natureza e a família humana, somente redescobrindo nossa solidariedade com o ouro, reduzindo os desperdícios e adotando consumo e produção sustentáveis, podemos salvar o planeta, sua vibrante diversidade da vida e garantir um futuro próspero para todos nós”.

2015 deve ser o ano de soluções concretas, visto que a próxima conferência da ONU em Paris é prevista para 21 de dezembro: “Lemos as palavras do Papa com profunda emoção – disse Donatella Bianchi, presidente da WWF Itália -. Já o Papa João Paulo II e, sobretudo o Papa Bento XVI, tinham por mais vezes apelado à salvaguarda da natureza e do ambiente. O Papa Francisco, dedicando uma encíclica inteira ao cuidado da casa comum, indica a amplitude e urgência da ação, examinando em detalhes o elo entre a vida humana e os mecanismos biológicos que a sustentam. A mudança climática, a destruição da biodiversidade, o exaurimento dos recursos e os desperdícios não são só danos a motivar cientificamente, mas com a encíclica se tornam questão moral e ética. A que é atingido é a vida, os meios de subsistência e os direitos de todos, em particular os das comunidades pobres, marginalizadas e vulneráveis. Mecanismos biológicos que se refinaram em milhões e milhões de anos são destruídos por apetites num breve período de poucos. Se lesa o direito a um planeta próspero e habitável para as futuras gerações”. Segundo o diretor executivo de Greenpeace Internacional, Kumi Naidoo, “cada um, religioso ou leigo, pode e deve responder a esta chamada com uma ação urgente e incisiva. O ambiente é um patrimônio coletivo da humanidade e a responsabilidade por seu cuidado cai sobre todos nós. Greenpace sempre compartilhou desta visão”.

“Apreciamos a clareza e o modo direto com que a encíclica sublinha a débil resposta da política internacional à mudança climática, com demasiados interesses particulares que prevalecem sobre o bem comum”, declara também Martin Kaiser, na chefia da Unidade sobre o Clima do Greenpace Internacional. “As palavras do Papa – conclui Kaiser – deveriam despertar os chefes de governo demasiado complacentes, encorajá-los a adotar leis severas nos respectivos países para proteger o clima”. Hoje, sustentou o cientista Hans Joachim Schellnhuber, fundador e diretor do Potsdam Institute for Climate Impact Research, estamos diante de mudanças climáticas que vão par a par com um mundo dividido entre pobres sempre mais pobres e ricos sempre mais ricos. Só que, acentuou Schellnhuber, são estes últimos que produzem a crise, com o seu cínico e atrevido abuso de riqueza e recursos comuns. Palavras duras, mas em consonância com uma Encíclica que liga a questão econômica e a questão ecológica de maneira inextrincável. Não se afrenta uma sem afrentar a outra.

“Wow: o Papa se lança contra os carbon credit, porque encorajam a especulação e o consumo excessivo”. A canadense Naomi Klein, autora de “Não Logos” e do recente “Uma revolução nos salvará. Por que o capitalismo não é sustentável”, dedicado precisamente à relação ambiente-injustiça social, voará ao Vaticano no dia 1º de julho próximo para discutir, junto ao cardeal Peter Turkson e ao professor Ottmar Edenhofer e Bernd Nilles, secretário geral do CIDSE, a nova encíclica, julgada como “um sinal fortíssimo também para os leigos”.

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