'Keynesianismo vulgar' agravou a crise, diz Mangabeira

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10 Abril 2015

O ministro Mangabeira Unger (Secretaria de Assuntos Estratégicos) disse que a política econômica dos últimos anos foi um "keynesianismo vulgar" que agravou os problemas do país e adiou "o dia da conta e do castigo". Esse dia, segundo o ministro, chegou com a necessidade de ajuste nas contas públicas. 

A reportagem é de Eduardo Cucolo, publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 10-04-2015.

Baseado na obra de John Maynard Keynes (1883-1946), o keynesianismo busca o crescimento via intervenção do Estado na economia, com queda nos juros e aumento do investimento público.

Mangabeira fez nesta quinta (9) um discurso de quase meia hora durante a posse do novo presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Jessé de Souza, que falou por só seis minutos.

O ministro disse que o Brasil não irá mais avançar baseado na exportação de commodities e popularização do acesso ao consumo. Para ele, é preciso substituir o "nacional-consumismo".

"O recurso da política contracíclica, do keynesianismo vulgar, adiou o dia da conta e do castigo, mas acabou apenas por agravar o problema que agora temos de resolver", afirmou. "Precisamos de um ajuste que subordine o keynesianismo vulgar ao imperativo do realismo fiscal."

O ministro afirmou que os "sacrifícios exigidos" pela nova política não têm como objetivo agradar ao mercado financeiro, mas evitar que o Estado fique de joelhos diante desses mesmos interesses.

Disse também que o ajuste fiscal não é um fim, mas "mera preliminar de uma agenda" que enfatiza a produção e a oferta, e não mais o consumo e a demanda.

Mangabeira se junta à lista de ministros que, ao defender a nova política econômica de Dilma Rousseff, acabam por criticar medidas tomadas por ela em seu primeiro mandato.

O ministro, que esteve no governo Lula de 2007 a 2009 e voltou ao cargo em fevereiro, também citou a legislação ambiental como entrave ao aumento da produtividade.

Déspotas

Segundo ele, o Brasil concede poderes discricionários, quase ilimitados, a um elenco de pequenos "déspotas" administrativos nessa área. Esses dirigentes, com os órgãos de controle ambiental, organizam uma perseguição aos interesses da produção, segundo o ministro.

Ao falar sobre a política econômica anterior, Mangabeira também afirmou que foi um modelo que gerou um altíssimo nível de emprego, mas com a grande maioria dos brasileiros empregada em serviços de baixíssima produtividade e sem futuro.