05 Março 2015
Com o protesto de 12 parlamentares que votaram em branco, o deputado Arthur Lira (PP-AL) foi escolhido para presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o colegiado mais importante da Câmara dos Deputados. Lira é apontado como um dos possíveis nomes da lista de políticos implicados na Operação Lava Jato e acusado de agredir a ex-mulher Jullyene Lins.
A reportagem é de Daiene Cardoso, publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 05-03-2015.
Na sessão que teve quórum final de 65 deputados, 47 votaram em Lira, que era candidato único. Os nomes dos deputados Esperidião Amin (PP-SC) e o líder da sigla, Eduardo da Fonte (PE), chegaram a ser cogitados para a função, mas não prosperaram. "Amin é um cara que mobilizaria, que aproximaria o Parlamento da sociedade. As atitudes do Parlamento só nos distanciam da sociedade", concluiu um deputado de outro partido, que trabalhou até a manhã desta quarta-feira, 4, para garantir a candidatura do catarinense. Como o PP terá o comando da CCJ por dois anos, Amin poderá ser indicado para presidi-la em 2016.
O desconforto de parte dos parlamentares se deve ao possível envolvimento de Lira nas investigações sobre o esquema de corrupção na Petrobrás. Os deputados avaliam que a promessa do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de oferecer a CCJ a Lira - que foi um de seus apoiadores na campanha pela presidência da Câmara - depõe contra o Parlamento. "A sociedade vai achar que aqui é um poço de lama", comentou um deputado.
O novo presidente da CCJ afirmou que agirá com isenção e que colocará em votação, "doa a quem doer", eventuais recursos do Conselho de Ética de possíveis envolvidos na Lava Jato. "Quem vota é o plenário, não é o presidente", respondeu.
Aos jornalistas, Lira disse esperar que seu nome não seja incluído na lista da Procuradoria-Geral da República (PGR) e que não há nenhum impeditivo à sua eleição. "Não tenho nenhum tipo de vínculo com essa situação (Lava Jato)", rebateu, ressaltando que não tem nenhum temor. "Tem que ter muita calma nessa hora", completou. Ele negou envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, embora imagens tenham revelado que o deputado frequentou em 2010 o mesmo prédio do doleiro.
Segundo a revista Veja, o deputado frequentava o escritório do doleiro, um dos principais alvos da Lava Jato. A publicação revelou imagens das câmeras de segurança do prédio em que Lira aparecia. O assunto tratado pelos dois, no entanto, não foi informado pela reportagem. O pai do deputado, o senador Benedito de Lira (PP-AL), foi citado pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, no âmbito da delação premiada, como um dos políticos que receberam dinheiro do esquema de desvio na estatal.
O deputado também é acusado de agredir a ex-mulher. Ele nega e se diz vítima da ação de adversários políticos de Alagoas. "Não vou ser o primeiro e nem o último a ter problema conjugal", afirmou.
FECHAR
Comunicar erro.
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Câmara tem acusado de agredir mulher à frente de comissão - Instituto Humanitas Unisinos - IHU