Quem rejeita o diálogo é uma pessoa corrupta, diz o sociólogo polonês Zygmunt Bauman

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10 Setembro 2014

O rabino Skorka intervém no encontro internacional de Antuérpia promovido pela comunidade Santo Egídio juntamente com Zygmunt Bauman, Andrea Riccardi e outros membros do mundo político, religioso e cultural.

A reportagem é de Luca Marcolivio, publicada por Zenit, 08-09-2014.

Líderes intelectuais, religiosos e políticos se reuniram hoje durante a jornada central do Encontro Internacional da Comunidade de Santo Egídio, que acontece até amanhã em Antuérpia com o tema “A paz é o futuro: religiões e culturas em diálogo cem anos depois da primeira Guerra Mundial.

Zygmunt Bauman: "Quem rejeita o diálogo é uma pessoa corrupta"

O sociólogo polonês Zygmunt Bauman descreveu o diálogo como algo diferente de "uma série de monólogos em que os palestrantes tentam superar um ao outro": é, antes, a "arte mais importante que queremos aprender para manter a paz no planeta". Quem rejeita o diálogo é "uma pessoa corrupta".

Na "sociedade líquida" dominada pela virtualidade, principal objeto de estudos de Bauman, a internet pode se tornar "uma das formas que permite rejeitar tudo o que não se quer ver".

O diálogo, disse o sociólogo, é dividido em "três níveis", o primeiro dos quais é a "socialidade, graças ao qual aceitamos os outros ao nosso redor”, seguido pela "solidariedade, que é um processo de reconciliação para conseguir a unidade".

O diálogo mais eficaz, concluiu Bauman, é, no entanto, o informal, "aberto e baseado na cooperação", onde as idéias surgem e onde se está "disposto a viajar por uma estrada de mão dupla, tornando-se professor e aluno ao mesmo tempo”.

Rabino Abraham Skorka: A interpretação fanática das Escrituras é um "paganismo grosseiro"

Por sua parte Abraham Skorka, rabino de Buenos Aires, conhecido por sua amizade com o Papa Francisco, desde os tempos em que Bergoglio era arcebispo da capital da Argentina, condenou aqueles que “interpretam fanaticamente a Escritura, achando-se os únicos possuidores da compreensão correta da mesma e com o direito a submeter abominavelmente todos aqueles que não coincidem com os seus pontos de vista".

Estes, disse o rabino, "esvaziam o verdadeiro conteúdo de suas crenças, transformando-o em paganismo grosseiro".

Segundo Skorka, "uma leitura atenta da Bíblia hebraica nos permite entender que o homem é um ser cheio de conflitos, com o nosso próximo e, a nível dos povos, uns contra os outros", no entanto, as Escrituras sempre se referem a "lutar contra as nossas paixões, a fim de resolver os nossos conflitos".

O rabino concluiu, portanto, recordando que a "misericórdia" e a "justiça" são traços comuns a todas as religiões, valores em torno dos quais podemos trabalhar para construir a paz.

Vian Dakheel: massacres perpetrados pelos milicianos da Isis

Seguiu-se o dramático depoimento do parlamentar iraquiano, Vian Dakheel, membro da comunidade Yazida, que também relatou violências contra as mulheres, crianças e idosos, dos terroristas islâmicos.

De acordo com Dakheel até agora conta-se umas 3 mil “pessoas mortas, assassinadas pela milícia do Isis ou esgotadas pela fome e sede durante a fuga para as montanhas do Sinjar", enquanto são 5 mil as "pessoas raptadas, centenas as meninas estupradas ou vendidas como escravas, como na cidade de Mosul, onde foram oferecidas a um preço de $ 150".

Na aldeia de Kojo, habitada por 2000 Yazidis, os moradores foram obrigados a "escolher entre a conversão ao islamismo e o massacre", enquanto um antigo santuário na aldeia de Jdal foi destruído por militantes do califado.

Na conclusão de seu discurso, o parlamentar iraquiano fez um apelo à comunidade internacional pedindo à Comissão para os Direitos Humanos e ao Conselho de Segurança da ONU começarem uma investigação sobre o massacre, que envolveu Yazidis.

Andrea Riccardi: "A paz é o nosso futuro?"

Em seu discurso, o fundador da Comunidade de Santo Egídio, Andrea Riccardi, reiterou que não pode haver "guerra e violência em nome de Deus" e, diante do cenário global atual, se perguntou: "A paz é o nosso futuro?".

A resposta está no longo caminho de paz, que começou em 1986, com o primeiro encontro inter-religioso em Assis, durante o qual São João Paulo II enfatizou que "a paz é um campo de trabalho aberto a todos, não só para especialistas, estudiosos e estrategistas". Precisamente por este motivo, concluiu Riccardi, a paz, embora pisada em muitas regiões do mundo "é um" grande ideal, que pode inspirar políticas e vidas pessoais".