Por: André | 01 Setembro 2014
O presidente da Bolívia, Evo Morales, falou na sexta-feira aos participantes do Foro de São Paulo, em sua maioria jovens de todo o mundo, para encerrar oficialmente o evento. A próxima edição desta assembleia internacional será realizada no Equador.
A reportagem está publicada no jornal argentino Página/12, 29-08-2014. A tradução é de André Langer.
O Foro de São Paulo, que delibera na Bolívia desde a segunda-feira, 25 de agosto, foi aberto oficialmente na quinta-feira, dia 28, pelo vice-presidente desse país, Alvaro García Linera, com elogios ao surgimento de uma esquerda revolucionária que “afiançou a democracia” na América Latina e condenou o neoliberalismo.
A 24 anos da sua fundação no Brasil do Foro de São Paulo, que congrega partidos de esquerda e movimentos sociais, o vice-presidente boliviano Alvaro García destacou “o estabelecimento (na região) da democracia como método revolucionário”.
“Deixamos para trás as democracias fósseis (...) e em nossos países, onde triunfaram os governos revolucionários; houve uma transformação e um enriquecimento da democracia, entendida como participação, como radicalização, como comunidade”, disse o mandatário.
Destacou, ao mesmo tempo, que “estamos assistindo – a 24 anos da criação do Foro – a uma lenta, mas irreversível decadência da Hegemonia norte-americana (em alusão ao romance de Orson Scott). Os Estados Unidos não são mais a potência imperial, dirigente do mundo”.
Acrescentou neste sentido que a “China e a Europa estão tirando dos Estados Unidos a liderança econômica (...), embora continue sendo dominante, em base à força, mas já não em base à liderança, à convocatória e ao seu poderio irrebatível em nível econômico”. Assim mesmo, disse que falar do neoliberalismo na América Latina assemelha-se cada vez mais a falar de um arcaísmo que “é quase como falar do Jurassic Park. Hoje, o neoliberalismo é um arcaísmo que estamos botando no lixo da história”, apontou.
García, que junto com o presidente Evo Morales nacionalizou os recursos naturais em seu país, entre eles os hidrocarbonetos, convocou para “defender e ampliar as conquistas obtidas até hoje” pela esquerda na região. Em uma mensagem gravada, o ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que “estou convencido de que um caminho importante para a nossa economia e um progresso das nossas coisas passa fundamentalmente pela integração da América Latina. Oxalá, na Bolívia, neste Foro de São Paulo, se dê o debate da integração e de conclusões, porque nos anos 1990 foi decisivo para derrotar os governos neoliberais”, acrescentou.
O Foro, nascido em 1990 sob o influxo do Partido dos Trabalhadores de Lula, teve como um de seus principais objetivos a busca de modelos de desenvolvimento com justiça social para contrapô-los às receitas do neoliberalismo que foram hegemônicas nos anos 1990 na região. Sua realização em São Paulo surgiu em oposição à realização do Fórum de Davos, para onde concorrem representantes dos governos das economias centrais, assim como grandes empresários e financistas. O Fórum foi encerrado na sexta-feira com um documento final de conclusões e um discurso do presidente Evo Morales. A próxima edição do Fórum será organizada pelo Equador.
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“O Jurássico neoliberal ficou para trás” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU