Apetite glutão por carne vermelha está na berlinda

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25 Julho 2014

Difícil resistir a um pedaço suculento de bife, não? Onipresente na dieta de muitos países, a carne vermelha tem um custo que passa despercebido na nota fiscal: o seu impacto no meio ambiente. Um novo estudo sugere que a mudança de hábitos alimentares pode ajudar a mitigar emissões de gases efeito estufa, vilões do aquecimento global.

A reportagem é de Vanessa Barbosa, publicada pela pela revista Exame, 23-07-2014.

Não se trata de renunciar à carne, mas de reduzir o consumo, a começar em países conhecidos pelo apetite voraz. Nos Estados Unidos, por exemplo, cada pessoa devora, em média, 160 quilos de carne em um ano.

Isso dá quase meio quilo de carne por dia, sendo que, para suprir as necessidades nutricionais da maior parte dos indivíduos, recomenda-se entre 100 e 120 gramas. É o excesso que pesa no orçamento planetário, pressionando os recursos naturais.

Segundo o estudo, publicado no periódico científico Proceedings of the National Academy of Sciences, 60% das terras agrícolas do mundo são usadas para a produção de carne bovina e para o cultivo de grãos que servem de ração para os animais.

Estas práticas respondem por nada menos do que 25% das emissões globais de gases de efeito estufa, além de demandarem grande quantidade de terra e serem fonte de poluição das águas por excesso de nutrientes (oriundos do esterco dos animais).

A pesquisa mostra uma nova escala dos danos. A carne vermelha exige 28 vezes mais terra do que para produzir a carne de porco ou frango, 11 vezes mais água e resulta em cinco vezes mais emissões responsáveis pelo aquecimento global.

Quando comparado com produtos como batata, trigo e arroz, o impacto da carne por caloria é ainda mais gritante — requer 160 vezes mais terra e produz 11 vezes mais gases de efeito estufa.

“A produção de alimentos à base de carne é uma forma importante e generalizada dos humanos impactarem o meio ambiente. Ajudar o consumidor a fazer escolhas que mitiguem alguns destes impactos deve ser uma prioridade socioambiental”, dizem os pesquisadores.

BERLINDA CLIMÁTICA

Em abril, uma outra pesquisa, feita pela Universidade de Tecnologia Chalmers, estimou que as emissões de gases de efeito de estufa provenientes da agropecuária podem ameaçar a meta climática da ONU de limitar o aquecimento global a 2ºC.

Segundo a pesquisa, o óxido nitroso e o gás metano, liberados pelas atividades no campo, podem dobrar até 2070, o que, por si só, já tornaria inviável cumprir a meta do clima.

A redução do consumo do consumo de carne vermelha, naturalmente, afetaria o número de ruminantes criados para alimentação no mundo, e vice-versa.

Em um estudo publicado em dezembro de 2013, na revista Nature Climate Change, cientistas sugeriram a redução da massa global de 3,6 bilhões de ruminantes, que hoje é 50% maior do que aquela que percorria o planeta meio século atrás.

Segundo a pesquisa, o caminho para reduzir esse número seria através da implementação de algum tipo de sistema de impostos ou de comércio, como a redução dos subsídios governamentais para a produção de carne, o que alteraria os preços ao consumidor e afetaria os padrões de consumo.

Em entrevista ao britânico The Guardian, os autores afirmaram que "influenciar o comportamento humano é um dos aspectos mais desafiadores de qualquer política e é pouco provável que uma mudança na dieta em grande escala aconteça voluntariamente, sem incentivos".

Embora a redução das populações de animais se apresente como uma forma clara para mitigar as emissões do agronegócio global, os agricultores e proprietários de terras têm inúmeras outras oportunidades de mitigação, muitas das quais oferecem co-benefícios ambientais e até econômicos.

Relatório do Worldwatch Institute destaca o cultivo de árvores lenhosas e perenes em terra como forma de sequestrar carbono, ao mesmo tempo em que ajuda a restaurar os solos, reduzir a contaminação da água e fornecer benefícios para o habitat dos animais selvagens.

Algumas práticas podem até mesmo resultar em aumento de renda para os agricultores, através de programas "cap-and-trade", onde ao criar e conservar áreas plantadas, os agricultores poderiam comercializar licenças de emissões.

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