28 Janeiro 2013
O Papa? Pratica uma política eclesiástica "voltada para o passado" e suspeita de querer levar a Igreja novamente para o período pré-Concílio Vaticano II. A cúpula da Igreja? "Distantes da realidade, reacionários e obstrucionistas".
A reportagem é de Alessandro Alviani, publicada no sítio Vatican Insider, 25-01-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Isso é o que pensam os fiéis alemães segundo um estudo do instituto Sinus e da sociedade de consultoria MDG (controlada pela Igreja alemã), realizado por meio de entrevistas em profundidade com 100 católicos pertencentes a diversos contextos sociais. Segundo a pesquisa, que retoma tal reviravolta em 2005, os fiéis alemães estão convencidos de que hoje a Igreja se encontra em uma "situação desoladora", cujo sintoma mais evidente é o escândalo dos abusos sexuais por parte dos sacerdotes.
Tal escândalo, escrevem os autores, provocou um "forte dano de imagem" até mesmo entre os católicos mais fervorosos, abalados na sua fé, e é visto como uma confirmação do "déficit de modernização" da Igreja, cuja credibilidade em geral foi prejudicada "maciçamente" não só por causa da revelação das acusações de abusos pedófilos, mas também pelo modo - considerado por muitos como insuficiente - pelo qual a Igreja as enfrentou.
Além disso, dogmas e regras internas que até alguns anos atrás eram aceitas tacitamente hoje são criticadas abertamente pelos fiéis: vai-se da "discriminação contra as mulheres" ao celibato, da condenação da homossexualidade, dos anticoncepcionais e do sexo fora do casamento até a marginalização dos leigos comprometidos com a vida eclesiástica.
O que cria descontentamento também é a reestruturação organizacional em curso na Alemanha, com a fusão, por exemplo, de várias paróquias por causa da carência de párocos.
Do estudo, surge também uma certa separação dos mais fracos: segundo os pertencentes às classes sociais mais baixas, um eventual desaparecimento da Igreja não teria importância.
Apesar das críticas, no entanto, os fiéis continuam procurando "orientação espiritual" e "sentido" na Igreja. A maioria dos entrevistados não quer abandonar a sua identidade católica, e poucos pensam em sair da Igreja.
O que os fiéis alemães esperam da Igreja, então? Mais competências para os leigos comprometidos, mais mulheres em papéis diretivos, a possibilidade de consagrar as mulheres como sacerdotisas, a eliminação do celibato, uma atitude diferente com relação à sexualidade e aos anticoncepcionais, a concessão dos sacramentos a todos os cristãos, independentemente da sua confissão ou da sua identidade sexual, menos ostentação e pompa, e menos abusos de poder, e uma maior concentração no amor a Deus e ao próximo.
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Alemanha: católicos inquietos e insatisfeitos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU