06 Dezembro 2012
No estado atual das coisas, o mundo claramente não está nos trilhos para conter o aumento da temperatura global da mudança climática abaixo de dois graus centígrados, que é considerado como sendo o limiar de perigo do aquecimento global.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) disse na semana passada que, na melhor das hipóteses, os compromissos atuais nos levariam a apenas metade do caminho de uma trajetória climática segura; e um relatório do Banco Mundial publicado na mesma semana mostrou alguns dos riscos de um mundo 4ºC mais quente. Qualquer pessoa envolvida seriamente com a ciência tem razão em se preocupar.
A reportagem é de Ed Davey, publicada pela revista Der Spiegel e reproduzida pelo Portal Uol, 04-12-2012.
Mas eu identificaria quatro motivos para manter a esperança. Primeiro, se agirmos, ainda podemos evitar os piores impactos da mudança climática. Tanto o relatório do Pnuma quanto um relatório da Agência Internacional de Energia (AIE), publicado uma semana antes, dizem que o tempo está se esgotando, mas que 2ºC ainda estão ao alcance se conseguirmos reunir a vontade política.
Segundo, o processo internacional pode ser lento, mas está apresentando resultados. Desde a conferência de Copenhague em 2009, os países responsáveis por 80% das emissões globais fizeram promessas de ação abrangendo toda a economia. Nós concordamos em Durban no ano passado em trabalhar pelo prazo de 2015 para negociação de um novo acordo global legalmente vinculante, e eu acredito ser razoável buscar um progresso passo a passo na direção desse acordo, começando em Doha.
Além de concordar com um plano de trabalho de alto nível visando um acordo global em 2015, eu quero ver algumas ações concretas para redução das emissões antes disso, a adoção de uma segunda prorrogação do Protocolo de Kyoto, com prestação de contas robusta e arranjos transparentes para aqueles não tratados por Kyoto, e dar aos países em desenvolvimento a tranquilidade da continuidade do fornecimento de ajuda financeira.
Melhorias por parte dos maiores emissores
Terceiro, nós estamos vendo uma ação séria por parte de muitos países, incluindo alguns dos maiores emissores. A Globe International relatou que as leis estão avançando em todas as maiores economias. O Brasil reduziu o desmatamento em cerca de dois terços desde o pico em 2004. A Coreia está gastando 2% de seu PIB em uma economia de baixo carbono. A China inseriu a eficiência em energia e metas renováveis em seu mais recente plano de cinco anos e está testando os mercados de carbono em sete de suas províncias.
No Reino Unido, nossos Orçamentos de Carbono fornecem um caminho claro para nossa meta de 2050, de redução de 80% das emissões. Nós estamos agindo na eficiência em energia e em uma infraestrutura mais inteligente. E eu apresentei recentemente um projeto de lei de energia que dará aos investidores e à indústria a estrutura atraente e a certeza de que precisam para fornecerem o investimento imenso em infraestrutura que o setor de energia britânico precisa.
Como resultado, nós estamos a caminho de atingir as metas estabelecidas pela Diretriz para Energias Renováveis da União Europeia e de atingir capacidade suficiente de geração renovável para sustentar 30% do consumo de eletricidade do Reino Unido a partir de renováveis até 2020.
Na UE, eu continuarei defendendo no ano que vem a mudança do corte de emissões de 20% para 30% em 2020, a adoção de metas de prazo mais longo em 2030, e um novo foco nos benefícios de uma Economia Verde, que fornecerão a clareza e a confiança que muitas de nossas empresas esperam de nós.
Uma mudança nos investimentos globais
Quarto, essa mudança é escorada por mudanças importantes na economia real. Segundo a Bloomberg, o investimento em energias renováveis superou o investimento em combustíveis fósseis pela primeira vez no ano passado. Nós estamos vendo a entrada de novas tecnologias de energia renovável no mercado, competindo com sucesso. Sistemas solares fotovoltaicos apresentaram em média um crescimento anual global de 42% ao longo da última década; a energia eólica apresentou uma média de 27%.
Em alguns mercados, o preço de algumas tecnologias solares caiu até 75% nos últimos três anos e agora são mais baratas do que combustíveis fósseis em muitas partes da África e do Sul da Ásia. Empresas como Unilever, Vodafone, Walmart e Kingfisher estão estabelecendo metas ambiciosas para tornar suas cadeias de fornecimento mais sustentáveis. Não se trata apenas de uma estratégia de marketing: a crescente escassez de recursos e o estresse climático fazem com que uma produção sustentável, resistente, seja boa do ponto de vista dos negócios. Como vimos no Rio neste ano, as empresas agora estão determinando a agenda para os governos.
Eu busco expandir a liderança dessas empresas com um novo programa para tratar das causas do desmatamento. Na quinta-feira, em um evento promovido pelo Príncipe Charles, eu apresentei planos para trabalhar com o setor privado e com os países que possuem florestas tropicais para que a madeira e os alimentos que compramos não causem desmatamento. E juntamente com os Estados Unidos, Noruega, Alemanha e Austrália, eu me comprometi em acelerar nossos esforços para deter o desmatamento, para termos uma chance de permanecer dentro dos 2ºC.
O Reino Unido exerceu um papel significativo na obtenção de um compromisso em Durban no ano passado, ao negociar um novo acordo legalmente vinculante até 2015 e não vamos diminuir nossos esforços. Tratar da mudança climática perigosa é uma tarefa complexa, mas no Reino Unido nós estamos determinados a enfrentar o desafio, trabalhando junto com todas as partes na ONU visando nossa meta compartilhada de limitar o aumento da temperatura a dois graus e impedir os piores efeitos da mudança climática.
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Quatro motivos para se ter esperança no controle das mudanças climáticas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU