Por: Jonas | 04 Dezembro 2012
Convidados para participar do processo de Julgamento Ético do Parlamento, [as observadoras e observadores] pronunciaram-se sobre o golpe de Estado, o massacre de Curuguaty, os presos políticos, a resistência das pessoas e a violência das forças policiais na madrugada de quinta-feira, dia 22 de novembro, contra os manifestantes que faziam vigília em apoio aos camponeses presos. O texto é publicado no sítio Serpaj Py, 22-11-2012. A tradução é do Cepat.
Eis o pronunciamento.
Tendo acompanhado o processo e assistido a audiência pública final do Julgamento Ético do Parlamento, como observadoras e observadores internacionais, expressamos o seguinte:
Condenamos o golpe de Estado do último mês de junho e a interrupção do processo constitucional democrático resultante do mesmo. Um golpe de Estado que é um atropelo à vontade da sociedade paraguaia, com intenção de encaminhar o país para o aprofundamento de um modelo econômico e social que deixe toda a sociedade vulnerável, em favor do benefício de uma minoria nacional e de algumas corporações transnacionais, e com a interrupção das políticas de unidade e integração latino-americanas.
Após escutar as acusações da Equipe Investigadora e as palavras e vivências dos e das testemunhas, afirmamos que não há dúvidas sobre a subjugação do povo paraguaio, realizado pelo golpe parlamentar e o modelo político que representa. Este julgamento é um testemunho do atropelo de todos os direitos fundamentais e garantias do povo, especialmente dos povos indígenas e das comunidades campesinas.
Especialmente, queremos mencionar que os acontecimentos de Curuguaty, que precederam e foram preparando o golpe de Estado, significaram um atentado aos direitos à vida e ao ambiente saudável. Neste caso, a negligência do Estado é maior, pois não somente não garante estes direitos, mas é gerador de cenários de morte.
Queremos avaliar que o julgamento de hoje significa um marco no processo de criação da Plataforma de Organizações pela Democracia, que se articulou após o golpe de Estado e que se apresenta como um espaço de construção de um projeto democrático.
Ressaltamos o rigor da investigação do julgamento, construído com provas cabais, além da solidez moral das pessoas componentes do Tribunal Ético.
Finalmente, condenamos a repressão e as mortes do massacre de Curuguaty. Repudiamos a repressão aos jovens acampados em frente à Promotoria Geral do Estado. Lamentamos que diante da reivindicação contra a injustiça aos camponeses presos, a resposta estatal seja mais uma vez a repressão.
Exigimos uma solução humanitária urgente em relação à situação dos quatro presos em greve de fome, e a liberdade imediata e incondicional da totalidade dos presos e presas políticos.
Fazemos uma convocação internacional para que se multiplique a solidariedade com o povo paraguaio na luta pela democracia, liberdade e justiça.
Nunca mais Golpes de Estado em Nossa América.
Nora Cortiñas - Mãe da Praça de Maio, Linha Fundadora
Jubileu Sul Américas
Melissa Cardoso – Integrante da Frente Nacional de Resistência Popular de Honduras
Kathrin Buhl – Fundação Rosa Luxemburgo da Alemanha
Claudia Korol – Equipe de Educação Popular Lenços em Rebeldia, da Argentina
Robert Grosse – Equipe de Assessoria Local, Misereor – Cone Sul.
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Pronunciamento das observadoras e observadores internacionais no Julgamento Ético do Parlamento paraguaio - Instituto Humanitas Unisinos - IHU