A silenciosa expansão do movimento 15-M

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Por: Jonas | 09 Mai 2012

Primeiro eles se indignaram e agora buscam soluções. O movimento 15-M não afrouxa. Muitas de suas ações acontecem longe dos holofotes. Milhares de iniciativas das assembleias cidadãs brotam nos bairros e povoados, tornando-se uma rede de apoio, em tempos de desmantelamento do Estado de bem-estar.

A reportagem é de Joseba Elola, publicada no jornal El País, 05-05-2012. A tradução é do Cepat.

Era meados de julho, pleno verão em Madri, e a assembleia de San Blas se reunia, todas as segundas-feiras, às seis da tarde. A assembleia de San Blas é apenas uma dessas, do 15-M, que permanecem ativas – o movimento decidiu descentralizar-se e mudar sua ação para os bairros, assim que nasceu.

Cerca de quarenta pessoas se reuniram na Praça Branca para abordar a criação de um banco do tempo, um sistema de trocas de serviços entre os vizinhos, sem necessidade de uma moeda. Israel, informático, colocou em ação este sistema no mesmo dia. Ele precisava arrumar umas cortinas em sua casa. Na assembleia estava Flori, de 56 anos, ex-costureira. Eles entraram num acordo: ela precisava de alguém que arrumasse o seu computador.

Sinergias Cooperativa San Blas é hoje uma cooperativa que conta com três encanadores, dois eletricistas, oito professores, três vendedores, dois motoristas, um montador de coberturas, um marceneiro, um balconista, dois zeladores, três montadores e dois jardineiros. É uma das muitas cooperativas que nasceram no calor do 15-M. Nelas são trocados serviços, além de serem oferecidos para terceiros.

Durante este ano, desde o levante cidadão, em maio de 2011, parte do 15-M passou da indignação para a ação. Existem aqueles que se uniram para protestar e aqueles que estão unidos para continuar trabalhando.

Os mais ativos continuam reunindo-se nas praças de bairros e povoados, organizando assembleias, compartilhando problemas e, desde outubro passado, data em que o movimento se tornou global, dedicam esforços na busca de soluções. O 15-M se expande silenciosamente pelos bairros. Expande-se como se expandiam as saias de Carlos III, naqueles dias em que os cidadãos se levantaram para protestar, as saias formavam as barracas que, dia após dia, se estendiam pela Puerta del Sol; barracas que, a cada dia, abrigavam um novo ambiente: uma cozinha, uma biblioteca, uma creche para as crianças, um centro de comunicação.

As assembleias, em cada bairro, significam que toda semana um grupo de pessoas se reúne para buscar soluções; a interconexão de cérebros traz novas ideias, novas iniciativas; assim é que acontece, semana após semana, em cada assembleia e em cada praça. Basta entrar na página tomalaplaza.net para se observar o grande número de iniciativas que fioram geradas em um ano de vida do movimento. Nesta página, cada grupo deposita as atas das suas reuniões, em que fazem diagnósticos da situação e propostas com soluções alternativas.

É assim que está funcionando o 15-M: milhares de cérebros conectados, nas praças e nas redes, fazendo a costura de um colchão contra a crise. Num momento em que o Estado de bem-estar se desvanece, justamente quando o paciente mais precisa dele, verifica-se o embrião de uma economia paralela, subterrânea e alternativa. São tempos difíceis: um quarto da população está parado e, frente ao salve-se quem puder, o 15-M oferece um espírito colaborativo, uma ação em rede.

Inclusive, no bairro San Blas eles estão pensando em criar sua própria moeda, para regular as trocas de serviços. E já sabem como será chamada: “blasón”. “Nós não somos indignados, somos iludidos”, disse Israel, o informático. “Desde pequeno você tem que competir, quando o correto seria compartilhar; compartilhar a vida, em geral”. Israel está encantado com o modelo de economia alternativa que está germinando no bairro.

Sua cooperativa é uma das muitas redes de autoajuda que nasceram do 15-M; como a Rede de Ajuda Mútua do bairro madrilenho de Aluche, que nas quintas e sextas-feiras recolhem os excedentes de comércios e restaurantes e, nas sextas-feiras à tarde, repartem entre os moradores mais necessitados; além das iniciativas nos arredores rurais, que estão tendo pontes entre as cidades e os povoados para que sejam desenvolvidas hortas ecológicas, que reduzam a dependência alimentar; ou, ainda, os mercados de troca, como o que é organizado pela Assembleia do bairro madrilenho da Concepción - que também desenvolve a experiência da horta ecológica. No último domingo do mês, os moradores vão até o parque Calero e trocam livros, brinquedos, roupa, tudo – sem medir isto pelo dinheiro.

As pessoas também se organizam para outros fins. Para obstruírem as operações policiais contra imigrantes, como é o caso das brigadas de observação dos direitos humanos, do bairro de Lavapiés. Também para enfrentarem os bancos, como as cooperativas de devedores da Catalunha (CASX, Cooperativas de Autofinanciamento Social em Rede), em que os devedores se juntam para dar uma resposta conjunta à entidade financeira credora. “Este será o ano das cooperativas”, prevê Arturo de Bonis, ativista do 15-M e membro da Cooperativa de Sinergias. “Existe uma necessidade de auto-organização; é uma forma de caminhar adiante”, explica. De Bonis é engenheiro industrial, tem 55 anos e tem trabalhado como economista para o Banco Mundial. Ele reivindica que esta maneira alternativa de funcionar é um canal para fazer frente: “ao desapego dos trabalhadores e dos próprios empresários para suas próprias empresas”. E se explica: “Os empresários já não sentem as empresas como suas, mas como um mero veículo para o benefício: se precisar vender o chão sobre o qual está a fábrica, eles vendem”.

De Bonis disse que, hoje em dia, da maneira como está funcionando a economia, quase não compensa ser acionista. “Hoje, é melhor emprestar dinheiro do que ser acionista: quem empresta sempre irá cobrar, o acionista não. O mundo da empresa tem se financeirizado. O movimento 15-M deve oferecer uma alternativa ao sistema atual”.

De Bonis conta que, desde outubro passado, o movimento entrou numa fase de construção, mais do que de protesto. “O desemprego é um enorme problema, mas também uma oportunidade: podemos criar uma economia alternativa e paralela. Existe 25% da população que pode nos ajudar, este é o grande desafio do movimento”. Diante da economia virtual e do conceito de dinheiro que possui o 1% da população, que acumula a riqueza, ele defende a economia real dos 99%.

De Bonis está acompanhando de perto a evolução da Sinergias Cooperativa San Blas, uma experiência que ilustra perfeitamente como está funcionando a ramificação e descentralização do 15-M. Ele fez parte do grupo de trabalho de Economia de Puerta del Sol. Foi incorporado ao grupo no dia 16 de maio do ano passado, no dia seguinte da manifestação.

Esse grupo de Economia foi dividido em diferentes subgrupos, um deles foi o do emprego. Da assembleia de desempregados nasceu o grupo de cooperativas e autoemprego. Daí surgiu uma nova ramificação, a Cooperativa de Sinergias, cuja finalidade era criar redes econômicas alternativas. Esta proposta, nascida ao calor do sol, acabou descentralizando-se para os bairros; e, agora, em cada bairro vão florescendo cooperativas como a de San Blas.

“El 15-M foi uma explosão na rua, mas tem espalhado sementes por todos os bairros”, disse Lola A. Díaz, locutora da Ágora Sol. Muitos dos que seguem iniciativas ligadas ao 15-M passaram pelo estúdio desta rádio. A Ágora Sol foi pioneira na concessão de voz aos indignados madrilenos. Porém, o setor dos meios de comunicação, afinados com o 15-M, não tem se resumido somente a ela. Também se expande. A revista madrid15m já se encaminha para a terceira edição. No último dia 28 de abril, era apresentado no Centro Sociocultural Eko Carabanchel, o Toma La Tele, um projeto de televisão indignada.

Agora, a questão do emprego é o centro de grande parte dos esforços e das reflexões dos ativistas. Na terça-feira passada, numa chuvosa tarde do 1º de maio, apresentou-se mais uma iniciativa, a chamada Oficina Precária, uma ferramenta de defesa dos desempregados. “Estamos cobrindo o vazio deixado pelos sindicatos, tentando chegar aonde não chegam”, conta Abel Martínez, da Juventude Sem Futuro, um dos incentivadores deste projeto. Economista e jornalista de 24 anos, explica no que consiste o invento, enquanto fuma um cigarro. A Oficina Precária (www.oficinaprecaria.net) se ocupará, sobretudo, dos que não tem emprego, dos bolsistas explorados, dos falsos autônomos; oferecerá assessoria legal; e incentivará o trabalho cooperativo.

Inspira-se na luta contra os despejos, o grande cavalo de batalha do 15-M. Nesse sentido, usam as redes sociais para apontar as empresas que cometem abusos. Pretendem dar visibilidade aos atropelos que as empresas cometem, em matéria trabalhista. Enquanto isso, a luta contra o despejo segue seu curso. A Plataforma de Afetados pela Hipoteca (PAH) já existia antes do 15 de maio. Foi fundada em novembro de 2010. Porém, dos mais de 250 despejos que conseguiram parar, mais de 180 foram com o apoio do 15-M. “Nos primeiros despejos tínhamos que fretar ônibus para juntar forças”, recorda Ada Colau, porta-voz da PAH, em conversa telefônica, de Barcelona. Com o apoio do 15-M, ela disse que tudo mudou de um dia para o outro. “Observamos como um rio de pessoas se somava a esta causa. Faltava uma rede de proximidade”.

Esta batalha do 15-M seguiu o mesmo padrão de descentralização. “Os próprios bairros administram seus despejos”, explica Lidia, uma jovem ativista madrilena. “A PHA oferece os advogados e a assembleia uma alternativa ocupacional”. Em outras palavras: se alguém fica na rua, a própria assembleia encontra as possibilidades de ocupação que existem no bairro.

Lidia compõe o grupo que encaminhou a Oficina de Moradia, uma iniciativa com a qual se pretendia criar grupos de afetados e assessorar de frente cada ocupação. Sentada no luminoso pátio da Casablanca, um centro ocupado na rua Santa Isabel, tomando um café, Lidia explicou que uma das conquistas do 15-M foi ter despertado uma sensibilidade social acerca da ocupação. “Antes, toda ocupação era vista como ruim. Agora, as pessoas não a veem como algo bom, mas admitem que existam situações em que podem acontecer”. Com esta ideia concorda Violeta, 60 anos, consultora de projetos de cooperação e ex-participante da Democracia Real Já. “As ocupações tem sido regularizadas. As pessoas já quase as veem como um direito”. Lidia assegura que o “impacto senhoras” tem sido muito importante: quando a polícia chega para um despejo, em que os moradores estão tentando parar, não é o mesmo despejar um jovem com rastafári se comparado ao despejo de uma senhora de 60 anos.

O sociólogo Miguel Martínez considera que, na Espanha, os movimentos de moradores estavam engessados e o 15-M veio para revitalizá-los. “Está sendo criada uma estrutura descentralizada semelhante à da Transição, nos finais dos anos 70”, sustenta. Este experto em movimentos sociais, professor da Universidade Complutense, considera que o movimento 15-M está mais vivo do que nunca. Ele aponta que o único impacto que produziu no Congresso dos Deputados foi a aceitação do projeto da Iniciativa Legislativa Popular em favor do pagamento por meio da entrega do imóvel hipotecado.

“O 15-M revitalizou a cultura política de uma maneira espantosa”, declara Víctor Sampedro, professor de Opinião Pública na Universidade Rey Juan Carlos. O debate sobre a transparência; sobre o tratamento privilegiado aos bancos; a defesa dos direitos dos cidadãos com a maré verde (educação); a maré azul (contra a privatização da água); a maré roxa (em apoio aos desempregados); o questionamento da lei eleitoral. “Está sendo produzido um autêntico questionamento da administração da crise pelos socialdemocratas e conservadores”, argumenta o sociólogo Miguel Martínez. “Entraram novas vozes, novos temas”, disse Sampedro. “Estão sendo quebrados os pactos e silêncios obrigatórios da cultura de transição. O problema é que muitas pessoas enxergam com as lentes do século XX, as expressões que antecipam a democracia do século XXI”.

A expansão continua. Existe uma auditoria cidadã da dívida sendo encaminhada. E está a ponto de ser apresentado o Tribunal Popular Indignado, com o qual se pretende que as pessoas da rua julguem as ações da classe política e econômica. Para além dessa parafernália, explica uma das promotoras, almeja-se tornar esse tribunal uma ferramenta de recuperação de provas que possam ser apresentadas diante da justiça ordinária.

“Estamos em uma nova etapa de evolução democrática, na qual a sociedade está muito mais politizada, sem ser conduzida pelos partidos políticos”, argumenta Miguel Martínez. “O 15-M é uma conquista da sociedade civil: tem conseguido manter uma estrutura de assembleia sólida, democrática e transparente: todas as atas estão na Internet”.

Isto se certifica na página tomaplaz.net, uma referência para este movimento cidadão. Está tudo ali: convocações, notícias, vídeos, conclusões dos grupos, comunicados, crônicas das manifestações e resumos das assembleias. Através de cliques, pode-se acessar tudo o que foi produzido pelo 15-M. Existem 51 subdomínios que correspondem a 51 cidades, sendo que 1037 coletivos colaboram com conteúdo da página.

“É algo muito bom para sentir o ambiente”, disse Marta, uma das oito pessoas que em Madri coordenam a atividade da página, sentada próxima de outro membro do grupo, José, na biblioteca do centro ocupado de Tabacalera. O ambiente sentido é de que existe o desejo deste novo encontro global, em maio, chamado 12M15M.

Ouvem-se ecos de música vindos do interior do edifício Tabacalera, um dos centros nevrálgicos do movimento indignado em Madri. Hoje terá festa. Um grupo apresenta ritmos africanos. Arrecadam-se fundos para a chamada caixa de resistência. A multidão, que enche a sala, dança. Tudo o que se arrecadar nos bares será destinado para pagar as multas daqueles que fotografam a polícia, quando esta efetua batidas em busca de imigrantes no bairro.

Paira certa preocupação sobre como poderão atuar as forças da ordem em face do próximo sábado. “A polícia está elaborando listas de perseguição”, assinala José. Juan López, um dos porta-vozes do Acampamento Sol, disse que não se está incentivando para acampar, mas que será inevitável que alguns tentem.

Esta semana vazou no jornal 20 minutos, a notícia de que uma equipe da Brigada de Informação da Polícia Nacional, tradicionalmente dedicado à luta contra o terrorismo, recebeu ordem de vigiar líderes do 15-M. “É uma estratégia comunicativa para meter medo”, afirma Aitor, membro da DRY, de Barcelona: “Querem tornar um conflito social num conflito de ordem pública”. Aitor sustenta que o PP está negando o direito dos cidadãos de terem acesso ao espaço público.

Víctor Sampedro, professor de Opinião Pública, mostra-se preocupado com a atitude do PP diante do movimento 15-M: “Estão tentando defini-lo como um movimento radical e antissistema”.

Paira, também, certa tristeza num dos casos; e uma considerável indignação, em outros, diante das turbulências que tem sacudido a Democracia Real Já (DRY), a plataforma que acendeu o fogo, no dia 15 de maio de 2011, com esse lema que reuniu tantas vontades: Não somos mercadoria nas mãos dos políticos e banqueiros.

No último dia 22 de abril, uma facção da organização, liderada por Fabio Gándara e Pablo Gallego, transformou-se numa Associação. Pouco depois de se espalhar a notícia, a maior parte das contas de Twitter, da DRY no resto da Espanha, se rebelou contra esta iniciativa.

A plataforma já vive duas semanas de guerra fratricida nas redes. Têm sido arejados todos os tipos de trapos sujos. Dos 29 agrupamentos da organização, somente dois concordam com os propulsores da associação, segundo destacam os críticos.

A imensa maioria dos consultados, para a elaboração desta reportagem, desaprova a iniciativa de Gándara, acusado de personalismo. O jovem advogado decidiu voltar um passo: apoiará a associação, mas sem colocar-se à frente, disse.

Restam poucos dias para o novo encontro do movimento com as praças. Um encontro que, como no dia 15 de outubro, será global. O 15-M e o movimento Ocuppy Wall Street é quem está coordenando. O encontro está marcado na agenda de mais de 1000 cidades.

Alguns protagonistas dessas organizações na Espanha

Ábel Martínez, 24 anos. Madri. Licenciado em ciências econômicas, faltam três matérias para se formar em jornalismo. É membro da Juventude Sem Futuro, incorporando-se na organização desde o seu surgimento, em fevereiro de 2011. Considera que o 15-M abriu uma via para a participação política. “As pessoas comuns podem fazer política: não precisa mais acorrer às assembleias dos bairros”, sustenta. Considera imprescindível a geração de uma rede de economia social. “O 15-M é um espírito, uma forma de organizar-se e de protestar de forma pacífica”.

Adoración Guamán. Nasceu em 1977. Valência. Professora titular de Direito do Trabalho e Seguridade Social na Universidade de Valência. É coautora, junto com Héctor Illueca, do livro “O furacão neoliberal: Uma reforma trabalhista contra o trabalho” (Sequitur-Ceps). “O 15-M tem colocado em debate temas que eram tabu, inquestionáveis, como a falta de democracia, a Constituição Espanhola, a Transição ou a Coroa”, afirma. “Agora, no primeiro aniversário, a situação é pior que há um ano. Todos nós sentimos que é necessário reagir de maneira mais contundente”.

Luis Alis. Nasceu em 1948. Valência. Aposentou-se após trabalhar quase toda a sua vida na mesma multinacional. É membro da Comissão Jurídica do 15-M de Valência. “Pela minha condição de aposentado, faço como meus semelhantes, só que ao invés de olhar para as obras, observo os avanços do movimento”. Ele recolhe assinaturas para iniciativas legislativas nas concentrações contra os despejos. É membro da assembleia de seu bairro e também de uma ou outra comissão. “Colaboro com as minhas possibilidades, tento ajudar a mudar a situação atual”.

Sofía de Roa, 27 anos. Madri. Trabalha no vice-reitorado de pesquisa da Universidade Rey Juan Carlos. Incorporou-se ao 15-M como membro do Estado do mal-estar. Trabalha na emissora Ágora Sol, no programa “Pão e Circo”. “O movimento do 15-M não está morto”, disse. “Os políticos sabem que uma parte da população está acordada e atenta”. Argumenta que o movimento seguirá somando forças graças aos cortes do Governo do PP. “Tudo isto permite que nos encontremos nas praças, criando redes de comunicação”.

Ángel Madrid, 27 anos. Sevilha. Trabalha na Universidade Pablo de Olavide. É um dos promotores de um dos pilares regenerativos do sistema de representação parlamentar: Democracia 4.0. “O objetivo é possibilitar a participação dos cidadãos no Congresso, por meio das novas tecnologias, e aproximar a política dos cidadãos”, explica. “Com o 15-M as pessoas têm notado que existem canais participativos por meio da própria cidadania. Não devemos esperar sempre que os outros façam”.

Ysabel Torralbo, 40 anos. Málaga. Advogada. “A conscientização social para o entendimento de que os problemas estão ao alcance de qualquer um é a principal conquista do 15-M”, defende esta letrada que desempenha o papel de ativista. Torralbo tem se desempenhado, na Plataforma dos Afetados pela Hipoteca (PAH), para conquistar um sistema de aluguel social e a promoção de cooperativas de moradias. Prepara a próxima manifestação do 12-M por meio de uma oficina sobre a não violência.

Ada Colau, 38 anos. Membro do Observatório DESC, uma plataforma para os direitos econômicos, sociais e culturais. “Notei que tinha um objetivo em comum com a Democracia Real Já. Foi assim que me decidi colaborar com a Comissão de Moradia”. O 15-M continua colhendo êxitos: “Temos mudado o imaginário coletivo... evitado que as pessoas vivam a crise na solidão. O 15-M tem generalizado a prática da desobediência civil pacífica”.

José I, 31 anos. Madri. Professor de Inteligência Artificial na Universidade. Trabalha no grupo de Difusão em Rede de Madri e na página web tomalaplaza.net. “Indigna-me que estejamos vivendo num mundo que não é feito para as pessoas, mas para os bancos e as grandes empresas”, declara. “Existem pessoas que esperavam que por meio do movimento 15-M começasse a revolução, um novo mundo, e que têm ficado frustradas”.

Violeta Fernández, 60 anos. Madri. Consultora de projetos de cooperação. Participa na Assembleia do bairro de Chamberí. Foi membro da Democracia Real Já. “O movimento 15-M se consolidou nos bairros”, disse. Porém, também tem algumas falhas. “Talvez esteja pecando no excesso de inclusão ao dizer: ‘aqui cabem todos’; fascistas e liberais, que defendem os cortes, não cabem”.

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