05 Mai 2012
As obras em todas as frentes de trabalho da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, o maior empreendimento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), devem ser retomadas a todo vapor, após a greve de 12 dias dos trabalhadores do Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM), a partir de segunda-feira. Pelo menos é essa a previsão do consórcio.
A reportagem é de Fátima Lessa e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 05-05-2012.
Os cerca de 7 mil trabalhadores decidiram cruzar os braços em 23 de abril exigindo aumento do valor da cesta básica e redução do período da visita à família (para migrantes) de seis para três meses. Apesar do clima tenso, não houve nenhum ato de violência. O retorno ocorre aos poucos desde ontem.
A greve foi decretada ilegal pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 8.ª Região, que estipulou multa de R$ 200 mil por dia parado. E na Vara da Justiça do Trabalho em Altamira o CCBM conseguiu liminar em interdito proibitório onde também foi estipulada multa caso os trabalhadores fizessem barricada no Travessão do km 27 da Transamazônica, principal acesso aos canteiros da usina. No dia 27, o TRT suspendeu a decisão até 1.º de maio. Os trabalhadores deveriam ter retornado no dia 2.
O Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada do Pará (Sintrapav/PA) informou que a greve foi encerrada por pressão das decisões jurídicas. O vice-presidente do Sintrapav/PA, Roginel Gobbo, alega que o clima no primeiro dia após o movimento é imprevisível. Segundo ele, não houve tempo de fazer assembleia com os trabalhadores.
Porém, a decisão de decretação da ilegalidade com o retorno imediato foi suspensa por cinco dias para que houvesse tempo de comunicar aos trabalhadores nos cinco sítios: Pimental, Belo Monte, Canais e Diques, Acessos e Infraestrutura.
Apesar de não ter conseguido atendimento aos dois itens durante a mais longa greve até agora nos canteiros da usina, o Sintrapav obteve avanços nas duas rodadas de negociação: equiparação salarial entre os trabalhadores das empresas que compõem o CCBM, participação nos lucros e resultados retroativa a janeiro deste ano, lavagem dos uniformes e locais para instalação permanente do sindicato na obra. Em seis meses, houve quatro paralisações nas obras do empreendimento.
O sindicalista disse ainda que o próximo passo é tentar judicialmente uma revisão do acordo coletivo, já que quando ele foi assinado a situação dos canteiros era outra. Para decretar a greve ilegal, o TRT argumentou que o acordo ainda está em vigor e não tem nenhuma cláusula sendo descumprida.
Na quinta-feira, uma comissão composta por três deputados federais visitou os sítios de Belo Monte. Segundo a assessoria da Câmara, eles "foram verificar as condições de trabalho no local e buscar uma solução para a greve".
FECHAR
Comunicar erro.
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Termina paralisação de operários de Belo Monte - Instituto Humanitas Unisinos - IHU