19 Novembro 2011
A esquerda mexicana decidiu na terça-feira, dia 15, repetir o candidato nas eleições presidenciais de 2012. Andrés López Obrador, que foi derrotado por apenas 0,56% dos votos pelo atual presidente, Felipe Calderón, em 2006, foi o vencedor das duas pesquisas paralelas que o Partido da Revolução Democrática (PRD) realizou entre a população. O aspirante perdedor, Marcelo Ebrard, atual chefe de Governo do Distrito Federal e que representa a ala moderada do PRD, aceitou sem reservas o resultado. “A esquerda dividida apenas iria ao precipício”, afirmou.
A reportagem é de Luis Prados e está publicada no jornal espanhol El País, 16-11-2011. A tradução é do Cepat.
As duas pesquisas, de metodologia e amostragem semelhantes, se basearam nas respostas da população a cinco perguntas. Ebrard foi o vencedor naquelas que se referem à simpatia e boa opinião do candidato numa lista de vários. No entanto, nas que tratavam sobre a intenção de voto direta entre ele e López Obrador, ganhou o velho caudilho da esquerda populista mexicana.
Ebrard acatou o veredicto das pesquisas e renunciar partir para um processo de decisão interna no partido, via prévias. Destacou que os objetivos das pesquisas eram “garantir uma candidatura unitária, garantir a seleção do candidato a partir das preferências dos eleitores e criar as bases para uma nova etapa para a esquerda progressista”, e que os três objetivos foram cumpridos. Prometeu dar todo o seu apoio ao AMLO, como López Obrador é conhecido, e defendeu “abrir passagem para uma frente ampla que supere as lutas entre facções”.
López Obrador, por sua vez, anunciou a criação de uma frente ampla, inspirado no Uruguai, e que concorrerá às eleições com o nome de Movimento Progressista. Se desmanchou em elogios ao seu concorrente – “amigo, companheiro e um dirigente político extraordinário” – e garantiu que ambos se complementam.
O candidato de 2006, que convocou todos os setores progressistas a unirem forças para “transformar o México em um país mais justo e igualitário”, não resistiu à sua velha retórica e afirmou: “Vamos todos juntos sem ódio nem rancores construir uma república amorosa”. A escolha de López Obrador torna-se pública dois dias depois da derrota sofrida pelo PRD no Estado de Michoacán, um bastião histórico da esquerda mexicana e que estava no governo nos últimos 10 anos.
López Obrador, representante da ala radical do PRD e ponto de união de uma infinidade de “tribos” e entidades sociais de esquerda, não atrai, segundo as pesquisas, as classes médias mexicanas apesar da sua aproximação, nos últimos meses, ao setor privado. Seu teto eleitoral atual está em 15% da intenção dos votos e sua candidatura facilita as coisas para a volta ao poder do Partido Revolucionário Institucional (PRI), favorito nas pesquisas.
Marcelo Ebrard, pelo contrário, tem um grande poder de atração entre os setores mais modernos da sociedade mexicana e sua gestão à frente do governo da capital federal goza de uma aceitação superior a 60%. Como prefeito da Cidade do México destacou-se por sua política de ampliação dos direitos cidadãos – legalizou o matrimônio homossexual – e sua defesa do meio ambiente. Nas rodas de conversas sobre assuntos políticos, todos acreditavam que Ebrard, de 52 anos, na verdade está de olho nas eleições de 2018.
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A esquerda mexicana lança novamente López Obrado como candidato a presidente - Instituto Humanitas Unisinos - IHU