Consumo coletivo atrai até montadoras

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25 Outubro 2011

Misture um pouco de escassez dos recursos naturais, uma pitada de consumo consciente, adicione o veloz avanço das redes sociais e das tecnologias de código aberto ("open source").

A reportagem é de André Palhano e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 25-10-2011.

O resultado dessa receita é o que muitos especialistas classificam como uma autêntica revolução no modo como se consomem e se usam produtos e serviços na sociedade: a economia compartilhada, ou economia "mesh" (rede, em inglês). É uma mudança e tanto. Indica que diversos produtos e serviços hoje consumidos individualmente podem ser acessados de maneira coletiva, sem que isso represente perdas de qualidade ou de satisfação do usuário. Pelo contrário: resolve problemas gerados justamente pelo excesso do uso individual. Caso, por exemplo, do trânsito caótico nos grandes centros urbanos.

"Estamos falando da transição de uma economia fortemente lastreada na propriedade para uma economia do compartilhamento, em que o acesso e o uso valem mais do que a posse, com a vantagem de não termos as preocupações associadas à propriedade", afirma Victor Viñuales, diretor da fundação espanhola Ecodes (Ecologia e Desenvolvimento).

Serviços de compartilhamento de automóveis e bicicletas, espaços de trabalho coletivos, ferramentas para uso geral em condomínios, e até compartilhamento de bolsas de luxo ganham espaços nunca antes imaginados, graças à facilidade de acesso e troca nas redes sociais.

Conhecimentos e habilidades pessoais também funcionam como moeda de troca nesse ambiente de compartilhamento. É o caso do Circuito Fora do Eixo, uma rede de coletivos artísticos que, com base no conceito de trabalho colaborativo, foi criada para produzir e divulgar shows de bandas independentes. Com somente cinco anos de existência, conta atualmente com representações em 26 Estados brasileiros e viabiliza dezenas de produções artísticas anualmente.

GRANDES EMPRESAS

A tendência também começa a chamar a atenção de grandes empresas. No Japão, a Toyota anunciou um ambicioso projeto de compartilhamento de carros elétricos entre vizinhos a partir do ano que vem. Em março deste ano, a BMW anunciou com pompa seu programa de compartilhamento de automóveis, o DriveNow. Na Europa, as empresas de compartilhamento de bicicletas finalmente saíram do vermelho.

"É um olhar completamente novo sobre como utilizamos as estruturas disponíveis na sociedade, ou seja, como utilizamos o "hardware", o tangível, no qual a economia dos séculos XIX e XX sempre foi fortemente lastreada.
Estamos falando agora de uma economia cujo maior valor está nos intangíveis, ou seja, no "software"", afirma
Lala Deheinzelin, especialista em Economia Criativa e Sustentabilidade. Mais do que um sonho coletivo, a ideia da economia compartilhada tem uma base fundamentalmente econômica, que é o aproveitamento eficiente dos produtos e serviços oferecidos na sociedade.

O conceito é uma resposta e tanto para um dos maiores desafios do desenvolvimento sustentável: atender os anseios de consumo da base da pirâmide social em um cenário de escassez dos recursos naturais. 

Site brasileiro oferece "caronas" para a aula

Transporte compartilhado para universitários e executivos, sites que promovem trocas de brinquedos, além de empresas de acessórios que se apresentam coletivamente em feiras e eventos, são somente alguns dos exemplos de setores que já praticam os conceitos da economia compartilhada no Brasil.

A iniciativa Criadores Brasil Acessórios é um exemplo interessante do conceito. Com diversas empresas do ramo de acessórios e bijuterias (Acessórios Modernos, Claudia Arbex, Falso Brilhante, Madamismo e Rose Benedetti, entre outras), o projeto uniu forças para que as marcas tivessem maior representatividade em feiras e eventos no Brasil e no exterior.

A ideia é promover também uma rica troca de fornecedores e materiais. "O mais interessante é que as empresas não perderam identidade própria, virando um grande conglomerado. Pelo contrário, o compartilhamento de estruturas e conhecimentos gerou mais força para todas as marcas e reforçou a identidade de cada uma", diz a especialista em Economia Criativa e Sustentabilidade Lala Deheinzelin.

Inaugurado em 2009, o serviço de compartilhamento de carros ZazCar é também uma experiência bem sucedida. De lá para cá, somou 48 mil horas utilizadas e viu sua base de clientes pular de 40 para 550 usuários em pouco mais de dois anos. Até dezembro, a empresa expandirá os serviços para mais regiões de São Paulo e aumentará sua frota de veículos.

"Temos um índice de satisfação muito alto, com mais de 90% dos usuários classificando o serviço como bom ou excelente. Ao mesmo tempo que representa geralmente um ganho da qualidade de vida, cada carro compartilhado tira, em média, cinco veículos particulares das ruas", afirma Felipe Barroso, fundador da empresa.

O site Campus Aberto, que permite aos universitários compartilhar o transporte para a faculdade, é um outro exemplo. Por meio de um sistema inteligente que mapeia as rotas e horários de cada pessoa, a página oferece opções para estudantes que querem tomar ou oferecer carona na hora de estudar.

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