03 Outubro 2011
Os indígenas bolivianos que protestam contra a construção de uma estrada que atravessará sua reserva natural negaram ontem a acusação do presidente Evo Morales de que querem prejudicar as eleições judiciais do dia 16. No fim de semana, eles retomaram a marcha da Amazônia boliviana até La Paz, uma semana depois de serem reprimidos com violência pela polícia.
A reportagem é da Agência Efe e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 03-10-2011.
O porta-voz do Território Indígena Parque Nacional Isiboro-Sécure (Tipnis), Adolfo Moye, disse que a marcha nunca teve a intenção de prejudicar ou criar obstáculos para a eleição. Segundo ele, desde 15 de agosto, quando a marcha teve início, o grupo parou várias vezes para tentar negociar com o governo.
"Deveríamos ter chegado a La Paz no final de setembro, mas, como bloquearam a passagem, a marcha atrasou", disse Moye, ao admitir que chegarão à cidade na véspera das votações. Durante a caminhada, a passagem dos manifestantes foi barrada por camponeses seguidores de Morales.
Os nativos se opõem à construção da rodovia no meio do Tipnis e querem chegar a La Paz para exigir do presidente Evo Morales uma lei que vete definitivamente o traçado que prevê a travessia do parque.
Há uma semana, a marcha havia sido interrompida pela polícia, que usou bombas de gás lacrimogêneo e cassetetes contra os manifestantes. Mais de 1,2 mil pessoas caminharam ontem 20 quilômetros. No povoado de Inicua, os manifestantes foram insultados por camponeses que apoiam o governo, segundo dirigentes da manifestação.
Disputa
Na sexta-feira, Evo acusou os indígenas e a oposição de tramarem um plano para prejudicar as eleições judiciais e defender a criação de um referendo para a revogação de seu mandato. Segundo o presidente, no entanto, o plano "fracassou" e as eleições judiciais transcorrerão normalmente.
O presidente da Confederação dos Povos Indígenas do Oriente, Adolfo Chávez, disse ontem à Rádio Erbol acreditar que a eleição poderia ser adiada para novembro. Ele afirmou que o objetivo não é prejudicar a votação, mas disse que os indígenas devem recuperar os documentos perdidos durante a repressão.
Num discurso para produtores de folhas de coca no Departamento de Cochabamba, Evo garantiu que suportará críticas e provocações. "Vamos seguir suportando as provocações, assim como temos feito nos últimos dias", declarou. "Assim como Cristo deu sua vida pelos outros, daremos nosso vida por todo o povo boliviano. Isso é pátria ou morte."
A violência da operação policial abriu uma crise no governo. A ministra da Defesa Cecilia Chacón renunciou em protesto. O ministro do Interior Sacha Llorenti, também caiu. Um vice-ministro e pessoas de outros cargos hierárquicos deixaram seus cargos. Evo anunciou a suspensão da obra, financiada pelo Brasil e tocada pela construtora OAS. O presidente pediu perdão pela repressão, que qualificou como "imperdoável". Nem Evo nem outra autoridade do governo, entretanto, se responsabilizou pelas agressões.
A reportagem é da Agência Efe e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 03-10-2011.
O porta-voz do Território Indígena Parque Nacional Isiboro-Sécure (Tipnis), Adolfo Moye, disse que a marcha nunca teve a intenção de prejudicar ou criar obstáculos para a eleição. Segundo ele, desde 15 de agosto, quando a marcha teve início, o grupo parou várias vezes para tentar negociar com o governo.
"Deveríamos ter chegado a La Paz no final de setembro, mas, como bloquearam a passagem, a marcha atrasou", disse Moye, ao admitir que chegarão à cidade na véspera das votações. Durante a caminhada, a passagem dos manifestantes foi barrada por camponeses seguidores de Morales.
Os nativos se opõem à construção da rodovia no meio do Tipnis e querem chegar a La Paz para exigir do presidente Evo Morales uma lei que vete definitivamente o traçado que prevê a travessia do parque.
Há uma semana, a marcha havia sido interrompida pela polícia, que usou bombas de gás lacrimogêneo e cassetetes contra os manifestantes. Mais de 1,2 mil pessoas caminharam ontem 20 quilômetros. No povoado de Inicua, os manifestantes foram insultados por camponeses que apoiam o governo, segundo dirigentes da manifestação.
Disputa
Na sexta-feira, Evo acusou os indígenas e a oposição de tramarem um plano para prejudicar as eleições judiciais e defender a criação de um referendo para a revogação de seu mandato. Segundo o presidente, no entanto, o plano "fracassou" e as eleições judiciais transcorrerão normalmente.
O presidente da Confederação dos Povos Indígenas do Oriente, Adolfo Chávez, disse ontem à Rádio Erbol acreditar que a eleição poderia ser adiada para novembro. Ele afirmou que o objetivo não é prejudicar a votação, mas disse que os indígenas devem recuperar os documentos perdidos durante a repressão.
Num discurso para produtores de folhas de coca no Departamento de Cochabamba, Evo garantiu que suportará críticas e provocações. "Vamos seguir suportando as provocações, assim como temos feito nos últimos dias", declarou. "Assim como Cristo deu sua vida pelos outros, daremos nosso vida por todo o povo boliviano. Isso é pátria ou morte."
A violência da operação policial abriu uma crise no governo. A ministra da Defesa Cecilia Chacón renunciou em protesto. O ministro do Interior Sacha Llorenti, também caiu. Um vice-ministro e pessoas de outros cargos hierárquicos deixaram seus cargos. Evo anunciou a suspensão da obra, financiada pelo Brasil e tocada pela construtora OAS. O presidente pediu perdão pela repressão, que qualificou como "imperdoável". Nem Evo nem outra autoridade do governo, entretanto, se responsabilizou pelas agressões.
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Índios bolivianos negam caráter eleitoral de ato - Instituto Humanitas Unisinos - IHU