Governo quer menos testes com animais

Mais Lidos

  • Cristo Rei ou Cristo servidor? Comentário de Adroaldo Palaoro

    LER MAIS
  • Dois projetos de poder, dois destinos para a República: a urgência de uma escolha civilizatória. Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • Desce da cruz: a sedução dos algoritmos. Comentário de Ana Casarotti

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

14 Setembro 2011

O país poderá ter menos testes pré-clínicos ou de segurança com animais. Esse é o objetivo de um termo de cooperação assinado ontem pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

A reportagem é de Johanna Nublat e Sabine Righetti e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 14-09-2011.

O termo foi firmado com a Fiocruz, que será o "guarda-chuva" do futuro Centro Brasileiro de Validação de Métodos Alternativos. De acordo com Maria Cecília Brito, uma das diretoras da Anvisa, o objetivo do centro é desenvolver e validar as chamadas metodologias alternativas de experimentação, que não usam animais para determinar a segurança ou eficiência de um produto.

A partir disso, a Anvisa passará a chancelar produtos que, hoje, só são aceitos após comprovações que envolvem animais em laboratório.

Esse é o caso, por exemplo, de xampus para crianças (cujos testes tentam identificar se causam ardência nos olhos) e de cremes rejuvenescedores que agridem a pele.

De acordo com Isabella Delgado, da Fiocruz, a ideia é ampliar os casos em que o uso dos animais não é necessário. Mas, em situações como teste de potencial de câncer ou riscos na reprodução humana, a substituição dos animais é improvável. "Pensamos na redução e no refinamento, buscando diminuir dor e sofrimento [dos animais]", diz Delgado.

O médico Marcelo Morales, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), representante dos cientistas no Conselho de Ética Animal, concorda com Delgado.

Para ele, a criação do centro é um caminho para o país desenvolver alternativas à experimentação animal. "Mas em nenhum lugar do mundo não existe experimentação animal", explica.

Morales explica que cada metodologia de experimentação alternativa pode levar até dez anos para ser desenvolvida. Isso é feito com base em pesquisas científicas.

Além de desenvolver métodos próprios, o centro deve interligar outros no país nessa área e também chancelar testes já feitos no exterior.

De acordo com Brito, da Anvisa, os primeiros resultados, com cosméticos, devem sair em até um ano. Ela acredita ainda que o centro vai estimular que empresas brasileiras optem pelos testes sem animais.

"Países mais avançados nessa questão não aceitam testes pré-clínicos com animais. Alguns produtos brasileiros não conseguem mercado fora e outros já lançaram mão desses métodos para vender no exterior", afirma. Delgado, da Fiocruz, diz acreditar que não será preciso pensar em proibição.

"Quando você consegue uma metodologia substitutiva, dificilmente vai optar pelo modelo animal." Consultado pela Folha, o presidente do grupo ativista "Holocausto Animal", Fábio Paiva, mostrou-se animado com a criação do centro. "Sou favorável a qualquer passo que possa reduzir o uso de animais em laboratório. É uma luz no fim do túnel."