25 Julho 2011
No atual panorama econômico global é difícil encontrar previsões otimistas. O relatório do Economist Intelligence Unit (EIU) não é exceção. O caderno de pesquisa do semanário The Economist afirma que "o risco de recessão global está aumentando", destacou em entrevista ao Página/12, 24-07-2011, o analista de risco do EIU, John Bowler.
Eis a entrevista.
O que pode fazer com que a balança se incline de lado ou para outro?
Neste momento a crise mais perigosa e mais próxima é a do euro. A Itália anunciou medidas para conter a crise. O sucesso destas medidas será essencial para conter a crise, porque se ela se espalha para além da Itália e da Espanha as cifras em jogo em relação ao que aconteceu até o momento são astronômicas. Os Estados Unidos é outro foco de preocupação. Você tem que resolver o atual impasse no Congresso sobre a questão do orçamento. No caso da China, o problema é monitorar a inflação e não comprometer o crescimento e o impacto que isso pode ter sobre a economia global. Desde outubro interviram cinco vezes nas taxas de juros e a inflação continua subindo.
Você acha que há falta de imaginação e liderança para sair da crise?
Têm-se criticado duramente os dirigentes europeus, mas a verdade é que eles tiveram que enfrentar uma situação muito difícil. Todos os problemas que estão aparecendo agora se acumularam durante uma década de dinheiro fácil e estimulação de crédito e a verdade é que não está muito claro qual é a melhor solução para uma crise que expôs fissuras na base no projeto na zona do euro, como a falta convergência econômica entre os países.
Mas o tempo está se esgotando e o receio de muitos é que isso produza uma crise financeira sistêmica.
Os bancos deveriam assumir a maior parte do risco e custo desta crise porque não é justo que tudo recaia sobre o contribuinte europeu. Ao mesmo tempo, há receio de uma repetição do fenômeno Lehman Brothers quando o governo deixou a instituição a própria sorte e isso provocou um pânico global. Mas eu acho que está se caminhando para uma situação em que está começando a se aceitar que o setor privado terá perdas, mas de forma controlada.
Das outras vezes o risco veio de áreas periféricas. Hoje está concentrada nos países centrais.
É verdade. O mercado da dívida italiano é a terceiro a nível mundial. Estamos falando de dois trilhões de dólares. Se compararmos com a Argentina, que protagonizou o maior default da história, a diferença é clara. O default da Argentina não teve um impacto global em termos de montantes, porque era menos de 10 por cento do mercado da dívida em Itália, por isso foi facilmente absorvida pelos mercados financeiros globais. Hoje há uma preocupação quanto à solvência de vários países desenvolvidos.
Qual é a sua avaliação do risco na Argentina?
Desde o default e a desvalorização, a Argentina conseguiu se recuperar e ter um crescimento significativo. É verdade que a Argentina desafiou as previsões de muitos para alcançar um crescimento sustentável com base na política econômica heterodoxa. O fato de ser persona non grata nos mercados financeiros a insulou em relação à crise financeira posterior. Mas se houver um surto, se o euro está em crise, este isolamento não será suficiente.
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"O risco de uma crise mundial aumenta" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU