Uma escapada em massa para Marte

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29 Setembro 2016

No Congresso Internacional de Astronáutica, o empresário Elon Musk divulgou um projeto para baratear o transporte espacial e transformar os humanos em uma “espécie interplanetária”.

A reportagem é publicada por Página/12, 28-09-2016. A tradução é de André Langer.

O futuro é povoar Marte e criar ali “uma civilização autossustentável” na condição de baratear os custos de transporte e também o tempo da viagem, prognosticou o empresário Elon Musk, diretor da SpaceX – uma das duas empresas privadas contratadas pela NASA para enviar carga à Estação Espacial Internacional –, no Congresso Internacional de Astronáutica de Guadalajara. “Temos que ir das missões de exploração até a construção de uma cidade”, advertiu Musk durante a apresentação que, em junho deste ano, havia prometido que seria “alucinante”. O empresário sul-africano mostrou o vídeo de uma simulação do projeto que está sendo desenvolvido por sua empresa. Na apresentação, que foi transmitida pela internet, Musk estimou que a criação dessa civilização poderia levar entre 40 e 100 anos.

O sistema de transporte interplanetário que a SpaceX projeta baseia-se, fundamentalmente, na reutilização dos foguetes, algo que, de acordo com Musk, poderia reduzir os custos dos 10 bilhões de dólares para 200 mil. “Não se pode criar uma civilização autossustentável em Marte se o preço da passagem for de 10 milhões de dólares por pessoa”, disse o empresário, para quem a emigração interplanetária é inexorável. “Um caminho implica em permanecer na Terra para sempre, e em algum momento se dará a extinção. O caminho alternativo é converter-nos em espécies multi-planetárias, algo com o que imagino vocês concordam que é o caminho correto a ser tomado”, disse Musk para um auditório repleto e na expectativa do anúncio. Para garantir a sobrevivência humana, a emigração deve começar pelo sistema solar, e depois expandir-se para além, conjecturou.

De acordo com os cálculos da SpaceX, o Planeta Vermelho poderia ser colonizado por completo com mil naves, sempre e quando cada uma das quais transportar 200 pessoas. O vídeo de uma simulação apresentou, durante o evento, como todo o processo poderia se dar: a nave partiria de Cabo Canaveral; uma vez posta em sua órbita, o dispositivo que impulsionou  a decolagem retornaria à Terra, onde aterrissaria para carregar combustível. Depois, decolaria para voltar a se encontrar com a nave e alimentá-la; a nave continuaria sua viagem até aterrissar na planície marciana. Uma vez em Marte, os humanos deveriam instalar uma planta para produzir propelente, em base aos recursos de metano do Planeta Vermelho; esse mesmo propelente serviria de combustível para o retorno da nave à Terra. “Buscamos melhorar o custo por tonelada para Marte em cinco milhões de porcento”, disse Musk.

A viagem para Marte se daria em uma nave provida de todo o necessário para matar o tempo: restaurante, possibilidade de ver filmes, jogos de gravidade zero. “Tem que ser divertido e excitante. Não pode ser algo apertado ou chato”, detalhou Musk, o engenheiro que se tornou milionário ao cofundar o sistema de pagamentos on-line PayPal.

Para o projeto de transporte interplanetário, será necessário uma “enorme associação público-privada” que permita financiá-lo, disse Musk.

Durante a apresentação, o empresário anunciou que dentro de dois anos a SpaceX planeja enviar uma cápsula não tripulada ao Planeta Vermelho, para preparar o caminho para a missão tripulada que decolaria em 2024 e chegaria a Marte no ano seguinte. “Começaremos a rotina de enviar (cápsulas) Dragons a Marte dentro de dois anos. Será como um trem saindo da estação”, disse no Twitter a empresa SpaceX, que tuitou os núcleos mais destacados da apresentação.

As opiniões de especialistas em torno dos anúncios de Musk divergem. John Logsdon, ex-diretor do Instituto de Política Espacial da Universidade George Washington, por exemplo, assinalou que é “improvável que (Musk) seja capaz de levar humanos a Marte em 2025”, em princípio pelo custo, que implica “dezenas de bilhões de dólares, e a SpaceX não tem esse dinheiro”. Pelo contrário, o astronauta retirado Leroy Chiao disse que Musk “se fixa objetivos agressivos, e embora nem sempre consiga na data exata, normalmente é capaz de atingir esses objetivos. Eu diria que é possível”, avaliou.

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