EUA: duelo entre bispos no dia da posse do novo presidente

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22 Janeiro 2021

O Vaticano está a mais de 6.000 quilômetros da Casa Branca, mas, nessa quarta-feira, 20, estava muito mais próximo do segundo presidente católico do país do que da liderança da hierarquia dos Estados Unidos.

A reportagem é de Christopher White, publicada em National Catholic Reporter, 21-01-2021. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Enquanto milhões de espectadores acompanhavam a posse do dia 20 de janeiro, o catolicismo de Joe Biden estava em plena exibição em uma missa matinal; citações do papa, de Santo Agostinho e das Escrituras durante a cerimônia; e uma foto de Biden com o Papa Francisco em seu recém-equipado Salão Oval.

No fim do dia, porém, essa fé estava sob séria análise por parte de algumas lideranças estadunidenses da sua própria Igreja.

Como é costume do Vaticano, Francisco enviou um telegrama a Biden parabenizando-o e instando-o a seguir políticas “marcadas pela justiça e liberdade autênticas”. A declaração, que encorajava Biden a trabalhar pelo bem comum, veio dois meses depois que o papa telefonou pessoalmente para parabenizá-lo pela sua vitória na eleição e depois que Francisco enviou a Biden uma cópia autografada do seu novo livro.

Em contraste, o presidente da Conferência dos Bispos dos Estados Unidos, o arcebispo de Los AngelesJosé Gomez, emitiu uma declaração de 1.200 palavras oferecendo suas orações por Biden, mas também ressaltando áreas de divergências políticas, em particular sobre a questão do aborto, escrevendo: “Nosso novo presidente prometeu seguir certas políticas que promoveriam males morais”.

A declaração continuava reforçando a posição dos bispos dos Estados Unidos de que “o aborto continua sendo a ‘prioridade preeminente’” da Conferência Episcopal, ecoando a linguagem que foi adotada em 2019 antes da eleição presidencial dos Estados Unidos, com a justificativa de que a nação estava prestes a derrubar o caso Roe v. Wade [de 1973, que reconheceu o direito ao aborto ou interrupção voluntária da gravidez].

“Não podemos ficar em silêncio quando quase um milhão de vidas nascituras estão sendo deixadas de lado no nosso país, ano após ano, por meio do aborto”, escreveu Gomez em sua declaração sobre o Dia da Posse.

A declaração de Gomez foi rapidamente endossada e compartilhada por vários prelados, incluindo o arcebispo de San Francisco, Salvatore Cordileone, cujo assessor de imprensa enviou uma declaração com o título “+Cordileone elogia +Gomez: aborto é ‘prioridade preeminente’”, e os Cavaleiros de Colombo, que descreveram a declaração como “equilibrada e profética”.

O cardeal de Chicago Blase Cupich, um colaborador próximo do Papa Francisco, discordou.

Em uma repreensão pública a Gomez e à Conferência Episcopal, Cupich disse que o comunicado era “imprudente” e observou que não havia precedentes para a sua emissão.

“A declaração foi elaborada sem o envolvimento da Comissão Administrativa, uma consulta colegiada que é a via normal para declarações que representem e tenham o devido endosso dos bispos estadunidenses”, disse ele.

O bispo de San Diego, Robert McElroy, também emitiu um comunicado dizendo que Francisco ofereceu um modelo de como o bispos dos Estados Unidos deveriam se engajar com o novo governo.

“A mensagem do Papa Francisco ao presidente Biden fala fundamentalmente a ele em sua humanidade, um homem de fé católica que se esforça para servir à sua nação e ao seu Deus”, escreveu McElroy. “É assim que nós, bispos dos Estados Unidos, deveríamos encorajar o nosso novo presidente: entrando em uma relação de diálogo, não de julgamento; de colaboração, não de isolamento; de verdade na caridade, não de dureza.”

Em Roma, uma alta autoridade vaticana disse à revista America que a declaração de Gomez foi “muito lamentável e provavelmente criará divisões ainda maiores dentro da Igreja dos Estados Unidos”.

Ao longo do do Dia da Posse, muitos outros bispos de todo o país emitiram declarações, a maioria oferecendo orações pelo novo presidente e pelo país. A Catholic Charities, uma das maiores instituições de caridade do país, também disse que espera trabalhar com o governo Biden.

Quanto ao novo pastor local de Biden, o cardeal Wilton Gregory, de Washington, não foi emitida nenhuma declaração específica; no entanto, quando Biden chegou à capital na terça-feira para seu evento oficial, Gregory estava presente para saudá-lo. Em um rito memorial pelos 400.000 estadunidenses que morreram durante a pandemia, Gregory fez a invocação. Sua oração incluiu um apelo pela unidade.

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