13 Agosto 2013
Desde a sexta-feira, 9, pesquisadores, estudantes, cientistas políticos e sociais já podem navegar no Brasil Nunca Mais (BNM), a maior iniciativa da sociedade civil brasileira pela preservação da memória, verdade e justiça sobre violações aos direitos humanos verificados durante a ditadura militar brasileira.
Estão disponíveis na rede mundial de computadores (http://bnmdigital.mpf.mp.br/#!/) os 543 rolos de microfilmes que estavam guardados por iniciativa do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) no Centro for Research Libraries, nos Eslados Unidos. Temia-se na época que a documentação pudesse ser destruída pelos órgãos de repressão política. A documentação completa foi doada à Universidade Estadual de Campinas.
A informação é publicada pela Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação -ALC, 12-08-2013.
Um mutirão de 13 organizações, entre elas o Armazém Memória, o Ministério Público Federal e a Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Rio de Janeiro, possibilitou a criação do BNM Digit@l. O Arquivo Público do Estado de São Paulo digitalizou integralmente o original do processo BNM 279, com 29 mil páginas, emprestadas pelo Superior Tribunal Militar a pedido da Comissão Nacional da Verdade, e reproduziu 870 mil imagens.
O projeto Brasil: Nunca Mais foi desenvolvido pelo CMI e pela Arquidiocese de São Paulo nos anos 80 do século passado, sob a coordenação do reverendo Jaime Wright e de dom Paulo Evaristo Arns.O exame de 900 mil páginas de processos judiciais movidos contra presos políticos resultou na publicação de igual nome, pela Editora Vozes, retratando torturas e violações aos direitos humanos praticados nos anos de chumbo da ditadura cívico-militar brasileira.
As principais informações do BNM foram obtidas a partir de depoimentos prestados pelos réus em tribunais militares. Ou seja, o BNM usa documentos oficiais do próprio Estado para comprovar a prática da tortura como ferramenta de investigação e repressão durante os anos de chumbo no país.
Quatro meses após a retomada do regime civil, a Vozes lançou, em 15 de julho de 1985, o livro "Brasil Nunca Mais", hoje em sua 40a edição. O livro ficou por 91 semanas na lista dos dez mais vendidos, no gênero não ficção.
O site do BNM foi apresentado na sexta-feira, 9, na Procuradora Regional da República da 3a Região, em São Paulo. Ele cumpre um dos objetivos centrais do projeto original: prover educação pela memória histórica para o desenvolvimento de relações sociais alicerçadas nos direitos humanos.
O trabalho foi iniciado em 14 de junho de 2011, quando o Ministério Público Federal repatriou do "Center for Research Libraries" os microfilmes de segurança que continham cópia de todos os processos judiciais reproduzidos pelo BNM, e o Procurador-Geral da República recebeu do Secretário Geral do CMI, Olav Fiske Tveit, os arquivos que o organismo ecumênico detinha a respeito do projeto.
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Acervo do Brasil Nunca Mais está na rede mundial de computadores - Instituto Humanitas Unisinos - IHU