31 Outubro 2023
O foco da imprensa internacional de momento é, sem margem de dúvida, a guerra na Ucrânia e o conflito israelense na Faixa de Gaza. Mas há, pelo menos, outra dezena de confrontos, como os conflitos na Síria, no Iêmen, na República Democrática do Congo, Afeganistão, Mianmar, Haiti, alguns mais recentes, outros completando uma década.
A reportagem é de Edelberto Behs.
A guerra é a “normalidade” vivida pela espécie humana no decorrer da sua trajetória. Estima-se que em mais de 3 mil anos de história, o mundo teve apenas 268 anos sem guerras. Hoje, a guerra é um bom negócio. Tanto no “empreendimento” destrutivo, com bombas, tanques, aviões, drones, quanto na reconstrução do que foi destruído.
No livro Revolução dentro da paz, de 1968, o bispo de Olinda e Recife dom Hélder Câmara alertava: “É preciso que a Humanidade acabe prescrevendo as guerras como absurdos e o subdesenvolvimento como indigno do homem no limiar do século XXI”. E perguntava: “Até quando a Humanidade será tão bárbara para ter como critério de razão a capacidade maior ou menor de destruir?”
A humanidade ingressou no século XXI admirada com os avanços da ciência, da tecnologia. Olhando para o futuro, dom Hélder dizia: “Cedo descobrirá o homem, que já começou a viver o século XXI, que a ciência não esgota a realidade humana”. Ele esperava, então, que “depois de tanta maravilha que anda realizando, a humanidade não se divida em blocos, não se arme como nunca, não brinque com forças que amanhã poderão arrasar a terra”.
E a humanidade, em pleno 2023, está diante dessa possibilidade de terra arrasada porque xerifes do mundo brigam por mais poder, mais recursos, mais... mais... que, basta apertar alguns botões e o que for mais deixará de existir, com tudo o que há nesse planeta.
De novo o bispo: “Por mais que o homem avance na ciência e na técnica, enquanto houver guerras no mundo daremos um triste atestado de falta de amadurecimento espiritual. Enquanto o teste, para demonstrar que a razão está com uma das partes, for demonstrar maior potência destruidora, nós todos, educadores, teremos que reconhecer o nosso fracasso”.
O homem, entendia dom Hélder, é “um sócio de Deus”, mas a tecnologia que ele desenvolver “precisa da fé para não criar monstros”.
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A tecnologia precisa da fé para não criar monstros - Instituto Humanitas Unisinos - IHU