06 Outubro 2023
Cerca de 50 pessoas, incluindo 7 bispos, 11 sacerdotes, 17 mulheres e 15 homens, estão analisando os avanços alcançados no continente em relação à implementação da exortação apostólica pós-sinodal do Papa Francisco, Amoris Laetitia, os itinerários catequéticos para a vida matrimonial e o Pacto Mundial da Família, no Encontro das Comissões Episcopais para a Pastoral Familiar.
A reportagem é publicada por ADN Celam e reproduzida por Vatican News, 04-10-2023.
As Comissões Episcopais de Pastoral Familiar de 18 países da América Latina e do Caribe estão se reunindo de 3 a 6 de outubro na sede do CELAM em Bogotá. O grupo de 50 pessoas, composto por 7 bispos, 11 sacerdotes, 17 mulheres e 15 homens, está analisando os avanços alcançados no continente em relação à implementação da exortação apostólica pós-sinodal do Papa Francisco, Amoris Laetitia, os itinerários catequéticos para a vida matrimonial e o Pacto Mundial da Família.
A agenda começou com a celebração da Eucaristia presidida por Monsenhor Alfonso Miranda. Em sua homilia, o bispo auxiliar de Monterrey, no México, enfatizou a importância da pastoral familiar e sua missão de acompanhar outras famílias que enfrentam adversidades diárias que requerem o uso de diversas ferramentas pastorais e espirituais que a Igreja pode oferecer.
Início dos trabalhos das Comissões Episcopais de Pastoral Familiar de 18 países da América Latina e do Caribe na sede do Celam em Bogotá. (Foto: Reprodução | Vatican News)
Após a apresentação das delegações, o discurso de Monsenhor Lizardo Estrada, secretário-geral do CELAM, destacou o apoio contínuo que eles oferecem às famílias do continente, convidando-os a compartilhar experiências e esforços, sem perder a capacidade de sonhar e viver esse processo juntos, recebendo o apoio de que cada um necessita. "Convido-os a compartilhar este serviço na construção de processos familiares, mantendo seu interesse na apropriação do texto da Assembleia Eclesial e na contribuição que a família pode fazer para o caminho sinodal que a Igreja universal está trilhando. Sem perder de vista que a família é um sujeito pastoral ativo, presente no Instrumentum Laboris do Sínodo da Sinodalidade."
O prelado entregou o trabalho dos agentes da pastoral familiar a Deus, confiando que Ele os fortalecerá diante das dificuldades da vida.
Metodologicamente, o primeiro dia do encontro foi dedicado à escuta da realidade, proporcionando uma oportunidade para conhecer os relatórios das Conferências Episcopais sobre as ações que a pastoral familiar implementa nas diferentes regiões do continente. Foram destacadas atividades marcadas por experiências pedagógicas e celebrativas.
Os bispos responsáveis pelas Comissões de Pastoral Familiar dos episcopados latino-americanos e caribenhos acompanham os trabalhos do encontro. (Foto: Reprodução | Vatican News)
O Padre Fabio Antunes, diretor do Cebitepal e organizador do evento, explicou que o CELAM busca que o encontro permita às diversas conferências conhecer as experiências e processos que estão sendo realizados em outros países. "Ao acompanhar este caminho, descobrimos diversas iniciativas que vão desde o acompanhamento pré-matrimonial, o atendimento a casos especiais e outras iniciativas inovadoras que, ao serem compartilhadas, podem crescer no continente", afirmou. Especialmente em temas como o convite do Papa para viver o Pacto Global pela Família.
Além disso, ele acrescentou que há mudanças ocorrendo nas famílias, que, apesar de estarem dentro do ensinamento da Igreja, ainda não são abordadas pelas Conferências Episcopais, que muitas vezes estão centradas na família tradicional. Os novos modelos de família são um desafio para a Igreja, pois incluem viúvos, divorciados, casais com filhos de diversas orientações sexuais e muitas outras realidades que afetam suas vidas e requerem acompanhamento.
As expectativas compartilhadas pelos participantes do encontro são evidentes, como o Padre José María Ruíz Diaz de Buenos Aires, Argentina, que destaca o amor de todos pela pastoral familiar. Ele menciona que já teve duas experiências anteriores, uma delas no Encontro Mundial das Famílias no Vaticano e outra em seu país. Ele sente que faltava a ele uma experiência continental que se destaca por apresentar "iniciativas que alimentam a alma".
Ele compartilha que a Argentina está passando por um momento de transição tanto na política quanto na Igreja, com a nomeação de um novo arcebispo, Monsenhor Jorge Ignacio García Cuerva. Isso gera expectativas e mobilização. Ele lembra que o Papa Francisco foi arcebispo de Buenos Aires por muito tempo, mas reconhece que, embora o Papa tenha impulsionado muitas coisas, algumas pessoas criticam sua liderança. No entanto, para ele, o Papa é "um profeta de Deus".
Ele expressa: "As expectativas na Argentina são boas e promissoras, tanto na igreja quanto na pastoral familiar, porque o novo arcebispo, Monsenhor Jorge García Cuerva, trará renovação e um novo fôlego ao episcopado e às dioceses. O país inteiro olha para Buenos Aires porque temos uma grande riqueza, mas estamos muito divididos na política e na religião, e é assim que precisamos nos unir novamente. Esse é o desafio... precisamos ser uma família novamente".
A cultura do efêmero
No caso de Miguel Leonardo Merchán, do Equador, que faz parte da pastoral familiar há 18 anos, ele percebe que o maior fruto é o casamento, ou seja, conseguir que os jovens casais se casem não apenas civilmente, mas também pela Igreja e optem pela procriação. Muitos casais, após o casamento civil, perdem o rumo, deixam de cultivar sua espiritualidade e até deixam de desejar ter filhos, o que, em sua opinião, não é o fundamento da família.
Jacqueline Guzmán, por sua vez, tem grandes expectativas para o encontro, pois a família na Colômbia enfrenta diversos desafios. Entre eles, estão a cultura do individualismo, o secularismo, o valor do efêmero e descartável, além do hedonismo. "Isso tem feito com que a família, como parte do plano de Deus, esteja se perdendo, por isso é necessário se capacitar e aprender com outras experiências bem-sucedidas para aplicá-las nas dioceses. Isso é ainda mais importante quando os pais têm perdido a responsabilidade de criar seus filhos, delegando essa missão à tecnologia e à escola. São entornos em que se conhecem os efeitos da ideologia de gênero, uma informação que, quando recebida pelos jovens, incide na transformação do conceito de família que alguma vez conhecemos".
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CELAM: Os novos modelos de família são um desafio para a Igreja - Instituto Humanitas Unisinos - IHU