“Nesse momento, quando se olha para os desdobramentos da guerra que está sendo travada no território da Ucrânia, e para suas consequências imediatas, já se pode visualizar algumas características e desafios deste mundo que está nascendo à sombra da guerra e da desordem mundial criada pelo declínio da supremacia euroamericana, dentro do sistema internacional. [...] O mundo eurocêntrico está cedendo lugar a uma nova configuração de forças no continente eurasiano. Como se fosse um movimento de retorno ao primeiro milênio da nossa era comum, e à preeminência das grandes civilizações, religiões e impérios, e dos grandes circuitos comerciais mesopotâmicos e asiáticos. Ao mesmo tempo que se clarifica o novo eixo geopolítico mundial que deverá girar em torno de quatro grandes Estados 'continentais' – Estados Unidos, Rússia, China e Índia – que detêm, em conjunto, mais de um quarto da superfície territorial do planeta, e cerca da metade da população atual do mundo. Nessa nova geopolítica destes “grandes impérios” do futuro, a Europa deverá ter papel menor e subordinado aos Estados Unidos, mas algumas outras “potências intermediárias”, como Brasil, Irã, Arábia Saudita, Indonésia, Turquia, África do Sul, deverão aumentar seu poder regional e passar a ter um papel maior à escala global, sem chegar a ameaçar o oligopólio imperial que deverá controlar o sistema internacional”, escreve José Luis Fiori, professor Emérito da UFRJ e membro do comitê editorial do Boletim de Conjuntura do Observatório Internacional do Século XXI, do Nubea/UFRJ.
O Observatório Internacional do século XXI é um think tank independente, que acompanha, analisa e faz prospecções de acontecimentos e cenários internacionais. Este Boletim contém diagnósticos curtos e notas executivas, que se propõem a contribuir para a tomada de decisões de políticos, gestores, técnicos e acadêmicos vinculados à área de política externa e de políticas públicas, frente aos acontecimentos que mais se destacaram em cada conjuntura analisada.
Seus colaboradores compartilham a convicção de que o Sistema Interestatal Capitalista está atravessando um período de mutação profunda. Essas mudanças estão provocando transformações nos campos tecnológico, econômico, social e cultural, com repercussões no mundo do trabalho, da convivência social e das relações entre os Estados, as grandes corporações, as religiões e as próprias civilizações.
O Boletim do Observatório Internacional do século XXI é uma publicação do Grupo de Pesquisa Poder Global e Geopolítica do Capitalismo no LABEPOG/NUBEA/UFRJ.
A reprodução do arquivo abaixo foi autorizada pelo Prof. Dr. José Luis Fiori, membro do comitê editorial do Boletim.
Leia mais
- G-20 – O declínio do “multilateralismo ocidental”. Artigo de Andres Ferrari e José Luis Fiori
- “Novo BRICS explode ordem internacional”. Entrevista com José Luís Fiori
- BRICS amplia bloco, mas o seu futuro dependerá das relações (gélidas) entre Xi e Modi
- O Brics diante de seu maior desafio
- Os 25 países com maior IDH e os BRICS: 2000-2021. Artigo de José Eustáquio Diniz Alves
- Por que Francisco não será capelão do BRICS, assim como Pio XII não foi da OTAN
- O grupo BRICS supera o G7 e pretende se tornar líder econômico e político global. Artigo de José Eustáquio Diniz Alves
- Expansionismo norte-americano e a guerra terceirizada na Europa. Entrevista com José Luís Fiori
- Para recalcular o futuro, depois da viagem à China. Artigo de José Luís Fiori
- De volta à questão do desenvolvimento e à necessidade de uma “bússola de investimentos”. Artigo de José Luís Fiori e William Nozaki
- "A maior transformação econômica dos últimos 250 anos". China tende a assumir a hegemonia mundial e a liderança do comércio de tecnologia. Entrevista especial com José Eustáquio Alves
- Desigualdade e polarização. Artigo de José Luís Fiori
- O Brasil e Lula num mundo em transe. Entrevista com José Luís Fiori
- Erros e desatinos estratégicos de uma potência que perdeu o prumo. Artigo de José Luís Fiori
- Expansionismo norte-americano e a guerra terceirizada na Europa. Entrevista com José Luís Fiori
- Poder, geopolítica e desenvolvimento. Artigo de José Luís Fiori
- A crise energética, a escolha europeia, e a “reviravolta russa”. Artigo de José Luís Fiori
- Um ano depois: EUA dobram sua aposta, mas Rússia já ganhou o que queria. Artigo de José Luís Fiori
- A desordem mundial abre uma nova era de incerteza global
- Estados Unidos e China. Guerra comercial e política industrial
- China e Rússia em aliança estratégica
- Brasil, BRICS e a defesa do Sul Global
- As 14 maiores economias do mundo de 1980 a 2022. Artigo de José Eustáquio Diniz Alves
- FMI reduz estimativa de crescimento da economia mundial em 2022. Artigo de José Eustáquio Diniz Alves
- China e Índia são dois grandes emissores globais de CO2. Artigo de José Eustáquio Diniz Alves
- O banco dos Brics e a inclusão
- “BRICS são nova forma de explorar a África”
- Os BRICS e a quarta revolução industrial
- BRICS ultrapassam a OCDE em emissões de CO2
- O Brasil é o país do BRICS mais afetado pela pandemia qualquer que seja o critério. Artigo de José Eustáquio Diniz Alves
- China, nova potência mundial – Contradições e lógicas que vêm transformando o país. Revista IHU On-Line, Nº 528
- "A maior transformação econômica dos últimos 250 anos". China tende a assumir a hegemonia mundial e a liderança do comércio de tecnologia. Entrevista especial com José Eustáquio Alves
- A aliança China-Índia (Chíndia) e a ascensão do século asiático
- O decênio de ascensão da China
- RIC (Rússia, Índia e China): o triângulo estratégico que pode mudar a governança mundial
- Triângulo impossível, Índia-China-EUA e uma Rota da Seda diferente. Artigo de Francesco Sisci
- Crise e “desdolarização” da economia mundial: superando a hegemonia dos petrodólares
- Os povos e o fim da hegemonia do dólar. Artigo de Raúl Zibechi
- A economia chinesa como alternativa ao Consenso de Washington. Entrevista especial com Luis Antonio Paulino
Comunicar erro.
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
A Nova Maioria Global. Boletim de Conjuntura do Observatório Internacional do Século XXI - Instituto Humanitas Unisinos - IHU