06 Julho 2023
Nova lei traz importantes avanços no combate à desigualdade de gênero, mas ainda há muito a ser conquistado.
A informação é de Fernanda de Paula, da assessoria de comunicação da Instituição As Pensadoras, enviada ao Instituto Humanitas Unisinos – IHU.
"É justiça, não caridade, que está faltando no mundo", já dizia Mary Wollstonecraft no século XVIII, considerada por muitos como a "primeira" feminista. E é esse sentimento que temos ao ver a aprovação de uma Lei de Igualdade Salarial entre homens e mulheres, a qual não é uma benevolência e sim uma legitimidade há muito tempo necessária. Claro que comemoramos o avanço, mas ao observarmos o caminho, percebemos que há muito ainda a ser alcançado em termos de direitos e igualdade.
Esperamos que essa seja apenas o primeiro passo de muitos outros que precisam ser dados e que nós, mulheres, sempre nos lembremos das palavras de outra importante feminista, Simone de Beauvoir, que dizia: "Nunca se esqueça de que basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados. Esses direitos não são permanentes. Você terá que manter-se vigilante durante toda a sua vida".
Devemos lembrar também que o direito da mulher brasileira de trabalhar fora de casa foi algo conquistado em 1962. Até esse ano, era necessária uma autorização do marido para exercer alguma profissão fora do ambiente doméstico, a qual poderia ser revogada a qualquer momento. Além disso, o Código Civil de 1916 também impedia que mulheres casadas abrissem uma conta no banco, tivessem um estabelecimento comercial ou viajassem sem a autorização dos maridos.
Somente em 1962, com a promulgação do Estatuto das Mulheres Casadas - sim, esse era o nome do regimento - alguns direitos femininos foram ampliados. Contudo, foi apenas na Constituição de 1988 que a mulher foi igualada ao homem em termos de direitos e deveres, há apenas 35 anos. E mesmo assim, ainda existe um grande abismo na igualdade de gênero em nosso país, o qual pode ser observado em diversos dados, como os relacionados à violência doméstica e à baixa representatividade de mulheres em cargos de liderança, tanto na política quanto nas empresas.
Existem muitos dados em várias áreas que comprovam essa desigualdade social entre homens e mulheres. Inclusive, ao realizar pesquisas sobre mulheres trabalhando na internet, ainda é possível encontrar doutrinas religiosas que defendem e questionam se as mulheres podem trabalhar fora de casa, mesmo em pleno século XXI. Certamente, Mary Wollstonecraft ficaria um pouco chocada com tudo isso.
Um dos caminhos para essa mudança, para um mundo mais justo e igualitário, passa pela educação, por uma formação social emancipatória e por que não, feminista? Esse é um dos propósitos da Instituição As Pensadoras (@aspensadorasoficial), que busca também ampliar o acesso ao ensino feminista, visibilizar e dar espaço para mulheres e seus estudos, e fortalecer mulheres com conhecimento.
A proposta d'As Pensadoras é o estudo e debate de ideias e produções de mulheres, as quais tradicionalmente foram invisibilizadas pela cultura patriarcal, androcêntrica e sexista que predomina não só em nosso país, mas também em outras sociedades ocidentais e orientais. A Escola As Pensadoras surge para questionar esse lugar e buscar uma sociedade mais justa e igualitária para todos, principalmente as mulheres.
As Pensadoras é a única instituição brasileira focada no feminismo e que oferece dezenas de cursos sobre a temática. Além de realizar fóruns, workshops e debates, palestras, As Pensadoras, hoje uma instituição, também inclui uma livraria e uma comunidade, todas voltadas para um debate feminista plural e abrangente. Seu objetivo é construir um mundo melhor, com equidade de gênero por meio da formação intelectual, fortalecimento e aliança de todos por meio do feminismo.
A educação é um importante instrumento de emancipação feminina, e As Pensadoras como instituição busca incentivar e mudar essa realidade. Precisamos de mais mulheres empoderadas, conhecedoras de seus direitos e dos trabalhos de outras mulheres, para que mais mulheres ocupem mais cargos de poder e mais leis, como a de igualdade salarial, sejam aprovadas.
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Lei de Igualdade Salarial é sancionada, uma vitória no meio de tantas necessárias - Instituto Humanitas Unisinos - IHU