04 Mai 2023
O processo de paz não está concluído na Colômbia. Esse é o quadro desenhado por mulheres que atuam no país em contato direto com pessoas que sofreram e ainda sofrem sob o impacto de conflitos internos. Elas apresentaram seus testemunhos na Pré-Assembleia das igrejas das Américas e do Caribe vinculadas à Federação Luterana Mundial (FLM), reunida em Bogotá de 17 a 21 de abril.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
“As causas estruturais do conflito devem ser tratadas”, disse a representante adjunto do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos na Colômbia, Montserrat Solano Carboni. Muitos ativistas dos direitos humanos foram assassinados, pessoas ainda estão presas ou sendo expulsas de suas casas e, em algumas regiões, grupos armados substituem os governos locais nas áreas que controlam, relatou, segundo informações do Serviço de Imprensa da FLM.
Ex-combatente, que entregou as armas e assinou o acordo de paz há seis anos, Luz Mary Cartagena Ceballos contou que dezenas de ex-combatentes estão desiludidos “porque o governo os decepcionou”. Atualmente, ela é vice-presidente do Centro de Treinamento e Reabilitação Jacobo Arango.
Comunidades indígenas que se sentiram abandonadas pelo governo dispõem de um espaço – o Pazdar – para refletirem suas práticas espirituais e a busca da paz. Jovens indígenas são atraídos, muitas vezes, a pegar em armas e se juntam a grupos armados por desespero. Os anciãos das comunidades realizam um ritual para desencorajá-los a se engajarem em grupos ilegais e garantir a harmonia na comunidade”, explicou Blanca Ligia Bailarín, presidente e porta-voz da Mesa Interétnica pela Paz e diretora da Casa Madre. Ela representa 34 comunidades indígenas.
Laura Chacón coordena o programa nacional da FLM na Colômbia e na Venezuela. Ela ajudou a fundar a Associação de Mulheres AINI, envolvida na associação de vítimas Comunidades Construindo a Paz na Colômbia (Conpazcol). “Queremos trocar as lágrimas por um sorriso”, afirmou. Atualmente, Laura está envolvida num julgamento envolvendo parentes de desaparecidos e tentam descobrir juntas a verdade.
Processar a dor causada por essas perdas e encontrar um caminho para a reconciliação entre as vítimas e os perpetradores é um longo processo que deve ser acompanhado pela Igreja, disse. “Estar com as pessoas e estar lá para elas, tira-lhes a dor”, afirmou.
As mulheres foram as painelistas sobre o processo de paz em andamento na Colômbia após cerca de 60 anos de conflito armado. “Trilhar o caminho da paz não é fácil”, frisou Mary Cartagena Ceballos.
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Colômbia: feridas da guerra ainda estão abertas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU