28 Fevereiro 2023
A reportagem é de Paola Calderón, publicada por Religión Digital, 26-02-2023.
Persiste a indiferença com a realidade, as contribuições e os ensinamentos dos povos originários. Especialmente no que diz respeito à avaliação de suas expressões espirituais.
“Estamos preocupados com o abandono da pastoral dos povos indígenas que não contam com o apoio de suas estruturas eclesiais”, afirma a comissão de povos indígenas do Celam em nome dos participantes do Encontro Sinodal de Participação dos Povos Originários, realizado de 20 a 24 de fevereiro em Latacunga, no Equador.
“Lamentamos as incoerências entre as palavras escritas e as ações cotidianas que se vivenciam em alguns lugares”, situações que foram destacadas durante o encontro que permitiu a expressão dos sentimentos e pensamentos de pelo menos 45 pessoas, entre bispos, padres, religiosos, religiosos, leigos e agentes de pastoral de 8 países do continente reunidos para refletir sobre o conteúdo do Documento da Fase Continental do Sínodo.
Uma ocasião que nos permitiu passar pelo coração ou, como afirma o documento, "coração" como Igreja, tudo o que foi recolhido pela escuta das Igrejas particulares do mundo.
Encontro Sinodal dos Povos Originários. (Foto: Reprodução | Religión Digital)
Um evento que aconteceu no espírito da sinodalidade e contou com a presença de representantes dos povos Nahuatl do México, Guaraní e Mbya Guaraní do Paraguai, Guna e Ngäbe do Panamá, Puruborá do Brasil, Chiquitano e Andina da Bolívia, Achuar e Huitoto-Muruy do Peru, Nasa, Inga, Tucano, Emberá Katío, Zenú e Pastos da Colômbia, Kichwa e Shuar da Amazônia equatoriana; respondendo ao chamado da Comissão Pastoral dos povos originários do Celam através de seu Centro de Programas e Redes de Ação Pastoral, dirigido por Mauricio López, gesto que apreciam e valorizam no documento.
O resultado disto é a avaliação, o pulso de como a Igreja está a enfrentar esta realidade e que, apelando ao método da conversa espiritual, permitiu levantar as tensões e divergências já existentes. Embora destaquem a participação no processo sinodal, consideram que ainda são insuficientes as possibilidades de integração ativa no processo.
“Sentimos uma grande alegria ao saber que muitos batizados participaram do processo sinodal, mas com muita dor também vemos que faltam maiores espaços de participação tanto na etapa das Igrejas particulares quanto na etapa continental”.
Reflexões que surgem à luz do Espírito Santo e da escuta de todos. Uma contribuição na qual eles confiam pode contribuir para o discernimento do processo sinodal. Também porque, desde sua condição de povos originários da América Latina e do Caribe, eles têm a certeza de que estão diante de uma prioridade que a Igreja deve atender para continuar dando testemunho do Evangelho no mundo.
Assim, os povos originários retomaram e atualizaram os desafios por região com suas respectivas linhas de ação e estabeleceram os processos de articulação que devem ser tecidos nas diferentes regiões (Amazônia, Cone Sul, Andina e Camexpa). Objetivo que alcançaram valendo-se dos materiais recebidos e da experiência de quem acompanhou a experiência do Encontro. Atividade que dentro da agenda fez uma memória do caminho percorrido e o acompanhamento do Celam aos processos pastorais que geraram insumos que tomam como referência para dar continuidade ao itinerário.
Dessa forma, os originários confiam que a comissão pode subsidiá-los para estimular e acompanhar esses processos , essa é uma de suas sugestões. Do ponto de vista da Comissão, os objetivos foram alcançados. No entanto, eles convidaram a não parar os esforços. “Pedimos aos responsáveis de cada Conferência Episcopal que dêem continuidade e acompanhamento nacional a este processo”, indicaram.
Encontro Sinodal dos Povos Originários. (Foto: Reprodução | Religión Digital)
Os resultados do trabalho realizado no Encontro Sinodal de Participação dos Povos Originários serão refletidos nas contribuições para o processo sinodal que, seguindo a norma, serão enviadas ao organismo encarregado da síntese da etapa continental do Sínodo no Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribe (Celam).
Processo do qual se destacam as articulações alcançadas desde o nível regional, a definição de prioridades e as linhas de ação que, além de constar de um documento, cada um levará para seus territórios no pensamento e no coração.
Os povos originários e a comissão do Celam encerram sua mensagem agradecendo o empenho dos participantes e a possibilidade de dar sua palavra, uma saudação que estendem aos párocos presentes, Cardeal José Luis Lacunza do Panamá, os bispos Geovanni Paz de Latacunga, Víctor Corral emérito de Riobamba, Eugenio Cóter de Pando, Bolívia e representante dos bispos amazônicos na Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA) em quem sentem o acompanhamento da Igreja e o eco da presença do Papa Francisco.
Da mesma forma à equipe de sacerdotes e missionários de Madre Laura que apoiaram fortemente o Encontro Sinodal de Participação dos Povos Originários, assim como aqueles que, sem serem indígenas, se uniram aos povos originários para caminhar à imagem do cireneu, carregando a cruz diária com eles.
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Encontro Sinodal dos Povos Originários alerta para a falta de apoio das estruturas eclesiais - Instituto Humanitas Unisinos - IHU