16 Dezembro 2022
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 15-12-2022.
Arturo Sosa, sj., durante o seu encontro com os Jesuitas | Foto: Jesuitas Global media
"Este caso, como outros, nos enche de espanto e dor, nos leva a compreender e sintonizar o sofrimento das pessoas envolvidas (...). O caso que veio a público na semana passada em relação ao Pe. Marko Rupnik é um bom exemplo do quanto ainda temos que aprender, principalmente sobre o sofrimento das pessoas." O general da Companhia de Jesus, Arturo Sosa, sj., reuniu-se ontem com vários jornalistas na sede da Cúria para fazer o balanço deste 2022 e, aliás, admitir erros no tratamento da investigação contra o artista jesuíta, acusado de abuso por pelo menos nove mulheres.
“Neste caso, Doutrina da Fé recebeu diretamente uma denúncia de abuso nas relações entre o P. Rupnik e adultos consagrados da Comunidade Loyola, na Eslovênia, enquanto ele realizava um trabalho pastoral relacionado ao ministério sacramental”, explicou Sosa. Alguns acontecimentos que, admitiu, “aconteceram no início dos anos 90 do século XX”.
"A DDF solicitou à Companhia de Jesus uma investigação preliminar. Recebida a informação e o despacho, foram tomadas as medidas cautelares proporcionais ao caso", voltou a explicar, esclarecendo que as denúncias recebidas "foram legalmente prescritas", mas comprometendo-se a "passar do nível legal para o de cuidar do sofrimento causado e curar as feridas abertas".
Sosa confirmou que Rupnik foi excomungado por ter confessado a uma mulher com quem teve relações sexuais, causa que chegou à Santa Sé como denúncia em 2019. Essa sentença já foi levantada pela Congregação para a Doutrina da Fé, uma vez que o o jesuíta esloveno cumpriu os requisitos para isso: reconhecer os fatos e mostrar arrependimento.
The JESUIT PILGRIMAGE application also presented #today by Father #General, Arturo Sossa at the #Press #Conference at the end of the year 2022 in #Rome pic.twitter.com/kQze6nB1FN
— Everyday Jesuits (@EverydayJesuits) December 14, 2022
"Manter em vigor as medidas restritivas do ministério do Pe. Rupnik é um dos elementos de um processo complexo que, sabemos, leva tempo e para o qual não há receitas pré-determinadas. Faz parte do aprendizado que estamos fazendo tentando não cometer erros", acrescentou Sosa, que não quis alongar-se no escândalo que, de forma alguma, parece ter terminado.
Ao longo da conversa, o líder jesuíta também se referiu ao mundo que está a emergir após a pandemia, e que “se apresenta mais desigual, com estruturas sociais que aumentam a injustiça , a viver importantes transformações geopolíticas e com um ambiente em processo de maior deterioração devido à decisões que não são tomadas ou são adiadas".
"Portanto, coloca-se a questão de saber se a humanidade perdeu a oportunidade de realizar as necessárias mudanças estruturais que permitam fechar as lacunas causadas por esta injustiça que gera a pobreza: fluxos de milhões de pessoas em busca de melhores condições de vida, formas crescentes de de violência e aumento da deterioração ambiental", destacou Sosa, que lembrou a guerra na Ucrânia e seu impacto em todo o mundo.
Around 30 journalists from various media houses participated in Fr General's yearly media reception
— Society of Jesus (@JesuitsGlobal) December 14, 2022
After the launch of the app 'Jesuit Pilgrimage' and the Jesuits yearbook 2023, Fr General addressed the journalists and took time to answer their questions. pic.twitter.com/7jd87ACMGG
"Os nossos irmãos jesuítas presentes no território têm participado ativamente no apoio ao povo ucraniano, sustentando a sua fé e ajudando os que se refugiam da guerra, venham de onde vierem. Todo o corpo da Companhia colaborou com a rede coordenada pelo Serviço Jesuíta de Refugiados na Europa, com sede em Bruxelas, num vasto plano de acolhimento, acompanhamento e apoio humanitário dentro e fora do território da Ucrânia”, disse Sosa, que não quis esquecer “outras guerras”, como Sudão do Sul, República Democrática do Congo, República Centro-Africana, Síria ou Afeganistão.
Ao mesmo tempo, Sosa denunciou o " incompreensível assassinato dos padres jesuítas Javier Campos (79 anos) e Joaquín Mora (80), juntamente com o guia turístico que se refugiou no templo, na Serra de la Tarahumara, no México, em junho deste ano", pedindo o fim da violência no México.
Noutra ordem de coisas, Sosa reivindicou “o papel da mulher no corpo apostólico da Companhia de Jesus”, assinalando a “imensa participação da mulher” na congregação, bem como “a necessidade de aprofundar essa participação”. A participação da Companhia no processo sinodal e os frutos do Ano Inaciano também foram abordados.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Arturo Sosa admite que Rupnik foi excomungado por confessar à vítima, embora a sentença já tenha sido suspensa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU