29 Novembro 2022
Aceitar e responder ao "urgente desafio de proteger nossa casa comum, um desafio que inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral". Com estas palavras da Laudato Sì', Dom Miguel Cabrejos iniciou sua mensagem no lançamento da Rede Eclesial do Gran Chaco e do Aquífero Guarani, que ele vê como motivo de alegria e esperança.
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
O presidente do Celam também se refere ao chamado de Jesus no Evangelho de Lucas: "Remem mar adentro e joguem suas redes para pescar", lembrando a resposta de Simão: "Mestre, trabalhamos toda a noite sem pescar nada, mas pela tua palavra eu lançarei as redes", o que leva a pescar "tantos peixes que as redes estavam prestes a quebrar".
Para o Arcebispo de Trujillo (Peru), estamos testemunhando a continuação do "caminho iniciado pelo Sínodo da Amazônia, e anuncia o nascimento de um novo sujeito eclesial territorial, que se propõe a escutar os povos que vivem nesses queridos territórios da América do Sul. E escutar simultaneamente o grito da terra, da água, das florestas e dos animais, que em sua enorme diversidade mostram a maravilha da Criação".
A partir daí ele vê a REGCHAG como "um hino de louvor, expresso no cuidado com as pessoas, suas comunidades e bens naturais, hoje desafiados por múltiplos processos que os excluem e danificam, às vezes de forma irreparável". Diante disto, em Laudato Sì', o Papa Francisco diz que é urgente "um novo diálogo sobre como estamos construindo o futuro do planeta", apelando à conversão.
"Sei que este encontro é fruto de um longo caminho de diálogo e discernimento, desenvolvida ao longo de mais de dois anos entre muitas pessoas, por isso suas bases são sólidas e foram construídas num espírito fraterno, sempre pedindo a presença do Espírito", disse Dom Cabrejos. Neste caminho, ele lembrou a participação de vários membros desta Rede na Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe e sua contribuição para a formulação de vários dos 41 desafios pastorais.
Em suas palavras, o presidente do Celam reconheceu o trabalho realizado no conhecimento dos territórios "reunindo o conhecimento científico, a sabedoria ancestral de nossos povos originários e de nossos povos crioulos, e o conhecimento religioso", algo que se reflete em Laudato Si quando diz que "uma ecologia integral requer abertura para categorias que transcendem a linguagem da matemática ou da biologia e nos conectam com a essência do que é humano".
Ao mesmo tempo, o arcebispo peruano chamou a lembrar "a imensa riqueza do processo de inculturação do Evangelho em nossas civilizações e culturas originárias, pois ali encontrarão abundantes subsídios para alimentar sua ação nos territórios". Uma afirmação que ilumina com as palavras de Fratelli tutti, onde o Papa Francisco adverte sobre "as novas formas de colonização cultural...povos que alienam suas tradições...toleram que suas almas sejam arrancadas, perdem, junto com sua fisionomia espiritual, sua consistência moral e, finalmente, sua independência ideológica, econômica e política".
Dom Miguel Cabrejos vê como "um forte sinal de futuro e esperança que eles escolheram a querida cidade de Santa Maria de la Asunción, mãe de comunidades e de novos povos e do processo de inculturação do Evangelho nos povos indígenas e camponeses do Gran Chaco e do Aquífero Guarani, para o lançamento da REGCHAG. E também que no final de sua troca de conversas e diálogos eles planejaram oferecê-los em oração à Nossa Mãe no Santuário de Nossa Senhora dos Milagres em Caacupé, padroeira do Paraguai e venerada em toda a região.
Uma Rede que "faz parte de um processo universal e permanente de nossa Igreja: ser cada vez mais o povo de Deus no caminho", afirma o presidente do Celam, referindo-se às palavras da Comunhão Episcopal onde o Papa Francisco chama a escutar a Deus e ao povo. Ele também elogiou "o compromisso que vocês assumiram como uma Rede para trabalhar pelos quatro sonhos que o Papa nos propôs na Querida Amazônia".
"Através destes sonhos e como síntese de suas grandes preocupações com a situação da humanidade e da natureza, o Papa Francisco expressou não apenas as espiritualidades dos povos da Amazônia, mas as da maioria dos povos do mundo e de quase todas as religiões e espiritualidades do planeta", insistiu Dom Cabrejos. Neles, "ele reuniu esses sonhos em suas muitas peregrinações pelo planeta e em seus constantes diálogos inter-religiosos. Com eles, ele propõe um mundo muito diferente daquele desenvolvido hoje pelos grandes estados e corporações que participam e se confrontam no sistema de poder global".
Finalmente, em relação ao sonho social, ele lembrou que "uma humanidade comprometida com os direitos dos mais pobres, dos povos originários, dos últimos, na qual sua voz é ouvida e sua dignidade é promovida". Com o sonho cultural, ele disse que "todos os habitantes do planeta, preservando a enorme riqueza cultural que expressa a beleza humana e a criatividade de tantas maneiras diferentes". Do sonho ecológico, ele pediu que "os povos de todas as culturas guardassem ciosamente a esmagadora beleza natural da terra e a vida transbordante de seus rios e suas florestas, seus desertos e seus mares, suas montanhas e suas planícies". E em relação ao sonho eclesial, que "todas as comunidades cristãs e as de outras religiões ou espiritualidades capazes de se doar e encarnar no mundo, a ponto de dar à humanidade novos rostos eclesiais".
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Dom Miguel Cabrejos: “REGCHAG, cuidado com as pessoas, suas comunidades e os bens naturais” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU