18 Novembro 2022
Na terça-feira, 15 de novembro, o Patriarca de Moscou e de toda a Rússia Kirill, durante um encontro na capital russa com o Catholicos-Patriarca da Igreja Assíria do Oriente, Mar Awa III, voltou a falar sobre a decisão da UE de proibi-lo de pisar no território da União Europeia e qualificou o gesto de "uma decisão sem precedentes", segundo o que relata o site do Patriarcado da Rússia.
A reportagem é publicada por Il Sismografo, 17-11-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
No início de junho, o sexto pacote de sanções contra a Rússia da União Europeia entrou em vigor. O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, afirmou que o patriarca Kirill foi sancionado no último momento.
“Recentemente, na Assembleia Geral do Conselho Mundial de Igrejas em Karlsruhe, falou o Presidente da República Federal da Alemanha Frank-Walter Steinmeier, que tentou pressionar a delegação de nossa Igreja e toda a Assembleia", disse Kirill recebendo o Catholicos.
"Trata-se de uma intervenção sem precedentes das autoridades seculares na vida das organizações eclesiásticas. Reagi com compreensão e gratidão pela posição da Assembleia do CMI, que não concordava com o Sr. Steinmeier. Ele não teve sucesso em influenciar a Assembleia e discriminar a Igreja Russa - e agora uma decisão sem precedentes foi tomada: não deixar o Patriarca entrar no território da União Europeia. Não era assim nem mesmo durante a Guerra Fria. Surge espontânea uma pergunta: por quê? Se eles estão certos e eu errado, me convidem para a televisão, conversem comigo, provem sua tese. Eles temem porque o direito está do nosso lado, não deles. Eles têm uma posição muito fraca – em geral, a posição de isolacionismo é sempre fraca. E estamos abertos à comunicação tanto com quem nos ama como com quem não nos ama”, afirmou o primaz da Igreja Russa.
De acordo com o Patriarca Ortodoxo Russo, algumas forças políticas do Ocidente, que assumiram uma posição antirrussa radical, estão intencionalmente tentando impedir as atividades do Patriarcado de Moscou internacionalmente para privá-lo do direito de se expressar e da possibilidade de testemunhar no mundo.
“Se o Ocidente está tentando limitar os contatos de nossa Igreja com parceiros ocidentais, então surge a questão de saber os motivos. Por quê? Durante a Guerra Fria havia menos acordo ainda entre os EUA e a União Soviética, mas os contatos não eram limitados, inclusive através de vínculos cristãos: nossas delegações iam aos EUA, os estadunidenses vinham aqui, discutíamos tanto temas teológicos quanto políticos. E agora esforços significativos estão sendo feitos para limitar a capacidade de nossa Igreja de dialogar com as Igrejas ocidentais. Hoje o quadro é completamente diferente”, afirmou finalmente o patriarca Kirill.
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Patriarca Kirill persona non grata na UE: “Nem mesmo durante a Guerra Fria” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU