18 Junho 2021
O dia 17 de junho é o Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca. Uma data convocada pelas Nações Unidas para celebrar a adoção da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD, na sigla em inglês) de 1994.
A reportagem é de Stefano Leszczynski, publicada em Vatican News, 17-06-2021. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O tema do Dia Mundial de Combate à Desertificação e Seca é um foco que chama a atenção para a recuperação dos solos degradados e que requer enormes investimentos financeiros dos Estados. Não há dúvida de que se trata de um setor crucial para salvaguardar a criação, mas é também um âmbito que aprofunda ainda mais o fosso das desigualdades entre países ricos e pobres. Não só pelas capacidades de investimento no combate ao fenômeno da desertificação, mas também pelas imponentes repercussões sobre os setores da saúde e da economia.
Basta pensar na importância do recurso hídrico no combate à difusão de doenças infecciosas ou da pandemia em curso. Esse tema também é central na Laudato si’, na qual a luta contra a pobreza e a desigualdade na distribuição das riquezas é abordada pelo Papa Francisco com extensas passagens sobre o uso do território e o acesso à água potável.
Não é apenas um problema ecológico, mas também antropológico, que, para as populações que vivem sem ou com pouco acesso à água, representa a negação do direito à vida.
Por ocasião do Dia Mundial contra a Desertificação de 2021, a organização não governamental ActionAid lançou uma campanha para a recuperação dos recursos hídricos em algumas das áreas mais vulneráveis do Quênia.
“O problema da desertificação – explica Katia Scannavelli, vice-secretária-geral da ActionAid – é global e afeta inúmeros países em todos os continentes. Em algumas das áreas mais pobres do mundo, no entanto, o impacto da seca e da desertificação não pode ser avaliado apenas em termos econômicos, como costuma ocorrer no Ocidente. Para muitas populações, trata-se de uma questão de vida ou morte.”
Estima-se que cerca de 1,4 milhão de pessoas, principalmente nas zonas áridas e semiáridas do país, sofrem de desnutrição aguda. Em um contexto socioeconômico já caracterizado por fortes fragilidades, a emergência sanitária afetou ainda mais a população, empurrando mais dois milhões de pessoas para baixo da linha da pobreza.
O Quênia é um daqueles países onde as mudanças climáticas têm feito sentir seus efeitos de forma devastadora, alternando períodos de seca prolongada e períodos de chuvas intensas, com deslizamentos de terra e inundações. Por fim, a carência de água potável impossibilita a implementação daquelas práticas mínimas de saneamento necessárias para combater a pandemia.
A agricultura italiana também enfrenta o problema da seca. Para a Coldiretti [Confederação Nacional de Cultivadores Diretos], é “o evento climático adverso mais relevante” com danos estimados em média em um bilhão de euros [seis bilhões de reais] por ano, sobretudo devido à quantidade e à qualidade das colheitas.
A Itália continua sendo um país chuvoso com cerca de 300 bilhões de metros cúbicos de água que caem anualmente, mas apenas 11% são retidos devido à falta de infraestruturas.
“Um luxo que não podemos nos permitir – explicam – em uma situação em que, com a emergência da Covid, a água é central para garantir o abastecimento alimentar em um cenário global de redução das trocas comerciais, de acumulação e de especulação, o que leva à corrida dos Estados individuais aos bens essenciais para assegurar a alimentação das populações.”
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Seca e desertificação: urgências para o mundo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU