11 Abril 2019
"As economias emergentes cresceram muito mais rápido que as economias avançadas nas últimas 4 décadas. O motor do crescimento mundial está localizado nas duas nações mais populosas do mundo – China e Índia – que também já foram as grandes potências do passado", escreve José Eustáquio Diniz Alves, doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE, em artigo publicado por EcoDebate, 10-04-2019.
Eis o artigo.
A mudança geoeconômica global
A União Europeia (com 28 Estados-membros: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Croácia, Chipre, República Checa, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Polônia, Portugal, Romênia, Reino Unido e Suécia), tinha 29,9% do PIB mundial em 1980 e caiu para 16,3% em 2018, ficando abaixo da participação da China (18,7%) e, consequentemente, abaixo da Chíndia, do RIC (Rússia, Índia e China) e do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Em 2023, a UE, com 14,8% em relação ao PIB global, deve representar a metade do tamanho da Chíndia (com 30,3%) e três vezes menor do que o G12.
Observa-se uma grande inversão do peso das economias avançadas em relação às economias emergentes nas últimas 4 décadas. Considerando as economias avançadas como sendo o G7 mais a “UE – 4” (UE menos a Alemanha, França, Reino Unido e Itália) e o G12 como as economias em desenvolvimento ou emergentes do grupo G20, nota-se que as primeiras (avançadas) representavam 61,7% do PIB global em 1980, quase 3 vezes superior aos 22% das economias emergentes (G12). No ano 2013, pela primeira vez, as economias emergentes ultrapassaram as economias avançadas e em 2018, elas já representavam 42,9% do PIB global, contra 36,9% das economias avançadas. A estimativa do FMI para 2023 indica o G7 + “UE – 4” com 33,5% e o G12 (economias emergentes do G20) com 46,7% do PIB global. Portanto, mudou a correlação de forças entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento.
Entre os países emergentes, o grande destaque é o grupo BRICS que no ano 2000 representava 18,7% do PIB global e era quase 3 vezes menor do que as economias avançadas com 52,8% do PIB global, conforme sintetizado na tabela abaixo. Contudo, mostrando a inversão geoeconômica global, o BRICS empatou com o G7 + “UE – 4” em 2018 e deve ficar com 35,9% do PIB global contra 33,5% das economias avançadas. Entre os 5 países do grupo BRICS o destaque é o subgrupo RIC (Rússia, Índia e China) que em 2023 deve empatar com o conjunto das economias avançadas, em torno de 33% do PIB global. E no subgrupo RIC, o destaque é a Chíndia (China + Índia) que até 2023 vai ultrapassar o peso do G7 na economia internacional. Evidentemente, entre todos os países, a nação que apresentou o crescimento mais rápido e o maior salto em termos de desenvolvimento socioeconômico é a China que já superou os EUA e também a União Europeia, sendo o país com o maior PIB do Planeta.
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A mudança geoeconômica global - Instituto Humanitas Unisinos - IHU