'Obsessão por índios deturpa Sínodo da Amazônia', diz bispo

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12 Setembro 2019

Voz crítica ao encontro convocado pelo papa Francisco, d. Azcona diz que Bolsonaro deve ser enfrentado pela Igreja se atentar contra a Amazônia.

O bispo emérito do Marajó (PA), d. José Luiz Azcona Hermoso, é uma das raras vozes críticas ao Sínodo da Amazônia na Igreja Católica. Aos 79 anos, com a autoridade de quem vive há mais de três décadas na ilha paraense, onde já foi atacado por um búfalo e ameaçado de morte por denunciar a exploração sexual de crianças, o clérigo espanhol afirma que a assembleia convocada pelo papa Francisco ignora a realidade ao dar protagonismo aos indígenas, o que pode tornar "supérfluo" o esforço da Igreja. “A tendência obsessiva por entender a Amazônia desde os povos indígenas como a única deturpa e faz inútil a celebração do Sínodo”, disse ele.

A entrevista é de Felipe Frazão, publicada por O Estado de S. Paulo, 11-09-2019.

Aposentado, d. Azcona não viajará a Roma, mas sugere que o Vaticano discuta a situação da vida urbana, dos negros e a penetração evangélica na região. Ele não é contra a realização do sínodo e defende o direito de a Igreja se posicionar contra a ordem política e a dominação econômica, sem que isso signifique uma ameaça à soberania nacional - preocupação que ele atribui aos militares da reserva no governo federal. "Se Bolsonaro atenta contra o bem da Amazônia, ele deve ser enfrentado", afirmou.

“O Instrumento Laboris (Documento de Trabalho, texto que orienta as discussões no Vaticano) ignora completamente a realidade da Amazônia, fazendo supérfluo o Sínodo da mesma. Os protagonistas são as etnias indígenas que no Brasil constituem uma minoria mínima, um pouco mais numerosa em outras nações em território amazônico. A tendência obsessiva por entender a Amazônia desde os povos indígenas como a única Amazônia deturpa e faz inútil a celebração do Sínodo”, avalia o bispo.

Analisando o Instrumento de Trabalho do Sínodo, o bispo emérito de Marajó, aponta que a revelação de Cristo é diluída. “No Instrumento de trabalho, Cristo é negado como Crucificado, quer dizer, é sequestrado no texto. Não somente porque não aparece uma só vez o nome glorioso de Crucificado. O mais grave é o fato de Ele ser silenciado por completo nas grandes questões como diálogo, culturas, etnias, escatologia, esperança. Por outro lado, o nivelamento entre Jesus Salvador e os outros interlocutores: Culturas, etnias, religiões, termina com o ser e a missão da Igreja. Ele rebaixa e nega a identidade de Cristo como Senhor e Salvador, Deus e homem. De fato, um insulto grave contra o nome de cristão”

“Ao mesmo tempo, e o dizemos com tristeza, - afirma no final da entrevista - um sinal alarmante do secularismo radical que grassa em alguns âmbitos da Igreja Católica. A agressão a Cristo, a sua anulação sumária, termina com a única esperança da Amazônia e de todos os seus povos, fechando assim de modo dramático e cego o acesso a uma verdadeira ecologia, à luz e sob o poder do evangelho para transformar as atitudes necessárias com relação a natureza, a ecologia, a casa comum.

A íntegra da entrevista pode ser lida aqui

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