Cardeais Burke e Brandmüller dizem que Sínodo da Amazônia desafia o depósito de fé

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06 Setembro 2019

Dois cardeais enviaram cartas aos colegas membros do Colégio dos Cardeais, levantando preocupações sobre o documento de trabalho para o próximo Sínodo dos Bispos sobre a região pan-amazônica.

A reportagem é da Catholic News Agency (CNA), 04-09-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

“Alguns pontos do Instrumentum laboris do Sínodo parecem não apenas dissonantes com relação aos autênticos ensinamentos da Igreja, mas até contrários a eles”, escreveu o cardeal Walter Brandmüller a seus colegas cardeais em uma carta de 28 de agosto obtida pela CNA.

“As formulações nebulosas do Instrumentum, assim como a proposta de criação de novos ministérios eclesiais para mulheres e, especialmente, a proposta de ordenação sacerdotal dos chamados viri probati suscitam fortes suspeitas de que até mesmo o celibato sacerdotal será posto em questão”, escreveu o cardeal.

Brandmüller disse que as lideranças do Sínodo pan-amazônico lhe despertaram preocupação com seus procedimentos.

“Apenas o fato de o cardeal (Claudio) Hummes ser o presidente do Sínodo e, portanto, exercer uma grave influência em um sentido negativo, é suficiente para se ter uma preocupação bem fundamentada e realista, tanto quanto no caso dos bispos (Erwin) Kräutler, (Franz-Josef) Overbeck etc.”

Hummes foi prefeito da Congregação para o Clero entre 2006 e 2010. Dom Kräutler, 80 anos, é o bispo emérito da Prelazia do Xingu, na Amazônia brasileira, e é um antigo defensor dos padres casados. Dom Overbeck, 55 anos, é o bispo de Essen. Overbeck é conhecido na Alemanha como um defensor do reexame dos ensinamentos da Igreja sobre a ordenação e a moral sexual.

Brandmüller, 90 anos, foi professor de história da Igreja por três décadas e presidente da Comissão Internacional de História Contemporânea da Igreja de 1998 a 2006. Foi criado cardeal em 2010, mas, aos 81 anos, ultrapassou o limite de idade para participar da eleição de um papa.

“Devemos enfrentar sérios desafios à integridade do Depósito da Fé, à estrutura sacramental e hierárquica da Igreja e à sua Tradição Apostólica. Com tudo isso, criou-se uma situação nunca antes vista na história da Igreja, nem mesmo durante a crise ariana dos séculos IV e V”, acrescentou Brandmüller.

Brandmüller disse que todos os cardeais devem considerar como reagirão a “quaisquer declarações ou decisões heréticas do Sínodo”.

“Eu espero, portanto, que Vossas Eminências, por sua parte, aproveitem essa oportunidade para corrigir, de acordo com os ensinamentos da Igreja, certos posicionamentos expressados no Instrumentum laboris do Sínodo pan-amazônico”, concluiu o cardeal.

Também no dia 28 de agosto, o cardeal Raymond Burke escreveu a seus colegas cardeais, dizendo-lhes que “compartilha completamente as profundas preocupações do cardeal Brandmüller sobre o próximo Sínodo da Amazônia, baseadas no seu Instrumentum laboris”.

Observando que o Instrumentum laboris do Sínodo “é um longo documento marcado por uma linguagem que não é clara em seu significado, especialmente no que diz respeito ao Depositum fidei”, Burke acrescentou que ele “contradiz o constante ensinamento da Igreja sobre a relação entre o mundo criado, Deus, o Criador incriado, e o homem, criado à imagem e semelhança de Deus para cooperar com ele como guardião do mundo criado”.

O cardeal Burke também afirma que o Instrumentum laboris “caracteriza o ensinamento referente à unicidade e universalidade da salvação trazida por Cristo vivo na Igreja como algo relativo a uma cultura particular e como algo emblemático do que eles chamam de ‘doutrinas petrificadas’ (n. 38)”.

No documento de trabalho do Sínodo, acrescentou Burke, “a verdade de que Deus se revelou plena e perfeitamente através do mistério da Encarnação do Redentor, o Filho de Deus, é obscurecida, senão negada”.

“O cardeal Brandmüller indicou em sua carta as sérias dificuldades referentes ao ministério ordenado e à perfeita continência do clero. Essas propostas, como indica o cardeal, atacam a ‘estrutura hierárquico-sacramental’ e a ‘Tradição Apostólica da Igreja’.”

As “proposições perturbadoras do Instrumentum laboris”, disse Burke, “pressagiam uma apostasia da fé católica”.

O Sínodo está programado para ocorrer em Roma, de 6 a 27 de outubro.

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