Os perigos do pensamento pós-moderno

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12 Dezembro 2018

"A ideia de um futuro baseado no iluminismo, com a transformação da sociedade ocidental pela razão e pelas ciências, falhou", escreve Jean-François Mattei, membro do Institut de France e da Academia Nacional de Medicina, em artigo publicado por La Croix International, 11-12-2018. A tradução é de Victor D. Thiesen.

Eis o artigo.

Após os horrores da Segunda Guerra Mundial, a humanidade questionou: "como os homens poderiam fazer aquilo a outros homens?"

Antigas escolas de pensamento foram reativadas e surgiram novas tentativas de tirar lições desta traição do homem pelo homem: niilismo, que viu o mundo como desprovido de todos os significados ou valores; existencialismo, com seus temas nauseantes e obsessão com o absurdo; e, a desconstrução de pontos de referência tradicionais, como corpo e espírito, masculino e feminino, homem e animal, e tantos outros.

Todas essas escolas de pensamento compõem o que é conhecido como "filosofia pós-moderna". Eles abandonam toda a referência a uma razão traiçoeira para guiar o mundo e confirmam que a humanidade entrou num período de distúrbios e falta de significado.

O passado, pendurado na tradição, está ultrapassado. A ideia de um futuro baseado no iluminismo, com a transformação da sociedade ocidental pela razão e pelas ciências, falhou.

E, então, vivemos o imperativo cultivar o presente e buscar o nosso bem-estar baseado num hedonismo libertário, uma lógica de não desperdicemos mais tempo para sermos felizes.

Esse tipo de individualismo reflete a fragmentação da sociedade em grupos e comunidades.

Com a desconstrução acelerada de valores e de pontos de referência tradicionais, como o estado, a religião ou a família, também chega ao fim modelos sociológicos conceituais, uma vez que atos individuais são dissociados de uma ordem comum.

Devemos ver nesta nova concepção da vida a ideia de que todos os desejos devem ser satisfeitos somente por serem tecnicamente possíveis? Por exemplo, desde que a reprodução assistida pode ser uma resposta ao desejo de mulheres que querem viver sozinhas ou em casais, por que se opor a ela?

Se seus os próprios óvulos podem ser conservados para uma concepção posterior, por que não o fazer? A análise genética é cada vez mais precisa, então por que não a usar para escolher as crianças que vão nascer? E daqui um tempo, por que não substituir genes “fracos” por genes mais "eficazes" e, assim, melhorar seu desempenho?

Recentes decisões jurídicas confirmam que é possível obter a paternidade independente do gênero e, já que as "mudanças do sexo" são possíveis, tem havido pedidos de "mudanças de idade" no registro civil.

Em outras palavras, uma busca em vão por coisas que poderiam dar sentido a uma vida fragmentada e que poderia criar ligações entre as partes. Será que o mundo, então, tem como seu único valor referencial a realização dos desejos do indivíduo?

Especialmente porque todos os valores e pontos de referência da humanidade foram desconstruídos pela filosofia pós-moderna, parece necessário reconstruir alguma coisa outra.

Reconstruir outra humanidade, radicalmente diferente, é justamente o desafio enfrentado pelo pós-humanismo.

Isto certamente diz respeito a uma forma de mitologia moderna, mas é inútil dar credibilidade à ideia. Em outras palavras, é realmente preciso entender o perigo das tentações do chamado pensamento pós-moderno.

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