Vítimas de abusos atacam o Vaticano: ainda há muita omissão

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12 Janeiro 2018

O tuíte de Marie Collins, a mulher irlandesa abusada por um padre quando tinha 13 anos, que se demitiu da Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores, reabre as polêmicas sobre a sua renovação. E fontes da Santa Sé antecipam que Francisco nomeará os novos membros durante a viagem ao Chile e ao Peru.

A reportagem é de Paolo Rodari, publicada no jornal La Repubblica, 11-01-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

“Qualquer pessoa que se preocupe com o trabalho da Comissão deveria se perguntar por que ninguém que tenha a autoridade para tanto não emitiu uma declaração sobre seu status atual e o de seus membros. Em vez disso, tudo o que tivemos é uma ‘fonte’ vaticana anônima falando com a imprensa.”

O tuíte, publicado na quarta-feira, 10 de janeiro, à noite, não é de uma pessoa qualquer. Mas sim de Marie Collins, a mulher irlandesa abusada por um padre quando tinha 13 anos, que se demitiu da Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores por causa das muitas omissões sobre a questão da pedofilia dentro da Santa Sé.

Collins acusa o Vaticano de não ter respondido a um tuíte anterior dela, no qual ela pediu contas diretamente ao Papa Francisco sobre o porquê ele fez expirar a comissão, instituída por ele em 2013, sem ainda ter procedido para renová-la e nomear novos membros.

“No momento, a comissão está apenas no papel, um nome vazio, porque, de fato, nenhum membro foi nomeado ainda”, escreveu ela em seu perfil social há alguns dias, esperando alguma resposta do Vaticano, que, ao contrário, não chegou. Até hoje, silêncio absoluto, exceto por algumas declarações feitas por fontes anônimas.

Em todo o caso, a nomeação dos novos membros não deve estar longe. Com toda a probabilidade, ela acontecerá durante a permanência do papa no Chile e no Peru, uma viagem na qual a questão do abuso de menores não será secundária.

A América do Sul, nestas horas, é abalada pela notícia de que Francisco interveio na sociedade de vida apostólica Sodalício da Vida Cristã após as pesadas acusações de abusos sexuais contra menores dirigidas contra o fundador, o leigo peruano Luis Fernando Figari. Um personagem discutido que, desde 2010, justamente por causa dos escândalos, deixou a América Latina e vive em Roma. Em 1971, Figari fundou no Peru o Sodalício de Vida Cristã, cuja aprovação chegou em 1997 por parte de São João Paulo II.

Embora a nomeação dos novos membros chegará em breve, a saída de Collins testemunha como a sua voz continua sendo dissonante com a Santa Sé. Recentemente, após a decisão de sepultar em Santa Maria Maior o cardeal Bernard Law, ex-arcebispo de Boston, acusado de ter encoberto durante anos os abusos cometidos por padres, contado depois no célebre filme Spotlight, as vítimas da pedofilia do clero estadunidense e, com eles Peter Saunders, outra vítima que deixou imediatamente a Comissão para a Proteção dos Menores na qual era membro, protestaram com veemência sem receber nenhuma resposta.

“Esse enterro é uma total falta de respeito por nós, vítimas”, disseram ao La Repubblica. E ainda: “Enterrar no coração da cristandade o cardeal Law, com tudo o que ele representa, depois de tê-lo levado até Roma como arcipreste, é uma afronta que fere a todos nós, vítimas”.

Quanto à notícia sobre a reconfirmação ainda não ocorrida da comissão vaticana, uma vítima italiana, Francesco Zanardi, que deu origem à associação Rete L’Abuso, também reagiu. Zanardi julga a comissão como útil apenas “para aliviar aquilo que, em 2014, teria sido o pesado relatório da comissão da ONU para a proteção da criança, à qual a Santa Sé deveria ter respondido no dia 1º de setembro passado”.

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